Duas onças-pardas órfãs lutam por uma segunda chance no Cerrado
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Alfa e Beta cresceram em meio ao avanço da destruição, e se tornaram símbolos da importância da reabilitação e da reintrodução de felinos que perderam tudo ainda filhotes. A jornada delas ajuda a entender o que está acontecendo com os animais silvestres do bioma e por que precisamos agir.
A história das duas filhotes resgatadas no interior de Goiás revela como o Cerrado tem mudado. A perda acelerada de habitat, os atropelamentos e os conflitos com fazendas de gado são algumas das ameaças que mantêm o Puma concolor em risco constante. Enquanto a Proteção Animal Mundial atua para fortalecer a conservação da fauna brasileira, Alfa e Beta mostram que é possível recuperar instintos e preparar felinos órfãos para voltar à natureza.
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Como Alfa foi encontrada, uma filhote perdida às vésperas do Natal
No dia 22 de dezembro de 2023, Alfa, com apenas três meses e cerca de 1,3 kg, vagava pela zona rural de Iaciara. Enquanto muitas famílias se preparavam para o Natal, ela enfrentava fome, frio e desorientação, procurando por uma mãe que nunca retornou. Meses depois, em Pires do Rio, Beta surgiu sozinha, ferida e também sem a mãe. Mesmo após semanas de busca, a equipe do Ibama e do projeto Suçuaranas no Quintal não encontrou sinais da fêmea adulta.
Essas histórias não são isoladas. Elas refletem um Cerrado em rápida transformação, onde fêmeas são mortas ou afastadas de seus territórios e filhotes ficam expostos.
Por que tantas onças-pardas ficam órfãs no Cerrado
O avanço sobre o bioma tem provocado separações de mães e filhotes, além de conflitos diretos com fazendas e estradas recém abertas. Entre os principais fatores de ameaça estão:
- Desmatamento para expansão agropecuária
- Urbanização acelerada
- Atropelamentos
- Retaliações por ataques a rebanhos
- Redução das presas naturais
- Fragmentação de habitat
A soma desses fatores explica por que Alfa e Beta estavam sozinhas. Muitas mães desaparecem devido à perseguição ou ao deslocamento forçado causado por atividades humanas.
O caminho da reabilitação, como recuperar o comportamento selvagem
Após o resgate, Alfa e Beta foram encaminhadas ao CETAS DF e ao Instituto NEX, que mantém recintos especializados para reabilitação de felinos. O processo envolve trilhas de cheiro, estruturas de escalada, enriquecimento ambiental, caça de presas vivas e monitoramento sem contato humano. Esse conjunto de estímulos devolve às onças os comportamentos essenciais para sobreviver no bioma.
Hoje, com 23 e 20 meses, elas demonstram todas as características esperadas de onças-pardas selvagens.
Recintos de pré soltura, a etapa decisiva
Para concluir o ciclo de reabilitação, elas precisam ser transferidas para um recinto de pré soltura na Floresta Nacional de Brasília. Esses recintos permitem que especialistas avaliem, com ainda mais precisão, se as onças estão prontas para viver sem qualquer intervenção humana. Ali, ganham mais espaço, mais autonomia e estímulos nativos.
É nesse ambiente que será definida a possibilidade de retorno ao Cerrado.
Como a Proteção Animal Mundial atua para proteger onças-pardas
A Proteção Animal Mundial apoia a construção dos recintos de pré soltura por meio de um Acordo de Cooperação com o Ibama. O objetivo é fortalecer políticas de conservação, ampliar as condições para reintrodução e colaborar para a recuperação de populações de onças-pardas no Cerrado.
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Por que reintroduzir onças-pardas fortalece o Cerrado
Predadores de topo regulam populações de presas, mantêm corredores ecológicos ativos, equilibram o ecossistema e evitam desequilíbrios que atingem toda a cadeia alimentar. A volta de Alfa e Beta representa mais que um sucesso individual. Representa a chance de refaunar um bioma ameaçado.
Como você pode ajudar a escrever o próximo capítulo
A proteção de onças-pardas exige ação contínua. Você pode apoiar projetos de reintrodução, compartilhar conteúdos educativos, defender políticas públicas de conservação e contribuir com iniciativas que fortalecem a fauna brasileira.
As fotos utilizadas nessa publicação são de Caio Cavalcante.