Sangui dentro de uma gaiola, com um dos braço pra fora, segurando o dedo de uma pesoa

4 motivos para não ter um sagui como animal de estimação

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Quando criado em ambiente doméstico, o sagui pode sofrer estresse crônico

Com seu jeito brincalhão, o sagui é um pequeno macaco que encanta adultos e crianças – não por acaso, muita gente decide criá-lo como animal de estimação. Para se ter uma ideia, em uma única apreensão do tráfico, mais de 50 filhotes de sagui que seriam comercializados como animais de estimação foram resgatados

Mas criar um macaco não é algo simples (e nem recomendado).

Para começo de conversa, o sagui é um animal silvestre e não é adaptado ao ambiente doméstico, diferentemente do gato e do cachorro, que evoluíram por séculos até estarem aptos a viver com os humanos. Ou seja, por mais dedicado que o tutor seja, o macaco nunca terá todas as suas necessidades plenamente atendidas no quintal de uma casa.

Veja 4 motivos para não ter um sagui de estimação:

1. Ele precisa de seus companheiros de espécie

Os saguis têm uma alta capacidade cognitiva e precisa de outros da sua espécie por perto para aprender com eles. Por isso eles vivem em bando e se beneficiam do contato com seus pares o que, obviamente, não acontece em ambiente doméstico, onde ele tem companhia apenas de humanos por algumas horas.

Sagui comendo um inseto, em cima de um galho de árvore

Saguis precisam conviver em bando para aprender com outros da sua espécie. (Foto: Luiz M. Rocha/VisualHunt)

Você já deve ter visto um macaco pegando uma vassoura para varrer o chão, por exemplo. Esse é um hábito que ele aprende por imitação e que, mais do que uma “macaquice” engraçada, é um comportamento estereotipado (algo que não aconteceria na natureza).

2. Saguis se tornam agressivos na vida adulta

Por mais amistoso que seja, quando o macaco atinge a maturidade sexual (por volta dos dois anos de idade), ele fica mais agressivo, principalmente se for macho. Isso acontece por causa de sua necessidade de manter a hierarquia no bando.

Ao viver longe do seu habitat natural e não ter todas as suas necessidades atendidas, o animal acaba vivendo estressado – o que pode deixá-lo ainda mais agressivoCriado como animal de estimação, ele ainda direciona esse comportamento aos humanos, com mordidas e agressões.

3. Macacos podem transmitir doenças como a raiva

Dentre as doenças que o sagui pode ter e transmitir estão a raiva, verminoses, enterites, ectoparasitos e pneumonia, por exemplo. 

Quando vivem estressados, eles ficam ainda mais vulneráveis a contrair e transmitir doenças aos humanos incluindo enfermidades que o animal não encontraria na natureza.

Além disso, o sagui pode trazer doenças que estão presentes apenas na natureza para centros urbanos.

4. Saguis comem muito e têm uma alimentação variada

Ao contrário do que muita gente pensa, os saguis não comem apenas bananas e frutas. Na verdade, se o animal comer apenas frutas pode acabar desnutrido.

Sagui comendo um inseto, em cima de um galho de árvore

Além de comer muito, o sagui precisa ter uma alimentação variada. (Foto: Bart vanDorp/VisualHunt)

Isso porque o macaco é um animal onívoro e de metabolismo rápido, que come muito e na natureza também consome insetos e grãos.

Saguis são animais silvestres

Dito isso, você quer ver um macaco feliz fazendo “macaquice”? Então observe-o na natureza, filme e tire fotos (de longe!).

Ele é um animal silvestre e deve permanecer em seu habitat natural. Nunca compre um silvestre para ser animal de estimação.

Junte-se a nós para salvar nossa fauna

Assine o manifesto em defesa da vida silvestre.

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Manifesto “Em defesa da Vida Silvestre”

“Defaunação, não! Refaunação, já!”

Este é um pedido para colocarmos fim à defaunação no Brasil.


Pedimos licença para falar pelos animais silvestres e expor o conjunto de ameaças que acontece dentro de seus habitats naturais.

Elas são muitas e chegam por todos os lados. A partir do momento que os humanos invadem áreas naturais e modificam os ecossistemas, devem se responsabilizar pelos impactos que trazem aos seus habitantes.

O desmatamento é a principal causa da perda de habitats no Brasil. Por meio dele não perdemos só árvores, mas destruímos também o lar e a vida de inúmeros animais. 

