Casal de turistas, com uma criança no colo, posam para selfie com elefantes que estão ao fundo

Instagram falha em prevenir maus-tratos contra animais

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Pesquisa revela que o aviso de pop-up implementado em 2017 pela rede social não impediu a proliferação de selfies e interações com animais selvagens na plataforma

Em 2017, o Instagram colocou em prática uma iniciativa que tem como objetivo alertar os turistas sobre como interações indevidas com animais selvagens podem impactar na vida e no bem-estar dessas espécies. Para aumentar a conscientização, a plataforma introduziu um alerta pop-up, que é acionado quando os usuários pesquisam por hashtags como #elephantselfie.

Embora claramente bem intencionado, nossa pesquisa constatou que esse sistema de alerta é limitado, inconsistente e, muitas vezes, incompatível com o tipo de conteúdo que pretende destacar. 

Turista com um celular na mão, segurando uma preguiça com laço no colo, pronta para tirar uma selfie

De acordo com um estudo científico de pesquisadores da Proteção Animal Mundial em parceria com a Unidade de Pesquisa em Conservação da Vida Selvagem da Universidade de Oxford (WildCRU), constatamos que o “alerta de selfie com a vida selvagem”  apareceu em apenas em 2% das utilizações das 244 hashtags analisadasOs outros 98% dos posts mostrando selfies com elefantes seguem sem aviso ao usuário.

Os pesquisadores descobriram que as diferenças entre hashtags que acionaram e não acionaram o alerta eram pequenas. Por exemplo, a hashtag #elephantselfie acionou o aviso, mas #elephantselfies não, embora ambas tenham sido usadas em postagens sobre selfies com a vida selvagem. 

Print da tela com alerta sobre o conteúdo com selfies com animais selvagens

Além disso, o sistema de alerta pop-up só é visto pelos usuários ao procurar por uma hashtag da iniciativa, não ao postar ou ao visualizar uma postagem.

Selfies com animais selvagens é crueldade animal

O fenômeno das “selfies com a vida selvagem” compartilhadas nas redes sociais pode parecer inofensivo, mas geralmente envolve uma ou mais formas de maus-tratos.

Os animais usados em muitas atrações turísticas de vida selvagem são frequentemente capturados ilegalmente ou de forma insustentável na natureza, mantidos em condições precárias ou sujeitos a tratamento agressivo para treiná-los para serem submissos o suficiente para interagir com o público. 

Människor som tar selfies med en elefant

O chefe global de pesquisa de vida selvagem da Proteção Animal Mundial, Dr. Neil D'Cruze, reforça que a tendência de postar selfies com a vida selvagem nas mídias sociais envolve o sofrimento e a exploração de alguns dos animais selvagens mais emblemáticos do mundo. Nessas situações, os animais sofrem tanto na frente quanto atrás da câmera. 

“As pessoas precisam estar cientes do horror que normalmente está por trás das experiências de turismo que oferecem interações diretas com animais selvagens. Precisamos mudar a aceitabilidade social de visitar atrações turísticas irresponsáveis com a vida selvagem, que oferecem de tudo, desde passeios de elefante, caminhar com leões e nadar com golfinhos em cativeiro – e então espalhar isso por toda a mídia social”, comenta Dr. Neil.

“A triste realidade é que muitos desses locais e atividades envolvem a retirada de animais selvagens de suas mães quando bebês, mantendo-os acorrentados, em condições inadequadas e apertadas, ou atraindo-os repetidamente com comida, causando traumas psicológicos graves – apenas para que os visitantes possam tirar fotos”, complementa. 

Lauren Harrington, pesquisadora associada da Unidade de Pesquisa de Conservação da Vida Selvagem da Universidade de Oxford, comenta ainda que o Instagram e outras grandes redes sociais, sem dúvida, têm recursos necessários e conhecimento tecnológico à sua disposição. Portanto, eles podem e precisam fazer muito mais em termos de assumir a responsabilidade pelo conteúdo inapropriado de animais selvagens que hospedam em suas plataformas.

O que precisa mudar 

O estudo recomenda que o alerta do Instagram deve ser implementado de forma mais ampla e consistente, sendo acionado em diferentes pontos do processo do usuário para que funcione como pretendido. 

Segundo o estudo, para ser mais eficaz, o aviso deve ser acionado quando: 

  • Um usuário publica uma imagem com uma hashtag sinalizada;
  • Uma postagem que inclui uma hashtag sinalizada é visualizada;
  • Uma postagem que inclui uma hashtag sinalizada é curtida ou comentada;
  • Quando uma postagem que inclui uma hashtag sinalizada é pesquisada. 

Além disso, o Instagram deve agir de forma proativa removendo posts que retratam maus-tratos animais, expandindo as hashtags que acionam o aviso e, além disso, aplicando avanços tecnológicos para evitar que conteúdo sensível seja carregado e visualizado em primeiro lugar.

Seja um turista consciente

Recentemente, lançamos um relatório que alerta sobre o impacto e a responsabilidade da indústria turística no bem-estar animal.

De Olho na Indústria do Turismo – Responsabilidade com a Vida Silvestre: Brasil”, foi realizado em parceria com a  Universidade de Surrey, do Reino Unido, analisou os líderes globais da indústria do turismo em suas políticas de bem-estar animal e ofertas de vida selvagem, revelando o progresso que essa indústria está fazendo para proteger os animais selvagens e onde o trabalho ainda é necessário.

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