Entre agosto e setembro de 2022, a Proteção Animal Mundial visitou o estado de Mato Grosso, no Brasil, para realizar o monitoramento de campo dos incêndios, avaliar o impacto sobre os animais selvagens e procurar oportunidades de resgate, trabalhando em colaboração com o GRAD para aumentar a capacidade de resgate de animais selvagens afetados pelos incêndios. Na foto, incêndios florestais no município de SINOP

COP 28: Proteção Animal Mundial defende a implantação da moratória da pecuária industrial para combater os gases do efeito estufa

Comunicado de imprensa

Para a ONG, o agronegócio compromete seriamente a meta do governo brasileiro de zerar o desmatamento até 2030 e de cumprir os acordos climáticos internacionais

O impacto da produção dos sistemas alimentares no clima será um dos temas de destaque durante a COP 28, que será realizada de 30 de novembro a 12 de dezembro, em Dubai.  Representantes da Proteção Animal Mundial vão pedir às autoridades presentes a imposição de uma moratória de dez anos para a pecuária industrial, impedindo temporariamente a expansão dessa atividade e a paralisação da criação de novas fazendas industriais.  

“Os sistemas alimentares no Brasil representam 74% das emissões de gases de efeito estufa no país, segundo um estudo recente do Observatório do Clima.  É importante lembrar que a pecuária industrial é o setor que mais impacta nesse resultado, principalmente por conta do desmatamento que a atividade causa em território brasileiro. Os danos dessa atividade ao clima incluem ainda as emissões do próprio rebanho, que em outros países é uma parcela muito significativa, fazendo da pecuária industrial uma das grandes contribuintes para o aquecimento global”, afirma Marina Lacôrte, gerente de sistemas alimentares na Proteção Animal Mundial. 

Marina explica ainda que uma prática que causa danos irreparáveis ao meio ambiente é a chamada “lavagem de grãos”. Para burlar a legislação, agricultores tem destinado terras que deveriam ser preservadas, segundo o Código Florestal, para o plantio de grãos como milho e soja. Esses grãos são direcionados para as fábricas de ração, onde se misturam com outros cultivados legalmente, causando a contaminação de toda a cadeia.Posteriormente, essa ração é comprada pelos grandes frigoríficos. 

Por tudo isso, o agronegócio compromete seriamente a meta do governo brasileiro de zerar o desmatamento até 2030 e de cumprir os acordos climáticos internacionais. As gigantes do setor deveriam se responsabilizar por toda sua cadeia de produção, desde os grãos. Mas, pelo contrário, fecham os olhos para a origem desse insumo tão importante para o seu negócio. É obrigação dos frigoríficos, que tanto falam sobre iniciativas de compromisso com o meio ambiente, não comprar ração contaminada por grãos de origem suspeita ou não devidamente comprovada”, alerta Marina. 

Ligação do bem-estar animal com o clima  

O plantio de soja para produção de ração promove o desmatamento em biomas importantíssimos como o Cerrado e a Amazônia, impactando o habitat da vida silvestre. 

“Sempre que um animal silvestre morre, parte do bioma que ele habita morre junto. Isso porque a vida silvestre desempenha um papel estratégico na manutenção e no equilíbrio das florestas e vegetação nativa por meio de ações como a dispersão de sementes, polinização, predação, entre outros. A soja que vem devastando a vida silvestre é direcionada, principalmente, para compor a ração de porcos, galinhas e bois, animais que levam uma vida miserável e são tratados como meras mercadorias” argumenta Marina. “Os animais de granja e fazenda são seres vivos que sentem e merecem uma vida digna, algo impossível de se ter na pecuária industrial. Por isso, o bem-estar animal também é um indicador de sistemas mais sustentáveis, mais justos e que contribuem muito menos para as mudanças climáticas”, complementa Marina. 

 A Proteção Animal Mundial defende ainda que os governos parem de dar subsídios cada vez maiores às atividades do setor do agronegócio, como crédito rural, isenção fiscal e outros mecanismos e que esses sejam destinados em maior volume para as produções em menor escala e para agricultura familiar.  

