imagem do ney matogrosso no estúdio gravando amúsica defaunação

Making-of de Defaunação: conheça os bastidores da música que defende a vida silvestre

Blog

Descubra o processo inspirador por trás da criação de "Defaunação", uma canção que une grandes nomes da música brasileira em prol da defesa dos animais silvestres.

Em um canto aconchegante da Gávea, no estúdio Casa do Mato, um projeto ambicioso começou a tomar forma. Ali, entre paredes repletas de história musical, nasceu Defaunação, nossa música criada com oobjetivo de mobilizar  a sociedade em defesa dos animais silvestres do Brasil.

Este artigo revela os bastidores dessa produção emocionante, destacando a colaboração de grandes nomes da música brasileira, a energia das gravações e a paixão por trás de cada nota.

A concepção da música

A ideia de "Defaunação" surgiu da necessidade urgente de chamar a atenção para a perda acelerada de espécies animais em seus habitats naturais, causada pela agropecuária industrial. Carlos Rennó, renomado letrista, e Péricles Cavalcanti, compositor de longa data, se uniram para criar uma letra poderosa que transmitisse essa mensagem de alerta e esperança.

“É uma mensagem de denúncia do que está ocorrendo, da destruição ambiental e junto dela a ameaça e a extinção à vida de animais silvestres brasileiros. Me baseei em uma canção que já existe e as frases melódicas me serviram de base para escrever os versos, que acabou sendo musicada pelo querido Péricles Cavalcanti,” compartilhou Carlos Rennó.

A gravação da música aconteceu no estúdio Casa do Mato, na Gávea, Rio de Janeiro. Este estúdio, conhecido por sua acústica impecável e ambiente inspirador, foi o cenário perfeito para a criação de uma canção tão significativa.

Reunião de grandes nomes

Para dar vida à "Defaunação", foi necessário reunir algumas das vozes mais emblemáticas da música brasileira. Ney Matogrosso, reconhecido por seu ativismo na defesa dos animais, liderou o projeto com sua inconfundível presença. Juntaram-se a ele Frejat, Letrux, Mahmundi e Zahy Tentehar, cada um contribuindo com sua única e poderosa interpretação.

“A temática me interessa muito. Então, eu fiz com o maior prazer. Eu gostei muito. Cada hora a gente vê um absurdo maior com relação à natureza e aos animais. Infelizmente, nós estamos em um momento muito estranho porque com o aquecimento do planeta está tudo despencando ladeira a baixo,” afirmou Ney Matogrosso.

Frejat também compartilhou seus pensamentos:

Defaunação é uma música que trata justamente da presença nociva e agressiva do ser humano em relação aos animais e à natureza.

Segundo ele, a letra é bastante contundente e ela trata dos pontos, cita os animais e toda essa diversidade que a gente tem no nosso planeta, e que o homem cada vez mais parece ignorar e destruir.

"A gente está justamente querendo provocar essa reflexão sobre o que nós podemos fazer para evitar isso. Defaunação é justamente para trazer a fauna de volta cada vez mais”, afirma Frejat.

A energia das gravações

As gravações começaram em abril e cada artista trouxe sua paixão e compromisso com a causa para o estúdio. Ney Matogrosso, com sua vasta experiência e carisma, deu o tom inicial da música, seguido por interpretações igualmente emocionantes de Frejat, Letrux, Mahmundi e Zahy Tentehar. Cada estrofe foi cuidadosamente trabalhada para destacar diferentes espécies da fauna brasileira e a urgência de sua preservação.

Letrux trouxe uma reflexão profunda:

Ter consciência que os animais são nossos amigos. A gente está no planeta Terra e a gente está pagando aluguel. Eles nem estão, estão pagando com a vida, o que é horrível.

A cantora continuou dando sua opinião sobre o tema:

"Acho que é tentar ter uma consciência mais planetária mesmo, de que estamos aqui numa experiência muito mágica que é viver no planeta Terra, tentar ter uma relação mais de amizade e não de matança, de oprimir, de ter para si. Nos foi dado uma oportunidade muito bonita e mágica que é experimentar a existência na Terra. Então, porque não conviver de uma forma pacífica e astral e de respeito à vida, seja ela humana ou animal?”

Produção e direção musical

A produção musical ficou a cargo do maestro Xuxa Levy, cuja sensibilidade e expertise foram cruciais para a criação de um arranjo que amplificasse a mensagem da letra. Levy trabalhou meticulosamente para garantir que cada nota e cada harmonia refletissem a urgência e a beleza da causa.

Mahmundi também expressou sua alegria em fazer parte do projeto: 

Tem muita gente envolvida nessa música linda. Tem muitos animais participando, inclusive, com sons. Eu sou suspeita porque amo música e amo bicho.

Segundo a cantora, quando chegou o convite para trabalhar com amigos e pessoas tão importantes, ela se sentiu abençoada por poder passar um dia no estúdio Casa do Mato, contemplando e cantando sobre a natureza.

O clipe

Além da música, foi produzido um clipe pelo Coletivo Bijari, conhecido por seus trabalhos inovadores e de forte impacto visual. O clipe não apenas complementa a música, mas também adiciona uma camada visual à mensagem, retratando a beleza e a fragilidade da vida silvestre brasileira.

Lançamento e impacto

A música foi lançada nas plataformas de streaming, um evento musical que se tornou uma convocação para que todos nós nos tornemos defensores ativos da vida silvestre.

Zahy Tentehar concluiu com uma crítica ao sistema atual: “A nossa sociedade, ela é tão massacrante porque a gente vem para a cidade e se depara com um lugar onde você não tem onde comer uma fruta saudável, que não tenha agrotóxico, os bichos sem remédios, sem nada. É um sistema que não te dá tempo de pensar, só de consumir.”

