
Entenda por que essa pequena ave endêmica depende das matas secas do Cerrado para sobreviver e como a destruição do bioma ameaça seu futuro.
A tiriba-do-paranã (Pyrrhura pfrimeri) é uma pequena ave endêmica do Cerrado, encontrada apenas na estreita faixa de mata seca nos estados de Goiás e Tocantins. Esse tipo de vegetação é marcado por um dossel fechado, sub-bosque denso e muitos cipós, um habitat essencial para a espécie, que passa a maior parte do tempo entre as copas e o interior da floresta.
Por depender diretamente dessas áreas florestadas, a tiriba é extremamente sensível a alterações no ambiente. Não por acaso, já está classificada como “Em Perigo” pela IUCN, principalmente devido à perda de habitat.
Ameaças crescentes
Embora também sofra com a captura ilegal, o desmatamento é o maior risco para a sobrevivência da tiriba-do-paranã. O avanço do agronegócio no Cerrado tem provocado a rápida destruição das matas secas para abertura de pastagens e plantações de soja.
Além da derrubada direta da vegetação, queimadas são usadas para expandir áreas de criação de gado, degradando ainda mais o ambiente. Hoje, restam apenas cerca de 40% das florestas originais da região, e esse remanescente continua sob forte pressão da agropecuária e da extração seletiva de madeira.
Outro fator preocupante é que muitas árvores utilizadas como alimento e abrigo pela tiriba são justamente as mais visadas para o comércio de madeira. Isso reduz não só a oferta de frutos, mas também a disponibilidade de ocos para nidificação.
O impacto dos agrotóxicos e da fragmentação
As lavouras de soja em áreas de serra utilizam agrotóxicos que acabam contaminando cursos d’água e fragmentos de floresta próximos. Essa contaminação afeta toda a biodiversidade local, incluindo a tiriba.
Além disso, a espécie não atravessa grandes áreas abertas, o que faz da fragmentação do habitat uma barreira perigosa. Populações acabam isoladas e mais vulneráveis a desaparecer.
O que está em jogo
Atualmente, estima-se que restam apenas 20 mil indivíduos vivos da tiriba-do-paranã. Há cerca de 30 anos, essa população era dez vezes maior, ultrapassando 200 mil indivíduos na natureza.
Se nada for feito, a tendência é que esse número continue caindo rapidamente, levando a espécie a um risco ainda maior de extinção.
Como agir para proteger a tiriba-do-paranã
A sobrevivência desta pequena ave do Cerrado depende diretamente da nossa capacidade de frear o desmatamento e garantir a preservação das matas secas. Cada árvore derrubada significa menos alimento, menos abrigo e mais risco para uma espécie já ameaçada.
É hora de unir forças para proteger o Cerrado e suas espécies únicas. Com sua participação, podemos pressionar por políticas públicas mais rígidas contra a destruição ambiental e promover práticas sustentáveis que respeitem a biodiversidade.