tamandua caminhando com seu filhote nas costas

Conheça o filhote da tamanduá-bandeira que voltou ao Pantanal depois de sobreviver ao fogo

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Cecília, a tamanduá-bandeira que sobreviveu aos impactos do fogo no Pantanal, agora cria um filhote recém-nascido em vida livre, provando o sucesso de sua reabilitação e reintrodução

A chegada da primavera marca uma temporada de alívio para os animais. Depois de um período com clima seco e temperaturas intensas, regiões como o Pantanal começam a ter um ar mais úmido e aumenta a ocorrência de chuvas, diminuindo os riscos de incêndios florestais. É nesse clima favorável que os campos ficam mais coloridos, aumenta a oferta de alimentos e a vida floresce renovando a esperança por dias melhores.

A primavera também traz boas novas com o reencontro com uma velha amiga. A Cecília, a carismática tamanduá-bandeira vencedora do prêmio Audrey Mealia de Personalidade Silvestre Única, foi avistada recentemente com um filhote nas costas.

Cecília voltou ao seu habitat natural depois de um longo processo de reabilitação e reintrodução. Ela apareceu com o filhote próxima ao local onde foi cuidada e se recuperou, andando calmamente mostrando estar segura na região.

Conseguimos fazer imagens dela e do filhote durante uma atividade, o que foi uma alegre coincidência. Esse capítulo na história da Cecília é muito especial por representar um grande sucesso para a conservação. Além de ter voltado e se adaptado ao  seu habitat natural, ela conseguiu se reproduzir e deixar descendentes no Pantanal.

Conheça abaixo a história de Cecília.

Resgatada dos incêndios

Há quatro anos, o futuro de Cecília era incerto e as chances de sobrevivência eram poucas. Na época, ela vivia com a mãe próximo do distrito de Nova Porto, em Bataguassu (MS). Mas os incêndios na região provocaram a destruição do habitat e, na corrida para se salvar, a mãe de Cecília acabou atropelada.

Cecília foi resgatada a tempo e passou cerca de um ano e meio sob cuidados humanos com apoio do projeto Órfãos do Fogo, desenvolvido pelo Instituto Tamanduá e parceria da Proteção Animal Mundial.

O processo foi longo e cuidadoso, já que a tamanduá-bandeira tinha apenas um ano e precisava superar o trauma e aprender os hábitos e comportamentos da espécie para poder voltar à vida selvagem. No recinto de adaptação do projeto Órfãos do Fogo, ela pode amadurecer e desenvolver suas habilidades, personalidade e inteligência.

Uma tamandua com a pata em cima de uma pedra

Retorno à natureza

Em fevereiro de 2023, Cecília retornou à natureza. No começo ainda estava receosa, mas com o tempo encontrou a segurança necessária para se expressar e viver livre (foto 2). Como parte do processo de reabilitação, ela ainda era assistida e monitorada com o auxílio de rádio-colete que fornece dados para que os pesquisadores acompanhem seu estado de saúde e sua integração ao ambiente.

O aparelho tem vida útil de aproximadamente um ano e meio e depois é retirado. Mesmo sem o equipamento, Cecília ainda foi reconhecida pela equipe de biólogos há cerca de sete meses, graças às características únicas de pelagem de cada tamanduá-bandeira.

Porém, o encontro mais recente foi ainda mais animador. No final de agosto deste ano, essa brava sobrevivente foi avistada com um filhote nas costas. O animal não possui pêlos (foto 3), o que indica ser um recém-nascido. Agora mamãe, Cecília deve carregar o filhote por pelo menos seis meses e ajudá-lo a crescer e desbravar o mundo, como sua mãe, infelizmente não conseguiu.

O bebê de Cecília representa não apenas uma nova vida, mas também é um símbolo da coragem e capacidade de resiliência dos animais na luta por um ambiente seguro e saudável. 

Histórias de sucesso e esperança, como a de Cecília e seu filhote, nos mostram que nosso trabalho está no caminho certo. Se você gostou dessa história e quer mostrar seu apoio à proteção da vida silvestre, assine nosso manifesto.

 

Junte-se a nós para salvar nossa fauna

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Manifesto “Em defesa da Vida Silvestre”

“Defaunação, não! Refaunação, já!”

Este é um pedido para colocarmos fim à defaunação no Brasil.


Pedimos licença para falar pelos animais silvestres e expor o conjunto de ameaças que acontece dentro de seus habitats naturais.

Elas são muitas e chegam por todos os lados. A partir do momento que os humanos invadem áreas naturais e modificam os ecossistemas, devem se responsabilizar pelos impactos que trazem aos seus habitantes.