 “Se a agricultura industrial fosse realmente eficiente não deveríamos ter mais de 20 milhões de pessoas passando fome no país às custas de muitos incentivos do governo. Boa parte da proteína produzida nem fica no Brasil. Por isso, os governos devem subsidiar a agricultura familiar e a agroecologia, sistemas com potencial de alimentar de verdade as pessoas, de garantir o bem-estar animal e de produzir em muito mais harmonia com a natureza”, defende Marina.  

Agenda da Proteção Animal Mundial na COP28 

Dia: 02/12  

Horário: 16h45 às 18h15 (horário de Dubai)/ 9h45 às 11h15 (horário do Brasil) 

Local: Blue Zone 

Tema: Lançamento de relatório da Proteção Animal Mundial sobre o impacto da pecuária industrial no clima 

Participantes: 

  • Sulaimon Arigbabu, Secretário-executivo do HEDA Resource Centre  
  • Nnimmo Bassey, Diretor do Health of Mother Earth Foundation  
  • Lamine Diatta, Negociador para Agricultura do Senegal 
  • Kelly Dent, Diretora Global de Programas de Engajamento na Proteção Animal Mundial 

Link do evento: https://www.youtube.com/watch?v=FDBBlfzCyto 

Dia: 04/12  

Horário: 15h15 às 16h (horário de Dubai)/ 8h15 às 9h (horário do Brasil) 

Local: Pavilhão Food4climate 

Tema: Redução do desmatamento e da agricultura industrial – uma situação em que o clima vence 

Participantes: 

  • Rodrigo Agostinho, Presidente do IBAMA  
  • Glenn Hurowitz, fundador da Mighty Earth (ONG) 
  • Sra. Edel Morais, Secretaria dos Povos Tradicionais 
  • Natália Figueiredo – Gerente de Relações Governamentais da Proteção Animal Mundial 

Link do evento: https://us06web.zoom.us/s/81111059046?pwd=Tlk1RXJEdVNtQWRUdHFPbStsOE5xdz09. 

Dia: 09/12  

Horário: 14h às 14h45h (horário de Dubai) / 7h às 7h45 (horário do Brasil) 

Local: Pavilhão Food4climate  

Tema: Distanciamento da pecuária industrial para o cumprimento do Acordo de Paris e as metas de desenvolvimento sustentável 

Participantes: 

  • Sena Alouka, Negociador para Agricultura do Togo 
  • Sune Kirkegaard Rotne Representante do Ministério do Clima na Dinamarca 
  • Mia MacDonald, Diretora-executiva Executive do Brighter Green  
  • Angel Flores, Gerente Internacional de Relações Governamentais da Proteção Animal Mundial 

Link do evento: 

https://us06web.zoom.us/s/86388416149?pwd=ODBXQlZTTTVPQUpZMFkwV0pPSlZHUT09 

Dia: 10/12  

Horário: 10h às 10h45 (horário de Dubai)/ 3h às 3h45 (horário do Brasil) 

Local: Pavilhão Food4climate 

Tema: Desempacotando a Declaração dos Emirados: A Pecuária Industrial é uma Culpada Climática Negligenciada? 

Participantes: 

  • Mark Driscoll, Fundador e diretor da Tasting the Future  
  • Dr. Helen Harwatt, Pesquisadora da Chatham House 
  • Kaltham Ali Kayaf, Diretora de Desenvolvimento Animal & e Departamento de Saúde,  Ministra de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas nos Emirados Árabes Unidos 
  • Sena Alouka, Negociador para Agricultura do Togo    
  • Kelly Dent, Diretora Global de Programas de Engajamento na Proteção Animal Mundial 
  • James Royston, Chefe Global de Relações Governamentais na Proteção Animal Mundial 

 Link do evento: 

https://us06web.zoom.us/s/88370305447?pwd=K0hUYXg0SWE5SmZqQmQ3cXA1OUU1dz09 

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