Baleia em vida livre pulando do mar

Baleia à vista: novo relatório mostra como observar animais aquáticos de maneira responsável

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Relatório mostra exemplos de como o turismo responsável deve ser e lança petição para que as empresas de turismo parem de vender atrações que exploram a vida selvagem.

Lançado hoje, nosso novo relatório "Baleia à vista, turismo responsável com animais aquáticos no Brasil" alerta para ações de entretenimento com mamíferos aquáticos.

Isso porque, apesar das proibições quanto às atrações com espécies em cativeiro, os animais selvagens ainda são vítimas de abusos e exploração mesmo em liberdade, nos seus próprios habitats. 

O ideal, conforme aponta a publicação, é que esse tipo de atividade ocorra sempre e somente como uma observação respeitosa. Infelizmente, práticas comerciais abusivas ainda têm sido encontradas.

Na Amazônia, flutuantes e plataformas turísticas nas proximidades de Manaus oferecem opções que permitem aos turistas nadar, tocar e tirar selfies com botos, agravando o estresse dos animais.

Leia o relatório

Tourists surrounding a pink boto dolphin in the Amazon - World Animal Protection - Wildlife. Not entertainers

Turistas cercam boto-cor-de-rosa, que é atraído com comida, colocando-o sob estresse.

No Sul, Sudeste ou Nordeste do Brasil, baleias em rota de migração e reprodução estão sujeitas a atividades que desrespeitam os protocolos de observação, ocorrendo aproximação exagerada, com motor ligado, interferência no curso de deslocamento do animal, perseguição, oferta de alimento etc.

Problemas semelhantes em outras localidades podem acontecer em atividades turísticas que envolvem peixes-bois e golfinhos, que acabam tendo seus comportamentos naturais e o bem-estar geral afetados.

“Já sabemos, por meio da ciência, que os animais são seres sencientes, ou seja, podem experimentar emoções complexas que eram antes consideradas únicas dos seres humanos, como o luto, angústia, alegria e medo. Por isso, devemos avaliar se as nossas atitudes durante a atividade turística não estão prejudicando a integridade física e o bem-estar do animal, causando doenças, lesões, dor, medo ou outros sentimentos negativos. Também é importante que as atividades não impactem a capacidade do animal de expressar comportamentos naturais típicos da sua espécie, o que não ocorreria se a intervenção não estivesse acontecendo”, explica David Maziteli, Gerente de Campanhas de Vida Silvestre da Proteção Animal Mundial. 

Leia o relatório

Por um turismo de observação responsável

"Baleia à vista" destaca a necessidade de conscientização tanto dos turistas quanto dos líderes empresariais e funcionários do setor de turismo.

A adoção de práticas responsáveis ​​é essencial para garantir que o turismo de observação de animais aquáticos contribua para a preservação do meio ambiente, a proteção animal e a saúde humana. Afinal, contatos inadequados com animais selvagens aumentam os riscos de transmissão de doenças entre animais e humanos.

As más práticas devem ser substituídas por alternativas ambientalmente responsáveis, colaborando para um impacto positivo no ecossistema e na qualidade de vida dos animais.

“A atividade de contemplação em vida livre é uma experiência única e emocionante. Como os animais estão em seu habitat natural, existe a possibilidade de não ocorrer o encontro, seja por questões climáticas ou porque o animal tem liberdade para decidir não aparecer. É justamente isso que torna a experiência única e emocionante, não é previsível como um passeio que aprisiona o animal em um aquário, mas que acaba sendo cruel da perspectiva destes indivíduos”, destaca David. “Se possível, reserve mais de um dia para realizar o passeio”, sugere o especialista. 

O Brasil, com sua extensa costa de mais de 8.500 km, abriga uma riqueza de ambientes naturais propícios para o turismo de observação de animais aquáticos. Uma variedade de ambientes marinhos e de água doce sustenta uma biodiversidade impressionante, incluindo diversas espécies de cetáceos, como baleias, golfinhos e botos. A depender da região, os turistas podem avistar estes animais em terra ou embarcados. 

Turistas observam baleias-franca-austral. Imagem: ProFRANCA-Instituto Australis

Turistas observam baleias-franca-austral. Imagem: ProFRANCA-Instituto Australis

Leia o relatório

Dicas para observação de animais aquáticos

  1. Escolha destinos e empresas de turismo bem avaliadas, comprometidas com proteção ambiental e bem-estar animal;
  2. Verifique se a empresa segue guias e protocolos de observação animal. Para ter certeza de que a empresa se preocupa com o bem-estar animal, consulte ONGs e autoridades locais;
  3. Opte por empresas que oferecem educação ambiental para preparar os turistas e garantir visitas respeitosas;
  4. Mantenha distância ao observar os animais, evitando estresse ou ameaças;
  5. Reduza o tempo de proximidade com os animais;
  6. Não toque ou alimente os animais. Oferecer alimentos para animais selvagens altera seus comportamentos naturais, levando à dependência de comida humana e aumentando a vulnerabilidade quando essa fonte desaparece. A atração por comida também pode criar a caça e a proximidade com humanos, além de habituar os animais aos barcos, elevando o perigo de acidentes;
  7. Ao nadar ou mergulhar, não se aproxime diretamente dos animais aquáticos;
  8. Se em algum momento constatar sinais de agitação ou tensão dos animais, afaste-se o mais devagar e cuidadosamente possível;
  9. Evite selfies e fotos com flash - respeite o ambiente natural dos animais;
  10. Leve seu lixo de volta e descarte-o após o passeio;
  11. Comunique problemas à empresa, ao hotel, às autoridades e faça revisões online honestas para informar outros viajantes sobre situações perturbando o bem-estar animal;
  12. Colabore com a educação dos outros turistas conversando a respeito da necessidade de garantir a proteção do ambiente e dos animais.

Alguns locais em que é possível observar animais aquáticos de forma respeitosa e segura, são: 

Mapa do Brasil mostra locais em que é possível observar animais aquáticos de maneira responsável

Ajude a acabar com a exploração animal no turismo

As principais empresas de viagens do mundo continuam lucrando com atrações que submetem animais selvagens a uma vida de sofrimento, como shows com golfinhos e passeios de elefantes. 

Vendendo esses ingressos, empresas como a CVC e Decolar mantêm a demanda por experiências com animais silvestres em cativeiro. Essas práticas, além de cruéis, causam danos irreparáveis para o bem-estar dos animais.  

Os animais selvagens precisam de uma vida plena, vivendo felizes em seus habitats naturais. 

Assine a nossa petição para que as empresas PAREM de vender ingressos para atrações que exploram animais selvagens e ajude a acabar com isso. Para sempre.

Assinar a petição

O Brasil abriga uma riqueza de ambientes naturais propícios para o turismo de observação de animais aquáticos.