Neste momento, está acontecendo uma enorme perda de áreas naturais habitáveis em todos os biomas brasileiros, em especial na Amazônia e no Cerrado – que concentraram 85% do desmatamento do país nos últimos cinco anos, segundo dados do Mapbiomas.

E tem mais: 97% de toda essa área desmatada foi para uso da agropecuária. Florestas, campos e savanas, com as milhões de espécies que abrigam, estão sendo convertidos em monoculturas e pasto, acabando com sua biodiversidade.

Após o desmate, outras agressões ambientais aprofundam as ameaças aos animais silvestres. Como no caso das queimadas para a limpeza de terras que muitas vezes saem de controle e queimam novas áreas nativas, levando à carbonização, asfixia e queima de ninhos e tocas de milhares de espécies, como araras e lobos-guará, afugentando todos os animais que ali vivem e não é só isso.

Após toda devastação e destruição, vem a contaminação por agrotóxicos em lavouras estabelecidas.

Pressionada por esse conjunto de ações humanas que destroem seus habitats, a fauna silvestre, quando não se vê aprisionada em pequenos fragmentos de mata, é expulsa de seus locais de abrigo e alimentação ou obrigada a se deslocar, ficando exposta a atropelamentos em rodovias, ao tráfico de animais, aos conflitos com humanos, à fome e sede.

De acordo com o CBEE (Centro Brasileiro de Estudos de Ecologia de Estradas), estima-se que 15 animais silvestres morram atropelados por segundo no Brasil... Outros tantos, como antas, tamanduás e lobos-guará, para além dos insetos como abelhas e borboletas, adoecem ou morrem envenenados pelos agrotóxicos.

Fugir de seus lares em busca de sobrevivência faz com que os animais fiquem ainda mais vulneráveis à caça e ao comércio de silvestres, que é outra grande ameaça à fauna, sendo legalizado ou não.

Animais silvestres não nasceram para serem transformados em animais de estimação, tampouco para atenderem ao prazer sádico pela caça esportiva ou para entretenimento e selfies.

Infelizmente, a caça de silvestres no Brasil corre risco de ser legalizada, aumentando ainda mais a pressão que vem ocorrendo nos biomas brasileiros.

Os animais não são produtos para serem comercializados. Não podemos deixar que a nossa fauna seja caçada e comercializada para qualquer finalidade.

Nem prisioneiros nem refugiados

A fauna silvestre precisa de ambientes seguros, saudáveis e com espaço suficiente para existir. Como prevê a Constituição Federal, no artigo 225: é proibido práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem extinção ou que submetam os animais à crueldade.

Para além de suas funções ecológicas, os animais também são seres sencientes, dotados de sentimentos, inteligência e autonomia. Eles são sujeitos de direitos e não objetos, como muitas legislações brasileiras passaram a reconhecer.

Entre seus direitos, está o da liberdade e o de viver plenamente de acordo com seus comportamentos naturais – e não como animais de estimação.

O desmatamento, a agropecuária industrial e o comércio de animais prejudicam o bem-estar animal e têm levado à defaunação, que é a perda de animais silvestres nos seus habitats naturais.

Refaunação já!

Atuamos para que os animais silvestres vivam em seus habitats, livres da exploração comercial e de ameaças, podendo expressar seus comportamentos naturais. Mas não basta apenas interromper a destruição ou restaurar áreas já desmatadas.

É preciso refaunar e trazer de volta os animais para as florestas!

Florestas vazias não conseguem se manter e prosperar de forma saudável. As soluções para isso já existem.

Por isso, defendemos:

Priorizar a restauração de áreas degradadas para corredores ecológicos da fauna, revertendo a fragmentação de habitats e o isolamento das espécies;

Substituir o modelo agroindustrial baseado em monoculturas e agrotóxicos pela agrofloresta e agroecologia, com uso de bioinsumos, para uma convivência mais harmoniosa e saudável da produção de alimentos com a fauna silvestre;

Tornar obrigatório as passagens de fauna nas rodovias brasileiras;

Incentivar e estruturar o turismo de observação de animais nos roteiros de ecoturismo e turismo regenerativo como alternativas econômicas sustentáveis para comunidades locais, sem a exploração comercial das espécies;

Aprimorar as leis brasileiras para que reconheçam os animais como sujeitos de direitos, sencientes e não objetos.
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