Saiba o que é a COP30, por que ela importa para o Brasil e como as decisões sobre clima e sistemas alimentares podem afetar os animais e os biomas nacionais.
COP30 em Belém: o que é a COP e por que importa para os animais
Enquanto o planeta aquece em ritmo recorde, todas as atenções se voltam para Belém.
A cidade será palco da COP30, a conferência global que pode redefinir o futuro climático e também o destino de milhões de animais e florestas.
O que é a COP (Conferência do Clima)
A Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), conhecida como COP, é o principal fórum global onde países negociam ações conjuntas para enfrentar a crise climática.
Sua primeira edição foi realizada em 1995. Desde 2015, o foco tem sido implementar o Acordo de Paris, que busca limitar o aumento da temperatura global a 1,5 °C.
A COP30 acontecerá de 10 a 21 de novembro de 2025, em Belém (PA), e deve reunir mais de 70 mil participantes entre governos, cientistas e movimentos sociais. Será a maior conferência climática da história da América Latina.
A escolha de Belém simboliza o papel estratégico do Brasil no debate global sobre clima, florestas e justiça social.
Essa será uma COP na Amazônia, mas não sobre a Amazônia. Será uma oportunidade para posicionar o país como liderança na transição para sistemas alimentares sustentáveis e de baixo carbono.
Por que a COP é decisiva para os animais
Segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), a agropecuária respondeu por 28% das emissões brutas de gases de efeito estufa do Brasil em 2023, o equivalente a 631 milhões de toneladas de CO₂e.
As mudanças de uso da terra, principalmente o desmatamento para formação de pastagens, representaram 46% das emissões nacionais, cerca de 1,06 bilhão de toneladas de CO₂e no mesmo período. (Fonte: SEEG 2023, Relatório Analítico 12)
Esses números mostram que, enquanto o desmatamento e a pecuária intensiva avançam, milhões de animais perdem seus habitats, suas fontes de alimento e suas chances de sobrevivência. Enfrentar o modelo da pecuária industrial não é apenas uma meta climática, é uma questão de vida e bem-estar para a fauna brasileira.
A Proteção Animal Mundial defende que não há futuro para o clima sem respeito aos animais.
Em paralelo à COP30, a campanha Na Rota de Belém da Proteção Animal Mundial convoca uma mudança urgente nos sistemas alimentares, para que o futuro climático inclua proteção da fauna e justiça para trabalhadores do campo.”
Transformar o sistema alimentar, reduzir o consumo de produtos de origem animal e fortalecer práticas sustentáveis são passos essenciais para equilibrar o planeta.
- Conheça mais sobre a nossa campanha Na Rota de Belém
- Assine o Manifesto por Sistemas Alimentares justos e sustentáveis
COP30 em Belém: o que está em jogo para a Amazônia
Embora a COP30 aconteça na Amazônia, o foco central será global. O encontro servirá para avaliar o cumprimento das metas do Acordo de Paris e definir os próximos passos para conter a crise climática. Ainda assim, a floresta amazônica simboliza o que está em jogo: a sobrevivência de ecossistemas inteiros diante da expansão da pecuária e do desmatamento.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou 9.064 km² de desmatamento na Amazônia Legal em 2023, uma redução de 21,8% em relação ao ano anterior, mas ainda uma perda significativa. (Fonte: INPE/PRODES 2023)
O MapBiomas (2024) mostra que 90% da área desmatada desde 1985 teve como primeiro uso a pastagem, reforçando o impacto direto da pecuária industrial sobre as florestas.
A perda de habitat afeta diretamente espécies como tamanduá-bandeira, ariranha, anta e onça-pintada, que enfrentam declínio populacional devido à fragmentação das áreas naturais e ao fogo.
De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), 1.250 espécies da fauna brasileira estão ameaçadas de extinção, muitas delas por causa da conversão de habitats em pastagens e monoculturas. (Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada, 2022).
Pecuária industrial, JBS e o impacto no clima
A pecuária industrial é uma das principais responsáveis pelas emissões de metano (CH₄) e pela conversão de vegetação nativa em pastagens.
Empresas como a JBS, maior produtora de carne do mundo, estão no centro dessa cadeia de impactos. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o IBGE confirmam que a pecuária bovina responde pela maior parte das emissões agrícolas no país.
O impacto da pecuária industrial vai muito além das emissões de metano. Ele afeta diretamente as florestas, a fauna silvestre e o clima. Denunciar essas conexões é o objetivo da campanha Vilões do Clima, que mostra como grandes empresas, como a JBS, estão no centro dessa crise e como cada pessoa pode ajudar a mudar esse cenário.