O desmatamento é a principal causa da perda de habitats no Brasil. Por meio dele não perdemos só árvores, mas destruímos também o lar e a vida de inúmeros animais. 

Neste momento, está acontecendo uma enorme perda de áreas naturais habitáveis em todos os biomas brasileiros, em especial na Amazônia e no Cerrado – que concentraram 85% do desmatamento do país nos últimos cinco anos, segundo dados do Mapbiomas.

E tem mais: 97% de toda essa área desmatada foi para uso da agropecuária. Florestas, campos e savanas, com as milhões de espécies que abrigam, estão sendo convertidos em monoculturas e pasto, acabando com sua biodiversidade.

Após o desmate, outras agressões ambientais aprofundam as ameaças aos animais silvestres. Como no caso das queimadas para a limpeza de terras que muitas vezes saem de controle e queimam novas áreas nativas, levando à carbonização, asfixia e queima de ninhos e tocas de milhares de espécies, como araras e lobos-guará, afugentando todos os animais que ali vivem e não é só isso.

Após toda devastação e destruição, vem a contaminação por agrotóxicos em lavouras estabelecidas.

Pressionada por esse conjunto de ações humanas que destroem seus habitats, a fauna silvestre, quando não se vê aprisionada em pequenos fragmentos de mata, é expulsa de seus locais de abrigo e alimentação ou obrigada a se deslocar, ficando exposta a atropelamentos em rodovias, ao tráfico de animais, aos conflitos com humanos, à fome e sede.

De acordo com o CBEE (Centro Brasileiro de Estudos de Ecologia de Estradas), estima-se que 15 animais silvestres morram atropelados por segundo no Brasil... Outros tantos, como antas, tamanduás e lobos-guará, para além dos insetos como abelhas e borboletas, adoecem ou morrem envenenados pelos agrotóxicos.

Fugir de seus lares em busca de sobrevivência faz com que os animais fiquem ainda mais vulneráveis à caça e ao comércio de silvestres, que é outra grande ameaça à fauna, sendo legalizado ou não.

Animais silvestres não nasceram para serem transformados em animais de estimação, tampouco para atenderem ao prazer sádico pela caça esportiva ou para entretenimento e selfies.

Infelizmente, a caça de silvestres no Brasil corre risco de ser legalizada, aumentando ainda mais a pressão que vem ocorrendo nos biomas brasileiros.

Os animais não são produtos para serem comercializados. Não podemos deixar que a nossa fauna seja caçada e comercializada para qualquer finalidade.

Nem prisioneiros nem refugiados

A fauna silvestre precisa de ambientes seguros, saudáveis e com espaço suficiente para existir. Como prevê a Constituição Federal, no artigo 225: é proibido práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem extinção ou que submetam os animais à crueldade.

Para além de suas funções ecológicas, os animais também são seres sencientes, dotados de sentimentos, inteligência e autonomia. Eles são sujeitos de direitos e não objetos, como muitas legislações brasileiras passaram a reconhecer.

Entre seus direitos, está o da liberdade e o de viver plenamente de acordo com seus comportamentos naturais – e não como animais de estimação.

O desmatamento, a agropecuária industrial e o comércio de animais prejudicam o bem-estar animal e têm levado à defaunação, que é a perda de animais silvestres nos seus habitats naturais.

Refaunação já!

Atuamos para que os animais silvestres vivam em seus habitats, livres da exploração comercial e de ameaças, podendo expressar seus comportamentos naturais. Mas não basta apenas interromper a destruição ou restaurar áreas já desmatadas.

É preciso refaunar e trazer de volta os animais para as florestas!

Florestas vazias não conseguem se manter e prosperar de forma saudável. As soluções para isso já existem.

Por isso, defendemos:

Priorizar a restauração de áreas degradadas para corredores ecológicos da fauna, revertendo a fragmentação de habitats e o isolamento das espécies;

Substituir o modelo agroindustrial baseado em monoculturas e agrotóxicos pela agrofloresta e agroecologia, com uso de bioinsumos, para uma convivência mais harmoniosa e saudável da produção de alimentos com a fauna silvestre;

Tornar obrigatório as passagens de fauna nas rodovias brasileiras;

Incentivar e estruturar o turismo de observação de animais nos roteiros de ecoturismo e turismo regenerativo como alternativas econômicas sustentáveis para comunidades locais, sem a exploração comercial das espécies;

Aprimorar as leis brasileiras para que reconheçam os animais como sujeitos de direitos, sencientes e não objetos.
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