Civeta dentro de uma gaiola azul, olhando para frente

O comércio de animais silvestres tem tudo a ver com a pandemia de COVID-19

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Banir esse mercado pode prevenir futuros surtos pandêmicos e gerar efeitos positivos na economia global

A atual pandemia do novo coronavírus é uma das piores crises que já enfrentamos. Mas se a interação entre humanos e animais silvestres continuar assim, muito possivelmente novas e piores crises sanitárias virão.

Acabar com o comércio de silvestres não é só uma maneira de garantir o bem-estar dos animais. Esse banimento pode também prevenir futuras pandemias e suas consequências para as nossas vidas. E não estamos falando apenas do impacto na saúde humana e do absurdo número de mortes todos os dias. É só parar e observar nosso cenário atual: com o isolamento social causado pela Covid-19, temos a crise econômica, o desemprego, os casos de violência doméstica e saúde mental deteriorada...

Impedir o comércio de vida silvestre pode ajudar a frear isso tudo.

Impactos econômicos da COVID-19

Em todo o mundo, o comércio em escala industrial de animais silvestres produz de 20 a 30 bilhões de dólares por ano – pode parecer bastante dinheiro, mas na realidade é uma fração bem pequena da economia global.

Enquanto isso, vemos um cenário de recessão profunda com a pandemia de Covid-19: o PIB do Brasil em 2020 está entre os piores do mundo, são mais de 11 milhões de desempregados e vemos a maior retração na economia em quarenta anos. Estudos recentes mostram que o rombo gerado pela Covid-19 já é da ordem de 11,5 trilhões de dólares.

Será que vale a pena mantermos o comércio de vida silvestre e colocar em risco toda a economia global, além de contribuir com a deterioração social?

Estamos todos pagando um altíssimo preço por praticar o comércio de animais silvestres. Cerca de 60% de todas as novas doenças infecciosas têm origem em animais – as famosas zoonoses –, e aproximadamente 70% destas são transmitidas por animais silvestres.

Cada vez que um animal é capturado de seu habitat natural ou é reproduzido em cativeiro, para ser criado em péssimas condições, mais favorável se torna a proliferação dessas doenças.

O mercado de animais silvestres de estimação

No Brasil, são produzidos mais de 290 mil novos animais nos sistemas legalizados por ano. Estimativas apontam para mais de 38 milhões de animais silvestres retirados ilegalmente da natureza.

Vendedor de um "wet market" com uma cobra no pescoço. Ao fundo, diversas gaiolas com as mais diversas espécies à venda.

Pássaros exóticos à venda em uma feria de rua no Rio de Janeiro

Cobras, papagaios, iguanas, jabutis, passarinhos e uma infinidade de outras espécies são retiradas da natureza e do convívio com os seus pares para ficarem trancafiadas em gaiolas – milhares de vezes menores que o espaço que teriam em seu habitat natural – e servirem como bichos de estimação, sem conseguir ter suas necessidades atendidas.

Medicina tradicional chinesa

De acordo com um artigo de uma pesquisadora da Universidade de Oxford, o número de onças-pintadas e outros grandes felinos que são caçados na América do Sul e no Brasil é cada vez maior. Esses animais são capturados de forma cruel para serem explorados pelas indústrias de medicina tradicional, artigos de superstição (como amuletos), joias e decoração. 

Há ainda outras indústrias que se juntam ao bloco das campeãs em exploração da vida silvestre: caça esportiva, moda e turismo.

Comércio de silvestres e zoonoses

Para que o comércio dos animais silvestres aconteça em escalas nacional e global, precisa-se de uma logística complexa, que envolve a captura, todas as fases do transporte e o acondicionamento dos animais, que diminui o sistema imunológico dos animais, propiciando a proliferação de vírus e novas mutações.

E não pense que esse cenário é exclusivo da Ásia, com seus mercados que vendem animais silvestres para o consumo humano – os chamados wet markets. Esse tipo de mercado existe na maior parte das regiões do mundo.

Vendedor de um "wet market" com uma cobra no pescoço. Ao fundo, diversas gaiolas com as mais diversas espécies à venda.

Wet market em Jacarta, na Indonésia, com as mais diferentes espécies à venda

A própria destruição da Amazônia coloca o Brasil em um lugar de destaque como possível berço para novas pandemias – e aqui entramos em mais uma problemática: o desmatamento e a questão ambiental, também muito relacionados ao surgimento de novas pandemias.

O Instituto Evandro Chagas, com sede na região amazônica, faz um trabalho de “vigilância virológica" e mapeia novos vírus em artrópodes (como insetos, por exemplo). De todos os vírus descobertos pela equipe, cerca de 37 já demonstraram ser capazes de infectar humanos. Nesse caso, não estamos falando de animais que se tornarão de estimação ou serão consumidos, mas se o desmatamento continuar do jeito que está esses vírus (que estão “escondidos”) ficarão mais próximos de nós.

Se aprendemos alguma coisa com a pandemia do novo coronavírus, é que precisamos deixar os animais silvestres onde eles pertencem, na natureza – e também cuidar para que nossas florestas e biomas sejam preservados.

Proteja os silvestres

Nos dias 21 e 22 de novembro de 2020, os líderes do G20 – grupo das 20 principais economias do mundo, do qual o Brasil faz parte – se reunirão em sua cúpula anual, na qual a pandemia do novo coronavírus terá um lugar central na discussão.

Queremos que eles incluam na agenda a discussão pelo fim do comércio de animais silvestres. 

Assine a petição e ajude-nos a proteger os animais, as pessoas e o planeta.

Assinar a petição