Vista aérea de esculturas em forma de pegadas de onça na Praia de Copacabana

Patas de onça esculpidas na areia chamam a atenção em Copacabana

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A campanha "No Rastro da Onça" levou arte e informação para a praia de Copacabana no Dia Internacional da Onça-Pintada

Nesta sexta-feira, 29 de novembro, a praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, foi cenário de uma ação marcante em celebração ao Dia Internacional da Onça-Pintada. A escultura de quatro patas de onça na areia, criada pelo artista Rogean Rodrigues, chamou a atenção de moradores e turistas.  

Arte e conscientização ambiental

A ação faz parte da campanha "No Rastro da Onça", que destacou a importância da proteção da fauna silvestre e da refaunação – processo de devolver a fauna aos seus habitats naturais.  

A iniciativa também celebrou a emocionante reintrodução de Xamã um filhote de onça-pintada resgatado em 2022 próximo a focos de incêndio em Sinop (MT). Após dois anos de reabilitação, com o nosso apoio, Xamã retornou à Amazônia, representando um marco para a conservação da vida silvestre brasileira.  

“A fauna silvestre desempenha um papel crucial na saúde das florestas, exercendo diversas funções ecológicas e interagindo continuamente com a vegetação. Quando ocorre a defaunação, toda a dinâmica do ecossistema é comprometida, afetando negativamente o equilíbrio e a resiliência do ambiente. Por isso, é tão importante promover a refaunação”, explica Júlia Trevisan, coordenadora de vida silvestre da Proteção Animal Mundial.  

A simbologia das pegadas

As quatro patas esculpidas na areia não são apenas uma obra de arte, mas também carregam uma mensagem poderosa. Elas representam a jornada de Xamã, desde o resgate, passando por sua recuperação, até o retorno triunfante à Amazônia. A cada pegada, simbolizamos um passo importante na trajetória de reabilitação de animais silvestres vítimas da destruição ambiental.

“A jornada de Xamã é um exemplo do impacto que ações de proteção e reabilitação têm na vida dos animais silvestres e na preservação da biodiversidade brasileira”, explica Júlia Trevisan, coordenadora de vida silvestre da Proteção Animal Mundial.

Preparação das esculturas

A preparação das esculturas foi um trabalho árduo, minucioso e colaborativo. A nossa equipe, junto com o artista Rogean Rodrigues, chegou ao local na noite anterior e trabalhou por cerca de 10 horas para finalizar as quatro pegadas. Cada uma delas tem 9 metros quadrados, totalizando masi de 36 metros quadrados de arte na areia.

Rogean Rodrigues iniciando as marcações para escultira de uma das pegadasRogean Rodrigues realizando os estudos de uma das esculturas em forma de pegada de onça. (Crédito: Filipe Peduzzi)

Como matéria-prima, foram utilizadas apenas areia e água da praia, em um esforço que também buscou simbolizar a conexão entre a arte e a natureza. A ação chamou a atenção de frequentadores, que, curiosos, se aproximaram para conversar com a equipe da organização e saber mais sobre a campanha e a importância da refaunação.

Atividades e engajamento no Ponto Animal

As comemorações da campanha continuam no próximo domingo, 1º de dezembro, com o evento Ponto Animal, que oferecerá atividades educativas e interativas para toda a família. Crianças e adultos poderão aprender mais sobre Xamã e outros animais silvestres enquanto se divertem no Espaço Kids, com tatuagens temporárias, desenhos para colorir e bonecos infláveis de um lobo-guará e uma onça-pintada – ideais para fotos e lembranças.  

Voluntários e apoiadores estarão presentes para compartilhar histórias inspiradoras e destacar o papel essencial da refaunação na preservação das florestas brasileiras.  

Como participar e ajudar

A campanha "No Rastro da Onça" é uma oportunidade para toda sociedade se engajar na proteção da fauna silvestre. Acessando o site norastrodaonca.org.br  é possível conhecer a história do Xamã e fazer uma doação.

Com a sua ajuda, podemos transformar a realidade de muitos animais e garantir um futuro para espécies ameaçadas, como a onça-pintada.

Junte-se a nós para salvar nossa fauna

Ajude a combater os impactos da agropecuária industrial. Assine o manifesto em defesa da vida silvestre.

Ao enviar este formulário, concordo em receber mais comunicações da Proteção Animal Mundial e entendo que posso desistir a qualquer momento.

Saiba como usamos seus dados e como os mantemos seguros: Política de Privacidade.

Manifesto “Em defesa da Vida Silvestre”

“Defaunação, não! Refaunação, já!”

Este é um pedido para colocarmos fim à defaunação no Brasil.


Pedimos licença para falar pelos animais silvestres e expor o conjunto de ameaças que acontece dentro de seus habitats naturais.

