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Congresso Brasileiro de Agroecologia traz o tema da criação animal

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Pela primeira vez, o Congresso Brasileiro de Agroecologia teve um eixo temático voltado para a criação animal: 80 trabalhos foram apresentados durante o evento

A criação animal oficialmente virou assunto no Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA). A 13º edição do evento inaugurou o eixo temático Animais e Agroecologia, abrindo de forma inédita inscrições para trabalhos científicos e de experiências sobre o tema. 

Quase 100 propostas foram submetidas e 80 delas apresentadas durante os dias 15 e 18 de outubro, em Juazeiro (BA). Nós, da Proteção Animal Mundial, estivemos presentes no CBA, e acompanhamos os debates. 

“Foi uma grata surpresa ver tantas atividades e diversos atores. O tema é urgente: a criação animal faz parte dos sistemas alimentares, que atualmente são um dos principais responsáveis pela crise climática e pelo sofrimento amimal. Discutir a criação animal dentro de sistemas agroecológicos é fundamental para fortalecer redes, adequar políticas públicas, promover essa atividade e a transformação do modelo de produção, distribuição e consumo de alimentos. Dessa forma, a criação animal faz parte do nosso futuro, pensando nos animais e nas pessoas, e não em um mercado apenas”, diz Marina Lacôrte, gerente de Sistemas Alimentares da Proteção Animal Mundial. 

Animais e Agroecologia

A inclusão da agenda animal no Congresso Brasileiro de Agroecologia foi um processo iniciado na edição de 2023, no Rio de Janeiro. Naquele ano, o congresso organizou uma mesa-redonda que abordou a importância dos animais para a agricultura. “Nas discussões finais, o grupo concluiu que o assunto deveria ser melhor examinado e mais debatido pelo movimento agroecológico. E para isso, seria importante criar um Grupo de Trabalho que pudesse estimular esse processo”, relembra o zootecnista João Paulo Soares, pesquisador da Embrapa Cerrados. 

Realizadora do congresso, a Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) acolheu a demanda e assim nasceu o Grupo de Trabalho Animais e Agroecologia. Articulando criadores, cientistas, professores e técnicos de várias partes do Brasil, o  Grupo de Trabalho também conta com a participação da Proteção Animal Mundial. E foi este coletivo a mola propulsora para que a temática ganhasse terreno fértil durante o 13º CBA. 

Participação e diversidade

Além da apresentação de dezenas de trabalhos científicos no espaço batizado de Tapiri dos Saberes, houve ainda um painel sobre a importância dos animais para os agroecossistemas, ministrado pelo professor Luiz Carlos Pinheiro Machado Filho, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), uma roda de conversa sobre resgate de raças crioulas e uma dinâmica para identificar características, desafios e oportunidades da criação animal nas diferentes regiões do país. 

Uma das coordenadoras do novo eixo temático Animais e Agroecologia, no CBA, a zootecnista e professora do Instituto Federal Baiano, Olímpia Lima Silva Filha, conduziu e mediou algumas atividades. Ela conta que o perfil de participantes foi amplo, atraindo jovens, idosos, agricultoras e agricultores, além de pesquisadores e representantes da sociedade civil. “Foi fantástico. Tivemos muita participação, muitos trabalhos, muitas realidades vivenciadas e experienciadas com os animais em diversos territórios do Brasil”. 

Para Marina Lacôrte, o forte apelo que teve a inauguração da temática no congresso mostra que existe uma demanda represada: “O grande número de trabalhos e atividades apresentados no CBA sobre criação animal é um sinal evidente de que o tema precisa de um espaço próprio para ser discutido de forma permanente e ampliada, sem se desconectar dos outros eixos. É a partir da construção do conhecimento agroecológico sobre o assunto que teremos mais conhecimento, alternativas e também força para transformar o atual modelo agroalimentar e acabar com a crueldade animal”, diz Marina.

Para contribuir ainda mais com esse tema, em breve lançaremos um filme curta-metragem e uma publicação especial com artigos escritos por representantes do governo, da ciência e da sociedade civil.

Enquanto os lançamentos não chegam, convidamos você a conhecer e assinar o Manifesto por Sistemas Alimentares Justos, um movimento que reúne pessoas e instituições comprometidas com uma transição que respeite os animais, os trabalhadores e o planeta.

O 13º CBA também colocou no mundo uma pesquisa inédita que teve nosso apoio: o mapeamento “Agroecologia, Território e Justiça Climática” é um esforço para que compreendamos melhor o cenário de ações ligadas à agroecologia e ao enfrentamento às mudanças climáticas nos territórios.

Realizado pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), o trabalho identificou mais de 500 iniciativas, em todos os estados do Brasil, promovidas por grupos, organizações, coletivos, redes e movimentos sociais. 

Além de informações sobre como as experiências agroecológicas estão contribuindo para a adaptação e mitigação à crise climática, o levantamento também traz percepções do impacto sobre a produção de alimentos, a saúde da população e o meio ambiente. A pesquisa ainda revela as principais características das experiências e os grupos que protagonizam essas ações, assim como os fatores que têm agravado as mudanças climáticas nos territórios.

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