Ativistas seguram banners na Ponte Piqueri, na Marginal Tietê, em São Paulo. Banners dizem: "Acionistas celebram, nós denunciamos: quem financia é cúmplice da devastação" e "Não seremos silenciados enquanto houver sofrimento animal".

Ação reforça que entrada da JBS na Bolsa de Nova Iorque é ameaça climática, sanitária e ambiental

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Banners na Marginal Tietê expuseram modelo de negócio destrutivo da JBS, que intimidou nossa equipe de ativistas

Enquanto os acionistas da JBS — maior produtora de proteína animal do mundo — aprovavam a entrada da empresa na Bolsa de Nova York (NYSE), nossa equipe de ativistas penduravam faixas nos dois sentidos da Ponte do Piqueri e Ponte Atílio Fontana, próximo à sede da empresa, na Marginal Tietê, em São Paulo.

Trata-se de um protesto à movimentação contra um grave retrocesso ambiental, social e sanitário.

"Acionistas celebram, nós denunciamos: quem financia a JBS é cúmplice da devastação”. “Ninguém lucra com a crise climática: JBS da Bolsa de Nova Iorque, NÃO!" e "JBS na Bolsa de Nova Iorque: Mais sofrimento Animal, mais desastres climáticos" são os dizeres dos banners.

A movimentação é considerada dupla listagem, já que a JBS também opera na bolsa de valores em São Paulo. A ação irá permitir que a JBS capte recursos no mercado financeiro global, o que será um grave retrocesso ambiental, social e sanitário, pois amplia os investimentos internacionais na empresa, uma das maiores responsáveis por emissões de carbono, desmatamento e sofrimento animal em larga escala.

É lamentável que tantos recursos fluam para a JBS quando há um evidente acúmulo de denúncias que comprovam sua falta de responsabilidade social e ambiental. Além de perpetuar um modelo industrial de produção animal que é prejudicial em sua essência, a JBS também já foi denunciada por envolvimento com trabalho infantil e análogo à escravidão, desmatamento ilegal e lavagem de gado", afirma Karina Ishida, nossa coordenadora da campanha de Sistemas Alimentares.

Um estudo nosso revelou que as atividades da JBS emitem, anualmente, o equivalente a 14 milhões de carros em gases de efeito estufa, um volume maior do que a Espanha emite por ano. 

  • Ativistas em cima da Ponte Atílio Fontana, na Marginal Tietê, seguram banner com dizer "JBS na Bolsa de Nova Iorque: Mais sofrimento animal e desastres climáticos"
  • Ativista durante aplicação do banner na Ponte Piqueri, na Marginal Tietê, em São Paulo
  • Ativista abaixo da Ponte Atílio Fontana, na Marginal Tietê, com banner "Não seremos silenciados enquanto houver sofrimento animal"
  • Quatro ativistas seguram banner na Marginal Tietê com os dizeres "Ninguém lucra com a crise climática. JBS na Bolsa de Nova Iorque NÃO!"

Imagens: Diego Baravelli

Mesmo com promessas anteriores de reduzir seu impacto climático, a empresa retrocedeu — transformando metas de “emissão zero” em simples “aspirações”. A empresa também é responsável pelo sofrimento de milhares de animais envolvidos em sua cadeia, sejam animais de produção ou silvestres, que estão perdendo habitat para a expansão agropecuária. 

A JBS é ainda beneficiada por um cenário político cada vez mais favorável ao agronegócio industrial. O PL 2159/2021, em fase final de tramitação no Congresso, pretende alterar as regras do licenciamento ambiental, tornando-as mais frágeis ao permitir autodeclaração por parte das empresas.

Já a Lei do Autocontrole (14.515/2022), aprovada em 2022, transfere ao setor privado a fiscalização sanitária dos frigoríficos, antes feita exclusivamente pelo Estado. Para especialistas, essas mudanças abrem caminho para novos desastres sanitários, inclusive em meio ao avanço da gripe aviária no Brasil.

A sociedade precisa saber quem está por trás dessa destruição e da crise climática. Estamos diante de um modelo predatório que enriquece poucos, às custas da saúde humana, do meio ambiente e do sofrimento animal”, diz Karina.

A JBS ainda tentou silenciar organizações da sociedade civil que protestam contra seu modelo de negócio. Em abril deste ano, oito ativistas do Greenpeace foram presos após protestos pacíficos em frente à sede da empresa e o site da nossa campanha Vilões do Clima quase foi tirado do ar.

Hoje, nossos ativistas também seguraram dois banners com os dizeres: “Não seremos silenciados. Ativismo não é crime”.

Ativistas seguram banners em ponto de ônibus próximo à sede da JBS. Imagem: Diego Baravelli

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