Gato de cores branca e cinza, filhote, está envolto em uma corrente.

Sofrimento animal: Facebook lidera ranking de conteúdo cruel

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Novos dados revelam que gigante das redes sociais removeu apenas um terço do conteúdo denunciado.

Dados inéditos revelam que conteúdos chocantes e prejudiciais envolvendo abuso animal proliferam nas redes sociais, sendo o Facebook a plataforma com maior quantidade desse tipo de material.

De propriedade da Meta, o Facebook concentra 87,5% de todos os links relacionados à crueldade animal denunciados pelo público à Coalizão Contra a Crueldade Animal nas Redes Sociais (SMACC, na sigla em inglês), um coletivo formado por 34 organizações de proteção animal. Durante todo o ano de 2024, foram identificados pelo público e avaliados pela coalizão 80.972 links.

Macacos, gatos e cães estão entre os animais mais sujeitos à crueldade online, incluindo espécies ameaçadas como orangotangos, gorilas e macacos de cauda longa, submetidos a tortura e maus-tratos.

Principais conclusões:

  • Somados ao Instagram, foram denunciados pelo público mais de 71 mil links nas plataformas da Meta envolvendo crueldade animal;

  • No Facebook, o "ódio a macacos" é o tema predominante, representando 33,4% dos links denunciados. No Instagram, 33,8% do conteúdo relatado corresponde a "animais selvagens tratados como pets".

Pesquisadores da Coalizão coletaram um conjunto separado e mais detalhado de dados:

  • Foram analisados 2.050 links, 1.094 do Facebook e 39 do Instagram, confirmando que mais da metade do total provém das plataformas da Meta. Dos 1.133 links da Meta, apenas 36,3% foram removidos;

  • No Facebook, 24,5% do conteúdo é categorizado como "tortura física deliberada", enquanto o Instagram hospeda mais frequentemente conteúdos mostrando "animais como entretenimento" (35,9%);

  • Do ponto de vista das espécies, foram identificados 53 tipos de animais, totalizando 962 indivíduos no Facebook e 40 no Instagram. Pelo menos 108 desses indivíduos pertencem a espécies listadas pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), incluindo:

    • Orangotangos e gorilas (Criticamente Ameaçados);

    • Macacos de cauda longa, chimpanzés e macacos-de-cauda-de-leão (Ameaçados);

    • Guepardos, leões e macacos-de-cauda-curta (Vulneráveis).

  • Outros 33 tipos de animais são classificados como "dependentes da espécie", indicando potencialmente um número ainda maior de animais afetados segundo a IUCN.

  • Primatas (especialmente macacos), cães e gatos são os animais mais frequentemente expostos a esse conteúdo cruel.

Apesar das plataformas sociais implementarem políticas contra esse tipo de conteúdo, os dados mostram falhas na identificação e remoção dos materiais denunciados.

A lei contra a crueldade animal

A crueldade animal online está sendo cada vez mais reconhecida em legislações internacionais. O cenário legislativo sobre segurança digital evolui rapidamente, com governos definindo responsabilidades mais claras para plataformas mitigarem danos online, incluindo crueldade animal.

No Reino Unido, a Lei de Segurança Online de 2023 classifica crueldade animal como conteúdo ilegal prioritário, exigindo que plataformas detectem e removam esse conteúdo rapidamente, sob pena de multas de até 18 milhões de libras ou 10% do faturamento global anual, fiscalizadas pela Ofcom.

Da mesma forma, a Lei de Serviços Digitais (DSA) da União Europeia, vigente desde fevereiro de 2024, obriga plataformas a oferecer mecanismos eficazes de denúncia de conteúdo ilegal, agir rapidamente após notificações, realizar avaliações de risco e passar por auditorias independentes regulares. As penalidades podem chegar a 6% do faturamento global.

Essas leis estabelecem novos padrões para a responsabilidade digital e outros países devem adotar estruturas semelhantes. Por exemplo, a Lei de Proteção Animal de Taiwan, que agora exige explicitamente que plataformas sociais colaborem com as autoridades e garantam transparência nas investigações sobre crueldade animal online.

"É fundamental que as empresas de redes sociais levem isso a sério e melhorem seus sistemas de moderação e políticas de aplicação de regras. As políticas devem definir claramente e proibir todas as formas de crueldade animal, garantindo uma fiscalização mais rigorosa, especialmente contra reincidentes e redes organizadas de abuso. Os animais merecem mais. Precisamos continuar denunciando esses conteúdos às plataformas sociais. Não podemos ignorar a crueldade e os maus-tratos", defende Tricia Croasdell, CEO da Proteção Animal Mundial. 

Semana de Denúncia!

Esses dados foram divulgados durante a Report IT! Week  ("Semana de Denúncia", em português), que ocorreu entre 23 e 30 de maio com o objetivo de aumentar a conscientização global sobre a crueldade animal online e reforçar a importância de denunciar esse tipo de conteúdo nas redes sociais.

A Semana destacou a importância das denúncias. Ao aumentar a conscientização, buscamos influenciar usuários e empresas das redes sociais a não ignorarem essa crueldade.

Durante a semana de mobilização, a SMACC pediu que empresas de redes sociais ajam decisivamente contra conteúdos de crueldade animal compartilhados em suas plataformas, removendo rapidamente os conteúdos abusivos denunciados pelo público e especialistas.

A coalizão também convida as plataformas a colaborarem com seus especialistas para fortalecer políticas de bem-estar animal e aprimorar os sistemas de moderação de conteúdo, garantindo que a crueldade animal não tenha espaço na internet.

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