
Conheça o filhote da tamanduá-bandeira que voltou ao Pantanal depois de sobreviver ao fogo
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Por Julia Trevisan
Cecília, a tamanduá-bandeira que sobreviveu aos impactos do fogo no Pantanal, agora cria um filhote recém-nascido em vida livre, provando o sucesso de sua reabilitação e reintrodução
A chegada da primavera marca uma temporada de alívio para os animais. Depois de um período com clima seco e temperaturas intensas, regiões como o Pantanal começam a ter um ar mais úmido e aumenta a ocorrência de chuvas, diminuindo os riscos de incêndios florestais. É nesse clima favorável que os campos ficam mais coloridos, aumenta a oferta de alimentos e a vida floresce renovando a esperança por dias melhores.
A primavera também traz boas novas com o reencontro com uma velha amiga. A Cecília, a carismática tamanduá-bandeira vencedora do prêmio Audrey Mealia de Personalidade Silvestre Única, foi avistada recentemente com um filhote nas costas.
Cecília voltou ao seu habitat natural depois de um longo processo de reabilitação e reintrodução. Ela apareceu com o filhote próxima ao local onde foi cuidada e se recuperou, andando calmamente mostrando estar segura na região.
Conseguimos fazer imagens dela e do filhote durante uma atividade, o que foi uma alegre coincidência. Esse capítulo na história da Cecília é muito especial por representar um grande sucesso para a conservação. Além de ter voltado e se adaptado ao seu habitat natural, ela conseguiu se reproduzir e deixar descendentes no Pantanal.
Conheça abaixo a história de Cecília.
Resgatada dos incêndios
Há quatro anos, o futuro de Cecília era incerto e as chances de sobrevivência eram poucas. Na época, ela vivia com a mãe próximo do distrito de Nova Porto, em Bataguassu (MS). Mas os incêndios na região provocaram a destruição do habitat e, na corrida para se salvar, a mãe de Cecília acabou atropelada.
Cecília foi resgatada a tempo e passou cerca de um ano e meio sob cuidados humanos com apoio do projeto Órfãos do Fogo, desenvolvido pelo Instituto Tamanduá e parceria da Proteção Animal Mundial.
O processo foi longo e cuidadoso, já que a tamanduá-bandeira tinha apenas um ano e precisava superar o trauma e aprender os hábitos e comportamentos da espécie para poder voltar à vida selvagem. No recinto de adaptação do projeto Órfãos do Fogo, ela pode amadurecer e desenvolver suas habilidades, personalidade e inteligência.
Retorno à natureza
Em fevereiro de 2023, Cecília retornou à natureza. No começo ainda estava receosa, mas com o tempo encontrou a segurança necessária para se expressar e viver livre (foto 2). Como parte do processo de reabilitação, ela ainda era assistida e monitorada com o auxílio de rádio-colete que fornece dados para que os pesquisadores acompanhem seu estado de saúde e sua integração ao ambiente.
O aparelho tem vida útil de aproximadamente um ano e meio e depois é retirado. Mesmo sem o equipamento, Cecília ainda foi reconhecida pela equipe de biólogos há cerca de sete meses, graças às características únicas de pelagem de cada tamanduá-bandeira.
Porém, o encontro mais recente foi ainda mais animador. No final de agosto deste ano, essa brava sobrevivente foi avistada com um filhote nas costas. O animal não possui pêlos (foto 3), o que indica ser um recém-nascido. Agora mamãe, Cecília deve carregar o filhote por pelo menos seis meses e ajudá-lo a crescer e desbravar o mundo, como sua mãe, infelizmente não conseguiu.
O bebê de Cecília representa não apenas uma nova vida, mas também é um símbolo da coragem e capacidade de resiliência dos animais na luta por um ambiente seguro e saudável.
Histórias de sucesso e esperança, como a de Cecília e seu filhote, nos mostram que nosso trabalho está no caminho certo. Se você gostou dessa história e quer mostrar seu apoio à proteção da vida silvestre, assine nosso manifesto.