sala ampla com várias pessoas sentadas em cadeiras

Conservação da fauna ganha destaque na agenda climática durante a COP30

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Painel na COP30 mostra que a fauna precisa ocupar espaço central na agenda climática. Especialistas discutem a importância dos Cetas para adaptação, biodiversidade e enfrentamento dos impactos das mudanças climáticas.

Debate na COP30 reforça que silvestre também é clima

No sétimo dia de negociações da COP30, as discussões se intensificaram em torno de mitigação, adaptação, financiamento climático e proteção de florestas. Em meio aos temas tradicionais da agenda internacional, o painel “Cetas como instrumento de adaptação climática para a biodiversidade”, realizado na Green Zone nesta segunda-feira, dia 17, trouxe um alerta essencial para o debate global. A fauna também sofre os efeitos das mudanças climáticas e precisa ocupar espaço nas negociações.

“Não dá para manter o ambiente natural sem preservar os animais. São os animais que dispersam sementes, fazem a polinização e ciclam os nutrientes. Uma floresta viva precisa disso, caso contrário ela se degrada”, afirmou Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama.

Proteção Animal Mundial leva o tema para a Green Zone

O evento foi organizado pela Proteção Animal Mundial, representada pela gerente de Clima Camila Nakaharada, e reuniu também o superintendente do Ibama no Pará Alex Lacerda e a professora Ana Silvia Ribeiro, coordenadora do Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres da Universidade Federal Rural da Amazônia.

A organização atua em mais de 50 países com foco no combate ao sofrimento animal e na defesa da fauna silvestre. Como parte de seu trabalho no Brasil, apoiou a reforma do Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres do Pará, reinaugurado em outubro. A nova estrutura fortalece o atendimento a animais vítimas de atropelamentos, tráfico, queimadas, desmatamento e caça, garantindo condições para que possam retornar à natureza.

“Nesse evento falamos da importância desse equipamento público, que precisa de mais visibilidade e apoio para receber investimentos. Trouxemos essa pauta para a Green Zone para ampliar a discussão e mostrar que adaptação climática também passa pela perspectiva animal. Esse tema precisa aparecer tanto nas políticas públicas do Plano Clima quanto nas negociações internacionais da COP30”, destacou Camila Nakaharada.

Saiba mais sobre a relação entre fauna e clima.

Cetas e adaptação climática, uma conexão estratégica

O debate reforçou que os Cetas desempenham um papel essencial na adaptação climática, especialmente em regiões que já sentem com força os impactos das mudanças no clima. No Pará, atropelamentos, queimadas e outras pressões ambientais aumentam a chegada de animais feridos, muitos provenientes de áreas desmatadas ou em processo de degradação.

O advogado Pedro Sousa, morador de Benevides, participou do evento motivado pelo trabalho voluntário que realiza ao registrar animais atropelados no trajeto entre sua casa e a região do rio Benfica, onde fica o Cetas do Pará. O centro foi construído em 2015, mas permaneceu fechado até este ano devido à falta de recursos destinados à política ambiental.

“Há tempos eu via o Cetas abandonado. É muito bom que esteja reinaugurado. É importante para toda a região”, relatou Sousa. Casos de tamanduás e outras espécies feridas são frequentes na estrada que liga Benevides a Salinópolis, e as denúncias compartilhadas nas redes sociais ajudam a conscientizar moradores e visitantes.

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Conteúdos sobre tráfico de animais silvestres. 

A atuação do Cetras da UFRA na reabilitação da fauna

Na ausência de um centro especializado do Estado até este ano, o Cetras da UFRA tornou-se referência regional. A unidade atende cerca de 400 animais silvestres por ano, além de desenvolver programas de capacitação para estudantes, pesquisas aplicadas e iniciativas de educação ambiental.

“A Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima da Eco 92 já previa que a biodiversidade precisava ocupar uma cadeira estratégica na agenda climática. É essencial que esse debate esteja presente em diferentes fóruns, para além do campo específico da área animal”, refletiu a professora Ana Silvia.

Fauna e clima precisam caminhar juntas

Para Camila Nakaharada, colocar os Cetas no centro da discussão é evidenciar que a crise climática já impacta diretamente os animais e que os esforços precisam ser ampliados.

“Precisamos falar dos animais na Convenção do Clima e garantir que as Convenções de Biodiversidade e Desertificação atuem de forma integrada. A fauna já sente as consequências das mudanças climáticas e isso precisa aparecer com força na agenda internacional”, afirmou.

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 * Foto utilizada na publicação: Welbert Soeiro

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