União Europeia suspende importações de pítons-bola da África Ocidental
Notícias
A decisão veio devido a preocupações da União Europeia sobre a sustentabilidade deste comércio e seu impacto nas populações selvagens.
A píton-bola é um dos animais selvagens vivos mais comercializados da África para suprir as demandas do mercado de animais exóticos de estimação. Mais de três milhões de pítons-bola foram exportadas da África Ocidental desde o começo dos anos 80 e estima-se que as exportações de Gana, Togo e Benin sejam de, em média, 100.000 animais por ano desde 2007.
Felizmente, a União Europeia decidiu suspender as importações da África do Sul devido a preocupações de sustentabilidade deste comércio e seu impacto nas populações selvagens da espécie.
As pítons-bola estão listadas na Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção, da CITES. Isso significa que elas podem ser comercializadas, desde que isso seja feito de forma regulamentada para evitar que a exploração seja incompatível com sua sobrevivência.
Apesar de estarem nesta lista, pesquisas científicas recentes levantaram preocupações sobre os impactos negativos a longo prazo que essa exploração comercial, em larga escala, está causando tanto nas pítons-bola quanto nas comunidades locais na África Ocidental.
"Esta atitude da União Europeia em suspender as importações de píton-bola é um grande primeiro passo! Essa decisão refletem nossas preocupações de pesquisas que descobriram que caçadores normalmente atacam as cobras mais vulneráveis, como fêmeas grávidas e jovens, e usam práticas cruéis para capturá-las, como escavação e destruição de suas tocas", afirma Neil D'Cruze, pesquisador da Proteção Animal Mundial.
"Foi particularmente perturbador que a maioria dos caçadores que entrevistamos no Benin e no Togo relataram declínios nos números de população de pítons selvagens, com uma alta porcentagem culpando a exploração excessiva como a causa raiz. Nossa pesquisa fez soar este alarme e é um grande alívio que a União Europeia o ouviu", complementa D'Cruze.
Desde o início dos anos 2000, a maioria das pítons-bola exportadas reportadas foram de animais criados em "fazendas" - o que envolve a coleta de fêmeas carregando ou desenvolvendo seus ovos (grávidas) da natureza para serem mantidas em cativeiro até que os ovos eclodam. A maioria das cobras, então, é exportada como juvenis, com cerca de 15 a 30 dias após a eclosão. No entanto, o monitoramento deste comércio é mínimo ou inexistente.
"Em nossas pesquisas, encontramos uma série de bactérias potencialmente patogênicas em pítons mantidas em fazendas registradas que, se liberadas de volta na natureza, podem representar um risco de transmissão de doenças infecciosas", explica o pesquisador Dr. Mark Auliya, do Instituto Leibniz para a Análise da Mudança da Biodiversidade.
Os registros comerciais da CITES documentam as exportações de pítons-bola, de 2000 a 2017, do Benin para 34 países e de Gana e Togo para 57 países diferentes. O maior importador dos três países durante o mesmo período foi os Estados Unidos. Entre 2012 e 2016, os países importadores mais significativos depois dos Estados Unidos foram Hong Kong, Reino Unido, França e Espanha.
"Nossa pesquisa mostrou que as pítons-bola são, de longe, o réptil mais popular no comércio europeu de animais exóticos. Celebramos a notícia de que a União Europeia levou em consideração as últimas evidências científicas e tomou medidas rápidas para proteger as populações de pítons na África Ocidental", comenta Sandra Altherr, diretora científica da organização de conservação de espécies Pro Wildlife.
Assine nossa newsletter e junte-se a nós para acabarmos com o comércio de animais silvestres.
Pesquisas científicas recentes levantaram preocupações sobre os impactos negativos a longo prazo que essa exploração comercial, em larga escala, está causando tanto nas pítons-bola quanto nas comunidades locais na África Ocidental.