Cobra queimada em uma área que pegou fogo na Amazônia

Grandes bancos financiam a crueldade animal, destruição de habitats e perda de vida selvagem na Amazônia

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Dez principais bancos europeus investem em empresas com alto risco de serem associadas ao desmatamento na Amazônia e no Cerrado

Com o objetivo de garantir que critérios de bem-estar animal sejam priorizados em linhas de financiamento, a Proteção Animal Mundial está envolvida em diversas iniciativas que alertam sobre como os bancos podem melhorar a vida de milhões de animais.

Internacionalmente, lançamos o “Relatório da Amazônia: Big meat. Big buck. Bigger harm” que aponta que os dez principais bancos europeus investem em empresas com alto risco de serem associadas ao desmatamento na Amazônia e no Cerrado, por conta da produção de gado e de plantações de soja – que são destinadas à produção de ração.

Bancos como ABN AMRO e Rabobank, na Holanda, e Standard Charterd, no Reiro Unido, estão financiando empresas ligadas às cadeias de abastecimento de gado e soja em regiões de alto desmatamento.

Nosso relatório indica que até 98 bilhões de dólares foram investidos desde 2015 – o que significa que os consumidores estão, inconscientemente, alimentando essas práticas antiéticas e com altas emissões de carbono por meio de suas economias e rendimentos.

Cattle grazing in the outskirts of Rio Branco, Acre, Brazil - World Animal Protection - Animals in farming

Amazônia em chamas para as áreas desmatadas serem exploradas pela agropecuária

Uma ameaça aos animais silvestres

Antes de ser exportada para alimentar animais que são criados em sistemas industriais intensivos, a soja é plantada em grandes áreas de habitats destruídos – completando o ciclo de crueldade.

E quem sofre com isso são os milhões de animais da Amazônia, que perdem seu habitat natural.

Infelizmente, pelo menos uma área do tamanho de um campos de futebol é desmatada a cada minuto para usos agrícolas. E as instituições financeiras podem estar ligadas a esse desmatamento, que muitas vezes é realizado de forma ilegal e não regulamentada.

Incentivando a criação industrial intensiva

Atualmente, mais de 70 bilhões de animais são criados para alimentação por ano – sendo que dois terços são criados em sistemas industriais intensivos, em condições que lhes impossibilitam mover-se livremente  ou viver de maneira naturalmente.

O gado que, em muitos casos, é mantido em terras desmatadas, frequentemente é levado para o abate em condições inadequadas. Os animais enfrentam superlotação, calor, falta de água e comida e, muitas vezes, são transportados por quilômetros por estradas de terra para serem abatidos.

Além do longo transporte terrestre, muitos animais ainda são comercializados e transportados vivos para outros países, como Líbano, Turquia e Egito. Nesses casos, o tempo de transporte dura mais de 3 semanas, gerando enorme sofrimento.

Esses animais são tratados como meras mercadorias, sem sequer ter suas necessidades básicas atendidas.  

Cattle grazing in the outskirts of Rio Branco, Acre, Brazil - World Animal Protection - Animals in farming

Animais pastando em uma área de Rio Branco, no Acre

Essa realidade pode mudar

No Brasil, recentemente integramos a coalizão do Guia dos Bancos Responsáveis, liderado pelo IDEC, a fim de colocar o critério de bem-estar animal como um tema independente na avaliação de políticas em 2022.

Nosso objetivo é oferecer aos consumidores um panorama sobre o que os bancos fazem com seu dinheiro e que tipo de empresas financiam.

“Um ponto positivo é que já identificamos que os bancos e investidores estão interessados em aprender sobre nossos padrões, visto que focar no bem-estar animal pode trazer benefícios econômicos, produtivos e, principalmente, reputacionais – pois essa é uma preocupação crescente na nossa sociedade”, comenta José Rodolfo Ciocca, nosso gerente de campanhas de animais de fazenda.

Em países como a Holanda e Suécia, onde a Proteção Animal Mundial já é aliada à coalizão do Fair Finance Guide International, o bem-estar animal já é avaliado de forma mais eficaz e o trabalho já trouxe mudanças por parte dos bancos.

Em 2018, por exemplo, o Rabobank incluiu de maneira mais clara em sua política de sustentabilidade quatro compromissos específicos para diferentes espécies e sistemas de produção. Dentre as iniciativas, o banco se comprometeu a trabalhar com seus clientes para fazerem a transição para sistemas livres de gaiolas para galinhas poedeiras, bem como o alojamento de porcas gestantes em grupo e não mais em gaiolas.

Para 2022, trabalharemos para que as instituições financeiras do Brasil façam uma revisão de suas políticas corporativas de sustentabilidade e/ou insiram critérios e indicadores de bem-estar animal.