Productos hechos con partes de jaguar vendidos en el Mercado El Campesino

Prisão boliviana alimenta comércio ilegal de animais silvestres

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Imagens exclusivas revelam que o Diretor da prisão promove abertamente a venda de itens de pele de onça produzidos por detentos.

Imagens exclusivas da Proteção Animal Mundial revelam que detentos na Bolívia estão lucrando com o comércio ilegal de animais selvagens ao fabricar "itens da moda" feitos de peles de onça.

O vídeo mostra detentos da prisão de Mocovi, em Trinidad, fabricando carteiras, chapéus, cintos e bolsas com peles de onças-pintadas, cobras, jacarés e queixadas - que são fornecidas por caçadores e vendedores do mercado local. Além disso, todo o material é divulgado e comercializado pelo próprio Diretor do presídio nas redes sociais.

Productos hechos con partes de jaguar vendidos en el mercado El Campesino en Bolivia

Produtos feitos com peças de onça vendidos no mercado El Campesino, na Bolívia.

Nas imagens, um detento conta que eles podem produzir até duas dúzias de itens ao longo de três a quatro dias, ganhando o suficiente "para o sustento diário". Os produtos finalizados são então comprados de volta pelos vendedores a preços que são negociados pelos detentos, transportados para fora da cadeia e depois vendidos nos mercados locais, principalmente para estrangeiros. 

"Animais ameaçados, como a onça-pintada, não têm chance se as próprias leis para os proteger forem flagrantemente ignoradas ou não aplicadas - mesmo dentro das cadeias. Esse trabalho ilegal está alimentando a crescente demanda nacional e internacional por partes do corpo de animais, o que está impulsionando a caça e o tráfico ilegal em toda a América Latina e ameaça os esforços de conservação. Identificar os processos e facilitadores complexos e secretos tem se mostrado difícil – até agora.  Este filme fornece evidências vitais para as autoridades bolivianas aplicarem suas próprias leis para salvar e proteger a vida selvagem, e sua reputação internacional”, relata Roberto Vieto, conselheiro Global de Bem-Estar Animal da Proteção Animal Mundial. 

A Bolívia faz parte do comércio ilegal de animais selvagens

O conteúdo, que modificamos para proteger as identidades, expõe uma engrenagem vital na intrincada infraestrutura global do crime que facilita o comércio ilegal de animais selvagens ameaçados na Bolívia, que busca se tornar um refúgio reconhecido para um dos grandes felinos mais icônicos do mundo.

As imagens, enviadas à nossa equipe de forma anônima e verificadas quanto à autenticidade, não mostra nenhuma evidência de que os detentos foram coagidos à atividade ilegal - validando postagens recentes nas redes sociais e uma reportagem da TV local em que o Diretor da prisão promove ativamente o trabalho dos presos e mercadoriais ilegais para venda.

Produtos feito com pele de onça e comercializados ilegalmente na Bolívia

Produtos feitos com peças de onça vendidos no mercado El Campesino, na Bolívia.

Bolívia é classificada como país de trânsito para o comércio ilegal de silvestres

A Bolívia é classificada como um país de trânsito, atuando como uma importante fonte e ponte para o comércio ilegal de vida selvagem entre o Brasil e o Peru, embora o contrabando de animais silvestres ocorra por meio de todas as suas fronteiras, que também incluem Argentina, Chile e Paraguai.

As florestas do município de San Borja, no norte do departamento de Beni, na Bolívia, são identificadas como o local privilegiado para caçadores de onças-pintadas, que compõem a maior parte da cadeia de fornecimento ilegal de corpos de animais da prisão de Mocovi.

Infográfico exemplica todas as etapas do comércio de peles de onças-pintadas que acontece em um presídio na Bolívia

De acordo com a lei boliviana, aqueles que forem pegos trabalhando no comércio ilegal de animais silvestres podem pegar até seis anos de prisão se forem condenados. Não se sabe se algum dos presos envolvidos na produção dos itens para o mercado está cumprindo pena por caça ilegal.

"As imagens fornecem evidências importantes de falha na aplicação da lei e falta de vontade política na Bolívia, que precisam ser urgentemente abordadas para evitar a crueldade da caça furtiva de grandes felinos e proteger a onça-pintada. Mas a lei por si só não vai acabar com o comércio ilegal de animais silvestres. Precisamos acabar com a demanda dos consumidores nos países que exploram essas espécies ameaçadas. Precisamos que a lei funcione ao lado de campanhas de conscientização pública e de mudança de comportamento. Só assim a Bolívia e outras nações da América Latina podem ser defendidas como redutos seguros para populações de onças-pintadas selvagens e outros animais ameaçados", afirma o chefe global de pesquisa de vida selvagem da Proteção Animal Mundial, Neil D'Cruze. 

A Proteção Animal Mundial alertou o Ministério do Meio Ambiente boliviano sobre essas evidências e pede ao governo central que implemente uma aplicação completa da lei para proteger toda a vida selvagem - e especialmente as onças-pintadas ameaçadas.

Novo documentário denuncia o comércio ilegal de onças na Bolívia

Poster do documentário Jaguar Spirit - Uma jornada reveladora

As imagens estarão presentes em um documentário financiado pela Proteção Animal e a National Geographic, Jaguar Spirit, que será lançado no dia 16 de agosto no YouTube.

Em pouco mais de duas décadas, as populações de onças diminuíram em até 25%.