Você pode ser (ou não) o responsável pelo sofrimento de animais na Amazônia

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Neste Dia da Amazônia, te convido a fazer uma reflexão sobre a sua relação com os animais desse rico bioma

Como biólogo – e costumo dizer que a Biologia não está presente apenas na minha carreira, mas na minha essência –, procuro analisar as situações que observo sempre buscando um equilíbrio entre todos os elementos envolvidos, ou seja, a fauna, a flora, o ambiente e a relação estabelecida conosco, seres humanos.

Não há como fugir. Estamos em uma relação intrínseca com tudo o que nos rodeia e habita o mundo. Porém, somos os que mais contribuem para o desequilíbrio dessa relação.

Recentemente, testemunhei um triste exemplo do impacto desse desequilíbrio em Manaus, Amazonas.

Um dos principais atrativos turísticos da cidade é o nado com os botos cor-de-rosa. A forma como essa atividade é conduzida e praticada é assustadora, insustentável e cruel com os animais.

Cerca de 90 turistas são desovados em uma pequena plataforma nos igarapés do Rio Negro. Os turistas descem em ritmo acelerado, pés batendo na plataforma flutuante, vozes exaltadas na ansiedade de ver, tocar e tirar selfies com aqueles animais tão magníficos.

Em grupos de 10, os turistas entram na água enquanto um “facilitador” atrai os botos com uma isca. Os animais se embrenham entre as pernas das pessoas para conseguir entrar no meio do grupo e chegar até a comida.

Os botos se comunicam por frequências sonoras muito sensíveis, então o ruído da plataforma e dos turistas pode causar um desconforto imensurável. Além disso, como seres sencientes, sentem dor, estresse e frustração.

Não bastasse o problema de condicionar os animais com alimento e provocar brigas entre eles por competição, as pessoas também se comportam de forma inadequada, desrespeitando a pouca orientação de, pelo menos, manterem-se em silêncio e não tocarem nos animais.

O que há de equilibrado nisso? Nada. Por que precisamos tocar, tirar selfies e fazer um animal se comportar de forma não natural?

Animais silvestres não são entretenimento.

Botos são animais tão simpáticos e curiosos e observá-los livres na natureza, à distância, é uma experiencia incomparável.

É possível fazer um turismo ético, sustentável e que respeite os animais. Ser um turista responsável, que não participa de atividades que exploram os animais, é essencial para que uma mudança profunda aconteça na indústria do turismo. Menos demanda por atrações desse tipo significam menos animais em sofrimento.

Neste Dia da Amazônia, te convido a se juntar a nós para proteger milhares de animais usados pelo turismo de entretenimento. Se você ainda não assinou nosso Código da Selfie, faça isso.

Você também pode baixar nosso guia de turismo responsável aqui.  

Um grande abraço e até a próxima!