uma vaca dando carinho no seu filhote.

Levamos a voz do bem-estar animal ao plano nacional que integra saúde de pessoas, animais e meio ambiente

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Nossa participação reforça que não existe saúde humana sem o equilíbrio entre animais e natureza

Nós levamos a voz do bem-estar animal para a consulta pública do Plano de Ação Nacional de Uma Só Saúde, em sua versão estratégica, reafirmando nosso compromisso em apoiar políticas que integrem saúde, ambiente e respeito aos animais. Essa participação é fundamental porque Uma Só Saúde reconhece que não existe saúde humana plena sem a saúde dos animais e do planeta, e porque o Brasil, como país megadiverso e grande produtor agropecuário, tem enorme responsabilidade nesse debate.

Em nossa contribuição, destacamos a necessidade de compreender o bem-estar animal como parte essencial da saúde coletiva. Nesse sentido, reforçamos a importância de incorporar ao Plano conceitos já consolidados internacionalmente. Um deles é o One Welfare, traduzido como “Um Bem-Estar”, que evidencia a interconexão entre o bem-estar animal, humano e ambiental, complementando e expandindo o conceito de Uma Só Saúde

Outro é o marco das Five Freedons, as “Cinco Liberdades”, que estabelece que todos os animais devem ter garantidas condições mínimas de vida digna: livres da fome e da sede, do desconforto, da dor, de lesões ou doenças, liberdade para expressar comportamentos naturais e uma vida livre do medo e da angústia. Defendemos também o modelo mais avançado dos Five Domains, “Cinco Domínios”, que aprofunda a avaliação do bem-estar animal em cinco dimensões: nutrição, ambiente, saúde, comportamento e estado mental.

Chamamos atenção ainda para um dos maiores desafios globais da atualidade: a resistência aos antimicrobianos. Esse problema, que ameaça a eficácia dos antibióticos, está diretamente relacionado às práticas da pecuária industrial. 

O uso abusivo desses medicamentos em sistemas de confinamento e superlotação compromete a saúde pública, a segurança alimentar e o meio ambiente. Por isso, defendemos que o Plano inclua medidas claras para limitar o uso indiscriminado de antibióticos, sobretudo daqueles considerados críticos para a medicina humana.

O que são antibióticos de uso crítico para a medicina humana?

Os antibióticos de uso crítico para a medicina humana, como fluoroquinolonas, amicacina, sulfonamidas, ceftiofur e colistina, são considerados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como fármacos que devem ser usados com extremo cuidado. Eles pertencem ao grupo que tem alto risco de gerar resistência bacteriana e, ao mesmo tempo, são fundamentais como tratamento de primeira ou segunda escolha em infecções graves em humanos. 

O uso indiscriminado desses medicamentos na pecuária industrial acelera o surgimento de bactérias multirresistentes, comprometendo sua eficácia quando mais precisamos deles na saúde pública. 

Educação permanente


Outro eixo de nossa contribuição à consulta pública foi a defesa da educação permanente sobre Uma Só Saúde, abrangendo gestores, profissionais, pesquisadores e toda a sociedade. 

Acreditamos que campanhas de conscientização são indispensáveis para que a população compreenda, de forma prática, como a saúde dos animais impacta diretamente a saúde humana. Isso inclui desde os riscos do uso excessivo de antibióticos até a importância do manejo responsável, da guarda consciente e do convívio saudável com animais de companhia e silvestres.

Monitoramento do bem-estar

No que se refere aos animais de produção e aos silvestres, recomendamos que a vigilância integrada de saúde avance para também monitorar o bem-estar animal em todas as etapas do manejo, transporte e acolhimento, bem como nas práticas de produção intensiva. 

Sugerimos ainda o fortalecimento das unidades públicas de acolhimento e reabilitação, como os Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) e os centros de controle de zoonoses, garantindo que protocolos de bem-estar façam parte das ações de vigilância sanitária.

A nossa participação nessa consulta pública reforça a missão central da Proteção Animal Mundial: erradicar o sofrimento animal e construir sistemas alimentares mais justos, resilientes e sustentáveis. Seguiremos firmes para que a saúde pública e o bem-estar animal prevaleçam sobre interesses comerciais imediatistas, contribuindo para um futuro mais ético, saudável e seguro para todas as espécies.

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