Mostra Curupira fortalece agenda de proteção animal na Amazônia
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* A vida silvestre inspirou criações artísticas e reforçou diálogos entre a arte e meio ambiente
Com o tema “Defaunação Não, Refaunação Já”, cerca de 170 jovens e adultos expuseram produções de pintura, gravura, animação, artes plásticas, moda e teatro durante a 1ª Mostra Curupira de Arte e Meio Ambiente, realizada em Belém (PA) pela Proteção Animal Mundial em parceria com a Fundação Cultural do Pará e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
A programação ocorreu de 23 a 25 de outubro no Curro Velho, com a apresentação dos resultados das oficinas de diferentes linguagens artísticas inspiradas no debate da proteção da fauna e atividades como rodas de conversa, painéis, bate-papos e cine-debates inspirados no tema.
“A fotografia nos dá esse momento de contemplação, de pensar a imagem e ao mesmo tempo refletir sobre essa perspectiva da sustentabilidade e a necessidade de conservação da fauna”, afirmou a professora Bárbara Freire, que ministrou uma oficina de fotografia para os jovens da comunidade.
O biólogo César Favacho usa a fotografia para a divulgação científica. Foto: Fabrício Queiroz
“Isso é uma coisa muito necessária, principalmente para esses grupos de bichos que normalmente não são tão próximos das pessoas como os insetos, aracnídeos e outros. Falar disso é um grande prazer pra mim assim porque dá pra ver que as pessoas ficam curiosas, ficam interessadas e começam a ver coisas que elas nunca prestaram atenção, que às vezes são comuns no dia a dia. Dessa forma, a gente vai criando uma nova visão das pessoas sobre esses bichos”, contou o biólogo e divulgador científico César Favacho, que apresentou um painel sobre a macrofotografia de insetos.
Outro destaque da Mostra Curupira foi a participação do Grupo de Estudos de Animais Selvagens (GEAS), da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), que propôs uma atividade de educação ambiental baseada nas representações que os bichos ganham nas lendas e no imaginário da população amazônica. Estudantes de graduação utilizaram animais taxidermizados para desmistificar o suposto risco que algumas espécies representam, como a sucuri, as mucuras e a coruja suindara ou rasga-mortalha, cujo canto é considerado um presságio da morte.
Estudantes exploraram a relação da fauna com as lendas amazônicas. Foto: Fabrício Queiroz
“As crianças são a chave para a mudança do futuro da conservação do meio ambiente. Trabalhar com o lúdico e com animais taxidermizados atrai bastante e ajuda a compreender o processo”, ressaltou a professora e médica veterinária Ana Sílvia Ribeiro.
O encerramento da programação no último sábado (25) também foi marcado pela apresentação de um desfile de moda sustentável e pela peça “Falas da Floresta”, resultado das oficinas de iniciação teatral, canto, percussão do Curro Velho, um espaço tradicional para o desenvolvimento da arte-educação na periferia de Belém.
“A gente que vive em uma realidade urbana, mesmo tendo toda a floresta amazônica a nossa volta, mantemos um certo distanciamento dessa da floresta e dos animais. Na verdade, nós somos parte disso e temos que trazer essa consciência ambiental e ecológica para o nosso dia a dia. O que foi mostrado de temas nos painéis, palestras, rodas de conversa e filmes acrescentam muito ao nosso olhar”, declarou Andrei Miralha, coordenador de oficinas do Curro Velho.
A Mostra Curupira foi organizada pela Proteção Animal Mundial, a Fundação Cultural do Pará e o Ibama. Foto: Fabrício Queiroz
A realização da 1ª Mostra Curupira de Arte e Meio Ambiente faz parte das ações planejadas pela Proteção Animal Mundial para fortalecer ações de bem-estar animal e conservação da vida silvestre no bioma amazônico. Entre os principais resultados desta iniciativa está a inauguração do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) em Benevides, na região metropolitana de Belém, que vai permitir a reabilitação de cerca de 5 mil animais por ano.
Confira algumas das produções apresentadas na 1ª Mostra Curupira de Arte e Meio Ambiente
*A 1ª Mostra Curupira foi realizada no Curro Velho, na periferia de Belém. Foto: Fabrício Queiroz