Vaca olhando para frente, lambendo a boca

Animais fantásticos: vacas

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Sagradas em algumas culturas, elas são extremamente sensíveis, sociáveis e únicas – e se lembram de pessoas que foram indelicadas com elas

O que diz o nome?

As vacas criadas para leite e carne hoje fazem parte da família "gado" ou Bovidae. Gado é o nome geral dado a toda uma gama de mamíferos com chifres e cascos, incluindo os bisões. A palavra "vaca" se refere, tecnicamente, apenas às fêmeas. Mais precisamente, "vacas machos" são touros e os machos castrados são chamados de bois.

Olhando para o passado

Os cientistas acreditam que as cerca de 800 raças de gado doméstico de hoje têm raízes muito antigas. A maioria concorda que são descendentes de auroques – criaturas ferozes e de chifres afiados que vagavam pela Europa, Ásia e Norte da África há cerca de dois milhões de anos. Eles tinham dois metros de altura e pesavam uma tonelada. Surpreendentemente, os auroques sobreviveram à última era glacial e ainda viviam na Europa até 1600, quando desapareceram por completo.

Sentidos aguçados

As vacas têm sentidos altamente desenvolvidos. Por terem olhos nas laterais de suas cabeças, podem ver o que está ao redor e atrás delas – elas têm um alcance visual de mais de 300° em comparação com nossos 180°. Quando abaixam a cabeça para pastar, esse alcance aumenta para quase 360°, dando-lhes uma visão quase panorâmica.

Elas também têm uma ótima audição, que é semelhante à de um cachorro – é por isso que ruídos altos podem deixá-las estressadas. Além disso, seu olfato é tão ajustado que elas podem farejar odores a até 8 km de distância.

Todos esses sentidos combinados significam que elas são muito boas em detectar perigo ou ataque. Mas seus sentidos não são totalmente perfeitos: elas são daltônicas para o vermelho e verde, vendo essas cores como tons de preto e cinza.

Vaca malhada (preto e branco) deitada no chão, acorrentada pelo pescoço, em um sistema de criação intensiva

As vacas conseguem farejar odores a até 8 km de distância. 

Pensando grande - água e comida

As vacas são animais herbívoros. Elas pastam selecionando ervas e outras plantas que gostam de comer. O estômago de uma vaca é uma estrutura complicada, dividida em quatro compartimentos ou câmaras muito distintas, que lhe permite digerir os alimentos da forma correta.

Nas fazendas, a forma como as vacas são mantidas e o alimento que comem são definidos pelas pessoas que as criam. Mas, independentemente de onde vivam, elas são grandes comedoras e bebedoras.

As vacas leiteiras, por exemplo, precisam de cerca de 25kg a 50kg de comida e 172 litros de água por dia. As vacas devem ser mantidas nos campos, exceto em climas extremos. E se não houver grama suficiente durante o inverno, podem receber grama preservada, conhecida como "silagem", ou alimentos secos, que contêm vitaminas e minerais extras

 

Juntas e misturadas

Como todos os animais de rebanho, as vacas são mais felizes e se sentem mais seguras quando estão juntas. É normal que elas formem laços estreitos com duas a quatro outras vacas em seu grupo. Quando têm oportunidade, elas gostam de dormir perto de seus amigos e familiares para proteção.

Assim como nós, as vacas podem sentir antipatia umas pelas outras e guardar rancor. Elas também podem reconhecer e lembrar, por anos, de pessoas que as trataram mal.

As vacas também gostam de brincar. Com espaço, elas correm e perseguem umas às outras e até brincam com bolas. Brincar é também a forma como as vacas aprendem sobre suas companheiras e a como se dar bem em grupo.

Vaca malhada (preto e branco) deitada no chão, acorrentada pelo pescoço, em um sistema de criação intensiva

As vacas são mais felizes e se sentem mais seguras quando estão juntas.

Carinho é importante

Os pesquisadores que estudam vacas leiteiras foram tocados por sua sensibilidade. O Dr. Daniel Weary, da Universidade de British Columbia, no Canadá, descobriu que as vacas e bezerros ficavam muito angustiados quando separados uns dos outros. Ele também descobriu que vacas leiteiras mantidas sozinhas ficam ansiosas e deprimidas.

As vacas leiteiras gostam de lamber umas às outras – geralmente no pescoço – e de serem acariciadas. Isso as ajuda a criar laços. Nossa pesquisa de 2017, em parceria com o Royal Veterinary College, mostrou como o carinho é importante para as vacas.

Essa pesquisa destaca por que é importante oferecer escovas mecânicas para vacas leiteiras. Elas mantêm as peles dos animais em boas condições e são boas para sua saúde mental também

Amor de mãe

Normalmente, as vacas ficam prenhas por cerca de nove meses e dão a luz a um bezerro que pode ficar em pé e mamar minutos após o nascimento.

Mães e bebês têm laços muito íntimos. Sabe-se que as mães mantidas ao ar livre andam muitos quilômetros procurando por seus filhotes perdidos.

Os rebanhos de vacas também trabalham juntos para proteger os bezerros algumas raças até têm um sistema de "vaca de guarda". Elas se revezam para ficar de guarda e vigiar os predadores enquanto outras vacas pastam

Vaca malhada (preto e branco) deitada no chão, acorrentada pelo pescoço, em um sistema de criação intensiva

Mães vacas e seus filhotes têm laços muito íntimos.

Resolvendo problemas

Muita gente não sabe que as vacas são boas em solucionar. Elas são naturalmente muito curiosas e ficam animadas com desafios. Em um estudo, pesquisadores incumbiram as vacas de abrir uma porta para chegar até a comida. Eles descobriram que a frequência cardíaca dos animais aumentou e suas ondas cerebrais mostraram entusiasmo – algumas vacas até saltaram de empolgação.

Alexandra Green, uma estudante da Universidade de Sydney, Austrália, ficou muito impressionada com as habilidades de tomada de decisão das vacas leiteiras. Ela descobriu que elas podiam ser treinadas para seguir o som através de um labirinto para encontrar comida. Ela também descobriu que as vacas usam 333 sons diferentes para se comunicarem.

Separadas e exploradas

Há cerca de 1 bilhão de vacas em nosso planeta, criadas para produção de leite e carne. Muitas são mantidas em sistemas industriais, onde não podem pastar ou se comportar naturalmente. Elas nunca sentirão a luz natural do sol ou a grama sob seus cascos.

Na maioria dos sistemas de produção de leite, as mães e os bezerros podem ficar juntos apenas por um curto período – geralmente apenas 20 minutos – antes de serem separados abruptamente. Isso acontece para maximizar a produção de leite para os consumidores e significa que as vacas podem gerar novos filhotes mais rapidamente. Não é de surpreender que essa separação e ciclo reprodutivo causem grande sofrimento às mães e aos bebês.

Vaca malhada (preto e branco) deitada no chão, acorrentada pelo pescoço, em um sistema de criação intensiva

Vacas que são criadas em sistemas industriai não podem pastar ou se comportar naturalmente. (Foto: Amy Jones / Moving Animals)

Tratamento cruel

Os bezerros também são submetidos a uma dolorosa descorna ou castração – principalmente para a indústria de carne. Ambos os procedimentos são muito estressantes e traumáticos. Na maior parte do mundo, os bezerros machos são abatidos, geralmente, alguns dias ou semanas após o nascimento porque não podem ser criados para obter leite.

O gado de corte também é transportado vivo por milhares de quilômetros, em condições terríveis, até a países onde é abatido sem pré-atordoamento. A angústia e a dor que experimentam são inimagináveis.

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