- Conheça a campanha Vilões do Clima da Proteção Animal Mundial
Transição Justa: soluções sustentáveis para clima, animais e economia
A Transição Justa, reconhecida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), propõe que a transformação para uma economia verde ocorra com inclusão social e respeito aos trabalhadores.
No sistema alimentar, isso envolve:
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Apoiar produtores que adotam práticas agroecológicas e regenerativas.
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Reduzir o confinamento de animais e promover seu bem-estar.
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Redirecionar subsídios agrícolas, hoje somando US$ 540 bilhões anuais (FAO/ONU 2023), para práticas sustentáveis.
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Incentivar dietas de base vegetal e cadeias produtivas de baixo impacto.
No Brasil, o Tesouro Nacional estimou R$ 340 bilhões em créditos e incentivos agrícolas em 2024, a maior parte voltada à pecuária. Redirecionar parte desses recursos é essencial para alinhar economia, clima e biodiversidade.
A Transição Justa é mais do que uma meta econômica, é uma oportunidade para transformar o Brasil em referência mundial de sustentabilidade e respeito aos animais. A COP30 pode ser o marco desse novo caminho.
A campanha Na Rota de Belém será uma plataforma onde produtores, sociedade civil e governos podem assumir compromissos em favor de sistemas alimentares mais éticos e sustentáveis.
Brasil e suas metas climáticas
O Plano Nacional sobre Mudança do Clima (MCTI, 2023) estabelece a meta de reduzir as emissões em 53% até 2030, em comparação a 2005.
A COP30 também deverá consolidar dois planos fundamentais:
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PPCDAm (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal)
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PNA (Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima)
Ambos coordenados pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), são instrumentos centrais para conter o desmatamento e proteger biomas estratégicos como o Pantanal e o Cerrado.
O legado do Brasil para a COP30
Ao sediar a COP30, o Brasil pode consolidar um legado climático global, liderando a agenda de sistemas alimentares sustentáveis e redução de emissões de metano, além de propor a revisão de subsídios agrícolas que hoje incentivam o desmatamento.
Se conseguir integrar essas pautas ao plano climático nacional, o país poderá inspirar outros da América Latina, uma região que abriga 40% da biodiversidade mundial e 25% das florestas tropicais. (Fonte: FAO/ONU 2023, State of the World’s Forests).
Participe da campanha Na Rota de Belém. Assine o manifesto e pressione por uma mudança real nos sistemas alimentares.
O que você pode fazer agora
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Assine a petição contra a destruição do clima pela JBS.
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Reduza o consumo de carne industrial e priorize alimentos vegetais.
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Compartilhe nas redes sociais e amplie o debate sobre clima e fauna.
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Perguntas Frequentes sobre a COP30
Onde será realizada?
Em Belém do Pará, entre 10 e 21 de novembro de 2025.
O que será discutido?
Serão debatidas as metas do Acordo de Paris, o financiamento climático e o papel dos sistemas alimentares na redução dos gases de efeito estufa.
O que é a Zona Azul e a Zona Verde?
A Zona Azul é a área de negociações entre países, com presença de chefes de Estado e delegações oficiais. A Zona Verde é aberta ao público, com eventos, debates e exposições temáticas.
Por que a COP30 é importante?
Porque será o primeiro grande balanço global do Acordo de Paris, e ocorrerá na Amazônia, símbolo da urgência climática e da oportunidade de o Brasil mostrar liderança em políticas ambientais e alimentares.
Fontes oficiais e verificadas:
INPE/PRODES (2023) – Taxa consolidada de desmatamento: gov.br/inpe
SEEG / Observatório do Clima (2023) – seeg.eco.br
MapBiomas (2024) – brasil.mapbiomas.org
ICMBio (2022) – Livro Vermelho da Fauna Ameaçada: icmbio.gov.br
MCTI (2023) – Plano Nacional de Clima: gov.br/mcti
MMA (2023) – PPCDAm e PNA: gov.br/mma
Tesouro Nacional (2024) – Subsídios da União: tesourotransparente.gov.br
FAO (2023) – Repurposing Agricultural Support to Transform Food Systems: fao.org
OIT (2022) – Guidelines for a Just Transition: ilo.org
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Crédito da foto utilizada neste material: 04.11.2025 - Belém - Vista do Centro de Convenções para a cúpula COP30. Foto Sergio Moraes/COP30