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Poranduba Amazônia se junta às 11 empresas compromissadas com o bem-estar animal no turismo brasileiro

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Principal recomendação é que no turismo com silvestres não pode haver animais com restrição da liberdade ou em interação próxima com humanos

A Poranduba Amazônia é a mais nova agência de turismo a se comprometer voluntariamente com o bem-estar animal no Brasil, conforme diretrizes indicadas pela Proteção Animal Mundial. Esse é mais um passo da agência de uma jornada já marcada pela sustentabilidade.

Isso porque a Poranduba Amazônia é uma iniciativa da Comunidade Tumbira, instalada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Negro, no município de Iranduba, a 64 km de Manaus. Por meio dela, as famílias residentes no local promovem o turismo de base comunitária, caracterizado pela troca autêntica de experiências entre habitantes e visitantes.

Dessa forma, a atividade procura gerar renda com distribuição justa, com exploração controlada de recursos, foco na melhoria social e na preservação dos patrimônios natural e cultural. As atividades oferecidas incluem trilhas, passeios de canoa, banho de rio e passeios de lancha pelo Parque Nacional de Anavilhanas, entre outras.

“Nossas atividades valorizam as tradições regionais e os saberes populares, dos jovens aos idosos. Gostamos de mostrar aos visitantes como é a nossa vida perto da floresta, e isso é importante para manter a cultura ribeirinha viva e afirmar nossa identidade. Mostrar algo para um visitante, que veio de longe, nos enche de orgulho e queremos mostrar o que temos de melhorar. Na verdade, queremos ser melhores para poder mostrar ao outro, isso é natural do ser humano. Acreditamos que o turismo deve ser assim: um lugar bom para se visitar deve ser, antes, um bom lugar para se viver”, detalha Bruno Mangolini, coordenador geral da Poranduba Amazônia.

Bruno ainda explica que a adesão ao compromisso aconteceu por alinhamento de propósito e que é muito importante encontrar parceiros que tenham a mesma visão de mundo. "Queremos construir uma cultura local de sustentabilidade, respeito à natureza e responsabilidade com o meio ambiente e o outro. Afirmar nosso compromisso em um documento é um passo importante para difundir essa cultura em nossa comunidade e em nossas práticas”, acrescenta Mangolini.

Agora, contamos com 12 agências de turismo brasileiras integrantes de um importante movimento que está mudando por dentro a indústria do turismo. Acreditamos que esse mercado está em um momento único para recomeçar da forma certa, eliminando gradualmente as atividades com vida selvagem em cativeiro. 

Nosso gerente de campanhas de vida silvestre, João Almeida, explica que as agências que assumem o compromisso de proteger os animais selvagens devem fazer uma revisão de produtos e ações para garantir que somente comercializam experiências turística que promovem a observação da fauna livre na natureza. 

"Nada de apresentações que usem animais como entretenimento, manutenção dos bichos em cativeiro, amarrados, mutilados ou sedados para acariciamento, abraços, nado, montaria, para a realização de selfies ou para a alimentação com toda a sorte de petiscos indevidos. Esse compromisso deve ser ativamente compartilhado e difundido, tanto internamente, incluindo funcionários e fornecedores, quanto externamente, com parceiros, clientes (turistas) e o público geral”, esclarece João Almeida.

Retirar animais selvagens da natureza é ilegal

De acordo com a legislação brasileira, é ilegal remover qualquer animal da natureza para manter como animal de estimação ou, ainda, possuir animal selvagem sem licença. Infelizmente, muitas pessoas que promovem atividades com animais silvestres, além de infringirem a lei, os tratam como produtos ou objetos. E turistas que participam destas interações rápidas e aparentemente inofensivas não se dão conta do sofrimento físico e mental gerado – além dos riscos para a própria saúde.

Há até quem acredite estar colaborando com o bem-estar animal e a preservação por estar pagando por algo que gera emprego e renda localmente. Mas só o que isso faz é sustentar uma cadeia de exploração permanente.

O jeito certo de ajudar é participando de um turismo de vida selvagem que acontece de forma ética e responsável: distância respeitosa e observação da fauna em seu próprio ambiente natural.

“Acredito que as pessoas estão cada vez mais conscientes de que a proteção da natureza, da floresta e dos animais é fundamental para um mundo saudável. Os clientes que nos procuram costumam ter essa consciência e buscamos que nossas viagens sejam uma oportunidade de inspiração e trocas sobre a importância do meio ambiente para que as pessoas também tenham relações harmônicas”, relata Bruno.