Guia dos Bancos Responsáveis: edição de 2022 avalia bem-estar animal pela primeira vez
Notícias
9ª edição do Guia revela que nenhuma instituição financeira considera o tema de Bem-estar Animal em suas políticas socioambientais.
A coalização do Guia dos Bancos Responsáveis (Fair Finance Guide Brazil), formada pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Conectas Direitos Humanos, Instituto Sou da Paz e a Proteção Animal Mundial, lançou hoje 9ª edição do Guia dos Bancos Responsáveis (GBR), estudo que avalia 18 temas das políticas de sustentabilidade que os maiores bancos brasileiros possuem em relação às empresas que financiam ou nas quais investem.
“O GBR é uma análise minuciosa dos documentos públicos das instituições financeiras e consolida uma classificação dos bancos de acordo com a abrangência de suas políticas de responsabilidade socioambiental”, explica Fábio Machado Pasin, pesquisador do programa de Serviços Financeiros do Idec.
Os resultados indicam que os oito bancos avaliados (BNDES, Itaú Unibanco, Santander, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Safra e BTG Pactual) apresentaram evolução em seu comprometimento com políticas de responsabilidade socioambiental, mas ainda estão muito longe de uma situação aceitável.
Um claro exemplo dessa realidade é o fato de que nenhuma instituição considera o tema de Bem-estar Animal em suas políticas socioambientais. Como resultado, todos os bancos zeraram neste tema, que foi avaliado pela primeira vez neste ano.
Para José Ciocca, zootecnista e gerente de agropecuária sustentável na Proteção Animal Mundial, o resultado, embora decepcionante, era de certa forma esperado, já que esse é um tema novo dentro do mercado financeiro.
“Porém, como o agronegócio é fundamental para o PIB [Produto Interno Bruto], esse primeiro resultado traz um alerta da importância de se trabalhar esse tópico. Os bancos precisam se conscientizar de que a forma como produzimos animais para a alimentação afeta não só os animais, mas a nossa vida e o meio ambiente”, avalia Ciocca.
Na avaliação de Bem-estar Animal, foi levado em consideração se as instituições financeiras possuem diretrizes que levam em conta o tratamento adequado dos animais de produção e que asseguram proteção aos animais silvestres, considerando que investem e financiam empresas nos setores da pecuária, pesca, peles e couro, produtos farmacêuticos, cosméticos, criação de animais de estimação, entre outras.
O ranking dos bancos no GBR
Abaixo do líder BNDES, em segundo lugar, com 4,1, ficou o Itaú Unibanco, que recebeu a segunda maior nota em “Mudanças Climáticas” e subiu duas posições no geral em relação ao último levantamento.
A terceira colocação ficou para o Santander. Seu destaque positivo são as políticas setoriais específicas, que permitem um detalhamento dos critérios socioambientais aplicados para carteiras relacionadas a atividades de alto impacto socioambiental, como os setores bélico, de energia, mineração e commodities.
O Banco do Brasil (BB) passou a ocupar o quarto lugar, com 3,7 pontos. Embora tenha melhorado em muitos temas, tirou nota 0 em “Armas”, junto com a Caixa Econômica Federal e o Bradesco; e recebeu a pior pontuação em “Impostos” (0,9), principalmente porque não divulga informações relativas a subsídios recebidos, receita, lucro e pagamento de impostos nos países onde opera.
Embora tenha ficado em penúltimo lugar, o Safra foi o que mais melhorou sua nota de 2020 para 2022, principalmente pela revisão da sua Política de Relacionamento com o Cliente e de sua política para o setor de armas, que passou a incorporar diversos critérios previstos pelo GBR, como o impedimento de se relacionar com empresas que produzem armas nucleares, biológicas, químicas e munições cluster.
E o lanterninha foi o BTG Pactual, que embora tenha evoluído bastante em relação à última avaliação – principalmente por conta do tema “Florestas”, que somou apenas 3,1 pontos. O destaque negativo foi ter tirado a pior nota em “Inclusão Financeira”.
Apesar de alguma evolução no comprometimento com políticas de responsabilidade socioambiental, os oito bancos avaliados ainda estão muito longe de uma situação aceitável.