Ao contrário do que se acredita, os frangos não têm hormônios - eles são selecionados geneticamente. Entenda o que é isso e porque prejudica a saúde dos animais.
Você sabia que 60 bilhões de frangos são criados por ano, em todo o mundo, para consumo? Em geral, estes animais vivem em condições inaceitáveis, convivendo com muita dor e estresse constante.
Antigamente, no tempo de nossos avós, os frangos eram criados em sítios, soltos, livres para ciscar e bicar, expressando o seu comportamento natural e só eram pegos no galinheiro depois que estavam crescidos e bem gordinhos para aquela galinhada caipira. Isso levava mais de 6 meses.
Frangos em um ambiente com altos níveis de bem-estar. com espaço para ciscar e bicar
Atualmente, por causa dos sistemas industriais intensivos, em apenas 42 dias os frangos atingem o peso para o abate.
Esse crescimento rápido gera vários problemas de saúde nos animais, como deformações nas pernas, dores constantes e sobrecarga no coração e pulmões. É por isso que muitas pessoas acham que os frangos têm hormônios - o que não é verdade. O real motivo dos frangos crescerem tão rapidamente nada mais é do que a seleção genética.
"Mas o que é essa seleção genética?", você pode estar se perguntando.
A seleção genética é quando os produtores selecionam as aves que apresentam rápido crescimento, desenvolvimento muscular e eficiência alimentar. Ou seja, a genética de crescimento rápido é responsável por grande parte do sofrimento destes animais. Mas não é só isso.
Associado ao fornecimento de luz artificial constante, os frangos crescem anormalmente. Isso porque a luz acesa não permite o período mínimo necessário para que os animais descansem, aumentando o nível de estresse e até gerando situações de pânico entre eles.
Frango com 14 dias de vida, criado em um sistema industrial intensivo, e claros sinais de crescimento rápido
Quanto crescia o frango antes e quanto cresce agora?
Na década de 1960, quando se iniciou a produção industrial de frangos, as aves alcançavam um peso de aproximadamente 2 kg aos 80 dias de idade e consumiam 5,8 kg de alimento.
Atualmente, as aves alcançam um peso médio de 2,600 kg em menos de 42 dias de vida, consumindo 4,6 kg de alimento.
Aparentemente, isso é um aumento na eficiência... Mas quem paga o preço? Infelizmente, o frango.
Por que luz natural e um ambiente adequado são importantes?
Em verdadeiras fábricas de produção de proteína animal, as granjas industriais intensivas são superlotadas e cada ave vive em um espaço menor do que uma folha de papel A4. Isso as impedem de exercer seus comportamentos naturais, como ciscar, empoleirar, buscar alimento ou tomar banho de areia para limpar as penas.
Um estudo da Proteção Animal Mundial, em conjunto com a Universidade de Wageningen (líder mundial em pesquisa agropecuária), na Holanda, comprova que, economicamente, animais criados com altos níveis de bem-estar não são muito mais caros.
No Brasil, a pesquisa analisou três sistemas diferentes para criação de frangos: o sistema fechado industrial intensivo e sem luz natural, que, apesar dos péssimos níveis de bem-estar, vem crescendo no país; o sistema convencional, o mais comum nas criações brasileiras; e o sistema com altos índices de bem-estar, com luz natural, mais espaço para os frangos se movimentarem e expressarem seus comportamentos naturais.
A boa notícia é que a produção com bem-estar animal é economicamente sustentável e pode atender a uma grande escala, caso haja mais procura dos consumidores. Mais de 60% dos consumidores em 14 países afirmaram que pagariam mais por produtos de melhor qualidade e com altos níveis de bem-estar.
A criação de animais com baixos níveis de bem-estar é moralmente errada, visto que eles são seres sencientes - ou seja, eles são capazes de sentir medo, dor, angústia e alegria.
Para que os animais sejam criados em ambientes saudáveis, é preciso que haja menos aglomeração e mais exposição à luz solar, além de terem espaço adequado para viver com boa ventilação, controle de temperaturas, disponibilidade de água e alimento.
Faça sua parte como consumidor: fique de olho nas etiquetas dos produtos, pergunte como o frango foi criado para as empresas e verifique se há certificados de bem-estar animal.