Tamanduá-bandeira andando em meio à área completamente devastada pelo fogo no Pantanal

Instituto reabilita filhotes de tamanduá vítimas das queimadas no Pantanal

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Projeto Órfãos do Fogo surgiu no começo de 2021 após o grande número de animais afetados pelo fogo em 2020

Gerenciado pelo Instituto Tamanduá, o projeto Órfãos do Fogo, que trata e recupera filhotes de tamanduá impactados pelas queimadas no Pantanal, surgiu no começo de 2021 após o grande número de animais afetados pelo fogo em 2020.

“No ano passado contabilizamos 54 filhotes de tamanduá que chegaram ao CRAS (Centro de Recuperação de Animais Silvestres) de Campo Grande. A média anual era de 20 filhotes. Esse aumento expressivo nos motivou a instalar essa base na região pantaneira”, explica a médica veterinária Karina Abreu Ribeiro, que se divide nos cuidados com os animais com uma outra colega do Instituto.

Atualmente as duas se desdobram no tratamento de três filhotes, ainda em fase de recuperação, e de dois indivíduos já adultos, que estão na última fase de adaptação para a soltura na natureza.  “É muito trabalho, mas também muito recompensador. Quando chegam filhotes bem pequenos temos que amamentar umas 15 vezes ao dia. É um cuidado de 24 horas”, diz a veterinária.

Tamanduá-bandeira adulto no projeto Órfãos do Fogo, do Instituto Tamanduá

Um dos animais adultos que foram resgatados pelo Instituto Tamanduá

Um desses animais é o filhote de tamanduá-bandeira Joaquim, com cinco meses de vida e sete quilos. Joaquim chegou há dois meses ao Instituto, bem debilitado após ser vítima de um atropelamento na região. “Suspeitamos que a sua mãe tenha sido vítima do fogo, mas ele conseguiu escapar. Na verdade, esses animais são sortudos que fugiram das áreas queimadas, sobreviveram a um atropelamento e chegaram a um centro que tem a atenção adequada”, diz Karina, explicando que em breve Joaquim, que gosta de ser amamentado deitado, terá ração animal introduzida em sua alimentação.

Assim como Joaquim, a maioria dos animais tratados pelo Instituto não foi diretamente impactada pelo fogo. Ou seja, não apresentam queimaduras, mas são vítimas indiretas das queimadas, pois foram abandonados pelas suas mães ou conseguiram fugir para áreas mais urbanas.

“Muitos deles chegam na cidade fugindo dos incêndios na mata e acabam sofrendo alguma lesão ao entrarem em contato com áreas urbanas. No geral, eles são resgatados pela Polícia Militar Ambiental e direcionados ao CRAS”, diz ela, lembrando que as estradas da região possuem trânsito intenso de caminhões devido ao transporte de produtos agropecuários e à ligação terrestre com a Bolívia.

Pelo acordo com o CRAS, os filhotes de tamanduá são encaminhados ao Órfãos do Fogo, sediado a aproximadamente 200 quilômetros, na cidade de Aquidauana (MS). O projeto está alocado na Pousada Aguapé, que além de ceder o espaço físico, apoia a logística da operação.

Atualmente, o espaço conta com dois recintos: um para o tratamento dos filhotes e outro de pré-soltura. Quando os tamanduás chegam pequenos, acabam sendo acondicionados em caixas de plástico e mantidos na acomodação das próprias biólogas. A capacidade máxima do Instituto é de seis animais, bem abaixo da demanda por atendimento.

Nosso apoio financeiro ao Instituto Homem Pantaneiro irá beneficiar, indiretamente, o Instituto Tamanduá, que é membro do GRETAP (Grupo de Resgate Técnico Animal do Pantanal).

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