An elephant at Changchill, a higher welfare elephant venue

Organização Mundial de Turismo é pressionada a acabar com a exploração de animais silvestres

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Carta enviada ao órgão exige que os animais não sejam esquecidos nos planos de reconstrução do setor turístico

Em parceria com mais de 150 organizações em todo o mundo, enviamos uma carta aberta à Organização Mundial do Turismo (OMT) exigindo que a instituição e seu Comitê de Crise para o Turismo Global garantam que os animais silvestres não sejam explorados para entretenimento em atrações turísticas.

Entre as organizações brasileiras que assinaram a carta estão a Aliança Pró Biodiversidade, o Instituto Arara Azul e a Freeland Brasil, além de empresas e associações de turismo como Gondwana Brasil, Intrepid Travel, Inverted America, Vivejar e o Coletivo Muda!.

A OTM é a agência da Organização das Nações Unidas responsável pela promoção do turismo sustentável e consciente. A medida em que o mundo se recupera da pandemia de COVID-19, o órgão propôs um conjunto de 23 recomendações para a reconstrução do setor turístico, um dos mais afetados pela crise. Infelizmente, nenhuma delas inclui a proteção da vida selvagem.

“Com a pandemia, ficou evidente a relação entre a exploração comercial de animais silvestres e os riscos para a saúde humana, economia e os níveis de emprego. O contato próximo e desnecessário entre humanos e esses animais aumenta as chances de transmissão de zoonoses, o que pode ter efeitos catastróficos e devastadores, como o que estamos vivendo agora”, explica João Almeida, nosso gerente de campanhas de vida silvestre.

As atrações turísticas que oferecem interações com animais silvestres são responsáveis por quase 40% de todo o turismo globalmente. Muitas delas dependem da manutenção desses animais em cativeiro para serem manuseados, usados como acessórios para fotos, montados ou explorados em shows.

Por conta da conexão entre a exploração da fauna silvestre e as doenças infecciosas emergentes (como a COVID-19), eliminar gradualmente essas interações deve ser um ponto-chave na restauração de uma indústria do turismo ética e resiliente.

Os animais sofrem em todas as etapas

Espetáculos de golfinhos, passeios de elefante e abraços e selfies com preguiças, araras e tigres são alguns exemplos de interações com a vida silvestre em cativeiro. Nos locais, os animais são mantidos em condições desumanas - na maioria das vezes, são confinados e acorrentados - e sofrem abusos físicos e psicológicos durante toda a vida.

Estima-se que até 550 mil animais silvestres sejam mantidos em cativeiro para serem explorados pela indústria de turismo.

Esse comércio, que movimenta bilhões de dólares todos os anos, retira animais de seus ambientes naturais – estimulando o comércio ilegal e legal e ameaçando a biodiversidade. Ele também  impulsiona a criação em cativeiro para fins meramente comerciais, expondo-os à crueldade e ao estresse permanentes, com animais imunodeprimidos em um ambiente favorável ao surgimento e proliferação de novas bactérias e vírus, como o novo coronavírus.

As necessidades complexas dos animais silvestres, sejam eles criados em cativeiro ou capturados na natureza, só podem ser totalmente atendidas em seu habitat natural, onde eles realmente pertencem.

Several wild dolphins swimming in the ocean - photo by Adrien Aletti

Golfinhos nadam livres no oceano. Foto: Adrien Aletti

Construindo um futuro melhor

A carta para OMT é uma das ações de nossa campanha global que pede aos líderes do G20 que trabalhem pelo fim permanente do comércio de animais silvestres. Mudar o turismo com vida silvestre é vital para que isso aconteça.

Precisamos fazer uma mudança para proteger os animais, as pessoas e o planeta.

Você pode ajudar assinando nossa petição:

 

O contato próximo e desnecessário entre humanos e esses animais aumenta as chances de transmissão de zoonoses, o que pode ter efeitos catastróficos e devastadores