Elas são muitas e chegam por todos os lados. A partir do momento que os humanos invadem áreas naturais e modificam os ecossistemas, devem se responsabilizar pelos impactos que trazem aos seus habitantes.

O desmatamento é a principal causa da perda de habitats no Brasil. Por meio dele não perdemos só árvores, mas destruímos também o lar e a vida de inúmeros animais. 

Neste momento, está acontecendo uma enorme perda de áreas naturais habitáveis em todos os biomas brasileiros, em especial na Amazônia e no Cerrado – que concentraram 85% do desmatamento do país nos últimos cinco anos, segundo dados do Mapbiomas.

E tem mais: 97% de toda essa área desmatada foi para uso da agropecuária. Florestas, campos e savanas, com as milhões de espécies que abrigam, estão sendo convertidos em monoculturas e pasto, acabando com sua biodiversidade.

Após o desmate, outras agressões ambientais aprofundam as ameaças aos animais silvestres. Como no caso das queimadas para a limpeza de terras que muitas vezes saem de controle e queimam novas áreas nativas, levando à carbonização, asfixia e queima de ninhos e tocas de milhares de espécies, como araras e lobos-guará, afugentando todos os animais que ali vivem e não é só isso.

Após toda devastação e destruição, vem a contaminação por agrotóxicos em lavouras estabelecidas.

Pressionada por esse conjunto de ações humanas que destroem seus habitats, a fauna silvestre, quando não se vê aprisionada em pequenos fragmentos de mata, é expulsa de seus locais de abrigo e alimentação ou obrigada a se deslocar, ficando exposta a atropelamentos em rodovias, ao tráfico de animais, aos conflitos com humanos, à fome e sede.

De acordo com o CBEE (Centro Brasileiro de Estudos de Ecologia de Estradas), estima-se que 15 animais silvestres morram atropelados por segundo no Brasil... Outros tantos, como antas, tamanduás e lobos-guará, para além dos insetos como abelhas e borboletas, adoecem ou morrem envenenados pelos agrotóxicos.

Fugir de seus lares em busca de sobrevivência faz com que os animais fiquem ainda mais vulneráveis à caça e ao comércio de silvestres, que é outra grande ameaça à fauna, sendo legalizado ou não.

Animais silvestres não nasceram para serem transformados em animais de estimação, tampouco para atenderem ao prazer sádico pela caça esportiva ou para entretenimento e selfies.

Infelizmente, a caça de silvestres no Brasil corre risco de ser legalizada, aumentando ainda mais a pressão que vem ocorrendo nos biomas brasileiros.

Os animais não são produtos para serem comercializados. Não podemos deixar que a nossa fauna seja caçada e comercializada para qualquer finalidade.

Nem prisioneiros nem refugiados

A fauna silvestre precisa de ambientes seguros, saudáveis e com espaço suficiente para existir. Como prevê a Constituição Federal, no artigo 225: é proibido práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem extinção ou que submetam os animais à crueldade.

Para além de suas funções ecológicas, os animais também são seres sencientes, dotados de sentimentos, inteligência e autonomia. Eles são sujeitos de direitos e não objetos, como muitas legislações brasileiras passaram a reconhecer.

Entre seus direitos, está o da liberdade e o de viver plenamente de acordo com seus comportamentos naturais – e não como animais de estimação.

O desmatamento, a agropecuária industrial e o comércio de animais prejudicam o bem-estar animal e têm levado à defaunação, que é a perda de animais silvestres nos seus habitats naturais.

Refaunação já!

Atuamos para que os animais silvestres vivam em seus habitats, livres da exploração comercial e de ameaças, podendo expressar seus comportamentos naturais. Mas não basta apenas interromper a destruição ou restaurar áreas já desmatadas.

É preciso refaunar e trazer de volta os animais para as florestas!

Florestas vazias não conseguem se manter e prosperar de forma saudável. As soluções para isso já existem.

Por isso, defendemos:

Priorizar a restauração de áreas degradadas para corredores ecológicos da fauna, revertendo a fragmentação de habitats e o isolamento das espécies;

Substituir o modelo agroindustrial baseado em monoculturas e agrotóxicos pela agrofloresta e agroecologia, com uso de bioinsumos, para uma convivência mais harmoniosa e saudável da produção de alimentos com a fauna silvestre;

Tornar obrigatório as passagens de fauna nas rodovias brasileiras;

Incentivar e estruturar o turismo de observação de animais nos roteiros de ecoturismo e turismo regenerativo como alternativas econômicas sustentáveis para comunidades locais, sem a exploração comercial das espécies;

Aprimorar as leis brasileiras para que reconheçam os animais como sujeitos de direitos, sencientes e não objetos.
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