Dolphin in captivity - World Animal Protection - Wildlife. Not entertainers

60% dos turistas reconhecem os riscos do entretenimento com animais silvestres

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Realizada entre agosto e setembro de 2020, pesquisa mostra os perfis e percepções de brasileiros

Um estudo encomendado à Hello Research mostra que mais de 60% dos turistas brasileiros que frequentam atrações turísticas com animais tem conhecimento sobre a transmissão de doenças por contato com os silvestres, mas nem todos se envolveriam em medidas de combate a esse comércio.

Desenvolvido como parte da campanha #MeDeixaSerSelvagem, o estudo analisou, entre agosto e setembro deste ano, os perfis e percepções de turistas brasileiros que em 2019 e 2020 viajaram ou tem intenção de nos próximos três anos viajar para destinos com delfinários - parques e atrações destinados à exibição de golfinhos e outros mamíferos marinhos.

Ao analisar o conhecimento destes turistas sobre os riscos aos seres humanos de interações com animais silvestres, 56% dos entrevistados afirmam que acreditam totalmente sobre o risco de transmissão de doenças no contato do ser humano com animais selvagens, seguidos por 42% que acreditam parcialmente, e 1% que não acredita e/ou não sabe. Ao serem questionados sobre a participação em atrações com animais selvagens, a maior parte dos respondentes disse que participaria mesmo com risco de transmissão, mas com restrições.

Ao considerar os participantes, 30% disse que procurariam se informar para saber o risco real de participar ou não de uma atração com esses animais; 23% participariam de uma atração, mas tomaria alguns cuidados para se preservar, como manter uma distância segura, por exemplo. Já 6% afirmaram que não tomaria nenhuma precaução ao participar.

Gráfico sobre as respostas para a pergunta "Se existir o risco de transmissão de alguma doença de um animal silvestre para o ser humano, mesmo que esse risco seja muito baixo, você diria que:"

Para João Almeida, gerente de vida silvestres da Proteção Animal Mundial, mesmo com o conhecimento dos turistas sobre os riscos do contato humano com animais silvestres, os dados mostram que falta conscientização e aplicação do conhecimento existente por parte da população, assim como leis e maior fiscalização do governo.

“Além de gerar um enorme sofrimento a milhares de animais em todo o mundo, o comércio e a exploração dessas espécies pelas indústrias do turismo e entretenimento favorecem as contaminações por zoonoses e ameaçam a saúde da população. A pandemia da Covid-19, cujo vírus saltou de animais silvestres explorados para fins de alimentação, é o melhor exemplo disso, e nós precisamos aprender com a situação atual se quisermos evitar futuras pandemias. Para se ter uma ideia, nos últimos 30 anos, cerca de 70% de todas as doenças transmitidas de animais para humanos tiveram origem nos animais selvagens", afirma João Almeida.

Apoio ao combate de compra e venda de animais selvagens

Ainda segundo dados da pesquisa, ao serem questionados sobre as medidas já criadas pelo governo brasileiro, 69% dos turistas brasileiros entrevistados apontaram que apoiariam um ‘Melhor rastreamento e monitoramento do comércio de vida silvestre no Brasil’, seguido porLeis mais fortes para reduzir o comércio de animais silvestres no país’ (65%); ‘Mais investimento nas fiscalizações de fronteiras’ (64%), e ‘Protocolos sanitários mais rigorosos para o comércio de animais silvestres no Brasil’ (47%).

21 de novembro: Dia de Combate ao Comércio Mundial de Animais Silvestres

No dia 21 de novembro deste ano, os líderes das vinte maiores economias do mundo vão se reunir no encontro anual do G20 para discutir ações que visam mudar o planeta nos próximos anos.

Este dia vai marcar o Dia de Combate ao Comércio Mundial de Animais Silvestres, criado pela Proteção Animal Mundial com o objetivo de pautar a conversa dos líderes mundiais em torno do assunto e, a partir daí, os governos, incluindo o brasileiro, tomarem medidas mais sérias para o fim deste comércio que coloca a vida humana em risco.