Ursa resgatada no Nepal morre ao ser secretamente enviada para zoológico

15/03/2018

Estamos devastados em saber que os ursos “dançarinos” que ajudamos a resgatar no Nepal foram encaminhados para um zoológico, onde Sridevi morreu. Exigimos que o governo explique por que os ursos foram para lá e que garanta a proteção de Rangila, o urso sobrevivente.

"Tínhamos esperança de que ela vivesse o resto da sua vida em uma ambiente natural, livre de sofrimento"

Os dois últimos ursos dançarinos do Nepal  foram resgatados em condições precárias, vítimas de um mercado cruel que os explorava para entretenimento das pessoas.

Ajudamos a resgatar Sridevi e Rangila no fim do ano passado:

O objetivo era que, depois de uma vida cheia de sofrimento, esses ursos fossem encaminhados para um santuário especializado, na Índia, onde poderiam viver o resto de seus anos felizes e com altos padrões de bem-estar – uma oportunidade que jamais deveria ter sido tirada desses animais.

Os ursos resgatados, Rangila e Sridevi, foram secretamente levados para o Zoológico Central de Jawalakhel, após uma autorização do Departamento de Parques Nacionais e Conservação de Vida Silvestre do Nepal. A ursa, Sridevi, morreu aos cuidados do zoológico – que já havia sido criticado por manter os animais em péssimas condições. As causas de sua morte não foram divulgadas. 

“Estamos muito frustrados com o que houve com Sridevi, queremos que as autoridades governamentais providenciem, com urgência e segurança, o transporte de Rangila para o santuário na Índia”, declarou Neil D’Cruze, Consultor Sênior de Vida Silvestre da Proteção Animal Mundial.

Condições inaceitáveis para um urso

Surpreendentemente, o governo se diz “satisfeito” com as condições em que o zoológico mantem o urso sobrevivente. Mas os vídeos que recebemos de Rangila no Zoológico de Jawalakhel provam que ele não está bem. 

Rangila atrás das grades no Zoológico Central de Jawalakhel

Nas imagens, Rangila está andando para frente e para trás e balançando a cabeça compulsivamente – sinais claros de estresse e trauma psicológico.

Rangila está muito longe da vida maravilhosa que estava destinado a ter no santuário da Índia.

"O santuário em Agra, que estava preparado para receber os ursos, tem veterinários, cuidadores e é uma instalação onde os ursos são trazidos para viverem bem e serem protegidos pelo resto de suas vidas", disse Manoj Gautam, do Instituto Jane Goodall do Nepal, organização que nos apoiou no resgate.

Os ursos-preguiça estão listados na CITES I (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção), o que requer burocracia específica para que sejam mandados para Índia, incluindo uma licença de exportação e importação de ambas as nações para que o urso possa atravessar a fronteira.

Esse procedimento já foi feito uma vez, há cerca de 10 anos, com um outro urso dançarino do Nepal. Portanto, sabemos que há precedentes para que a operação seja realizada.

Nepal precisa proteger o Rangila

Junto ao Instituto Jane Goodall Nepal, estamos em contato com o Departamento de Parques Nacionais e Consevação da Vida Silvestre do Nepal, que nos informaram que a documentação seria solicitada ao Ministério das Florestas e Conservação do Solo para transferir Rangila para o santuário de ursos, na Índia.

Rangila em uma jaula no Zoológico Central de Jawalakhel

No entanto, estamos preocupados que esse processo seja dificultado pelas recentes eleições no Nepal, que deixaram vagas algumas posições e cargos-chave no Ministério.

Como não há prazo definido para essas nomeações, estamos apelando para as autoridades competentes no Nepal e na Índia para garantir que a documentação necessária seja providenciada imediatamente. Vamos lutar para que Rangila possa atravessar a fronteira e chegar ao santuário, um lugar mais adequado para cuidar dele.

Não podemos permitir que Rangila sofra o mesmo destino que Sridevi. O governo do Nepal precisa agir já e garantir sua segurança.