"Defaunação" não é apenas uma canção, é um apelo urgente pela preservação da nossa fauna. A união de artistas, produtores e ativistas resultou em uma obra poderosa que transcende a música e se torna um grito de resistência e esperança.

Junte-se a nós para salvar nossa fauna

Ajude a combater os impactos da agropecuária industrial. Assine o manifesto em defesa da vida silvestre.

Ao enviar este formulário, concordo em receber mais comunicações da Proteção Animal Mundial e entendo que posso desistir a qualquer momento.

Saiba como usamos seus dados e como os mantemos seguros: Política de Privacidade.

Manifesto “Em defesa da Vida Silvestre”

“Defaunação, não! Refaunação, já!”

Este é um pedido para colocarmos fim à defaunação no Brasil.


Pedimos licença para falar pelos animais silvestres e expor o conjunto de ameaças que acontece dentro de seus habitats naturais.

Elas são muitas e chegam por todos os lados. A partir do momento que os humanos invadem áreas naturais e modificam os ecossistemas, devem se responsabilizar pelos impactos que trazem aos seus habitantes.

O desmatamento é a principal causa da perda de habitats no Brasil. Por meio dele não perdemos só árvores, mas destruímos também o lar e a vida de inúmeros animais. 

Neste momento, está acontecendo uma enorme perda de áreas naturais habitáveis em todos os biomas brasileiros, em especial na Amazônia e no Cerrado – que concentraram 85% do desmatamento do país nos últimos cinco anos, segundo dados do Mapbiomas.

E tem mais: 97% de toda essa área desmatada foi para uso da agropecuária. Florestas, campos e savanas, com as milhões de espécies que abrigam, estão sendo convertidos em monoculturas e pasto, acabando com sua biodiversidade.

Após o desmate, outras agressões ambientais aprofundam as ameaças aos animais silvestres. Como no caso das queimadas para a limpeza de terras que muitas vezes saem de controle e queimam novas áreas nativas, levando à carbonização, asfixia e queima de ninhos e tocas de milhares de espécies, como araras e lobos-guará, afugentando todos os animais que ali vivem e não é só isso.

Após toda devastação e destruição, vem a contaminação por agrotóxicos em lavouras estabelecidas.

Pressionada por esse conjunto de ações humanas que destroem seus habitats, a fauna silvestre, quando não se vê aprisionada em pequenos fragmentos de mata, é expulsa de seus locais de abrigo e alimentação ou obrigada a se deslocar, ficando exposta a atropelamentos em rodovias, ao tráfico de animais, aos conflitos com humanos, à fome e sede.

De acordo com o CBEE (Centro Brasileiro de Estudos de Ecologia de Estradas), estima-se que 15 animais silvestres morram atropelados por segundo no Brasil... Outros tantos, como antas, tamanduás e lobos-guará, para além dos insetos como abelhas e borboletas, adoecem ou morrem envenenados pelos agrotóxicos.

Fugir de seus lares em busca de sobrevivência faz com que os animais fiquem ainda mais vulneráveis à caça e ao comércio de silvestres, que é outra grande ameaça à fauna, sendo legalizado ou não.

Animais silvestres não nasceram para serem transformados em animais de estimação, tampouco para atenderem ao prazer sádico pela caça esportiva ou para entretenimento e selfies.

Infelizmente, a caça de silvestres no Brasil corre risco de ser legalizada, aumentando ainda mais a pressão que vem ocorrendo nos biomas brasileiros.

Os animais não são produtos para serem comercializados. Não podemos deixar que a nossa fauna seja caçada e comercializada para qualquer finalidade.

Nem prisioneiros nem refugiados

A fauna silvestre precisa de ambientes seguros, saudáveis e com espaço suficiente para existir. Como prevê a Constituição Federal, no artigo 225: é proibido práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem extinção ou que submetam os animais à crueldade.

Para além de suas funções ecológicas, os animais também são seres sencientes, dotados de sentimentos, inteligência e autonomia. Eles são sujeitos de direitos e não objetos, como muitas legislações brasileiras passaram a reconhecer.

Entre seus direitos, está o da liberdade e o de viver plenamente de acordo com seus comportamentos naturais – e não como animais de estimação.

O desmatamento, a agropecuária industrial e o comércio de animais prejudicam o bem-estar animal e têm levado à defaunação, que é a perda de animais silvestres nos seus habitats naturais.

Refaunação já!

Atuamos para que os animais silvestres vivam em seus habitats, livres da exploração comercial e de ameaças, podendo expressar seus comportamentos naturais. Mas não basta apenas interromper a destruição ou restaurar áreas já desmatadas.

É preciso refaunar e trazer de volta os animais para as florestas!

Florestas vazias não conseguem se manter e prosperar de forma saudável. As soluções para isso já existem.

Por isso, defendemos:

Priorizar a restauração de áreas degradadas para corredores ecológicos da fauna, revertendo a fragmentação de habitats e o isolamento das espécies;

Substituir o modelo agroindustrial baseado em monoculturas e agrotóxicos pela agrofloresta e agroecologia, com uso de bioinsumos, para uma convivência mais harmoniosa e saudável da produção de alimentos com a fauna silvestre;

Tornar obrigatório as passagens de fauna nas rodovias brasileiras;

Incentivar e estruturar o turismo de observação de animais nos roteiros de ecoturismo e turismo regenerativo como alternativas econômicas sustentáveis para comunidades locais, sem a exploração comercial das espécies;

Aprimorar as leis brasileiras para que reconheçam os animais como sujeitos de direitos, sencientes e não objetos.
Saiba mais