Cargo of Cruelty

Crueldade a bordo: nova investigação revela o papel da Ethiopian Airlines no comércio global de animais silvestres

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Nosso novo relatório revela que a Ethiopian Airlines envia animais vivos para o resto do mundo para serem explorados como animais de estimação exóticos

Em uma investigação para identificar o papel da indústria da aviação no transporte de animais selvagens na África Ocidental, descobrimos que a Ethiopian Airlines - maior grupo de aviação do continente - é a principal culpada pelo transporte comercial de silvestres para serem explorados como animais de estimação exóticos.

Nossa equipe analisou atividades nas redes sociais, como postagens com anúncios de animais para compra ou exportação, para demonstrar como as companhias aéreas estão estimulando o comércio de animais silvestres por meio do transporte internacional.

Animais silvestres como a civeta africana, a tartaruga-de-esporas africana, a píton-bola africana, galagos, víboras-das-árvores-verde, entre outros estão sendo explorados por esse comércio. E o mais preocupante: grandes grupos de animais estão se extinguindo com muita rapidez.

Tudo isso é impulsionado pela demanda dos consumidores que procuram por produtos de luxo, sendo um dos principais contribuintes o comércio irresponsável de animais de estimação exóticos.

E quem sofre com toda essa crueldade são os animais.

Leia o sumário executivo

Sofrimento animal em todas as fases

Muitos dos animais que são transportados estão ameaçados de extinção ou pertencem a espécies cujas populações selvagens são desconhecidas ou apresentam tendência de declínio populacional. Os animais sofrem desde a captura e são mantidos em condições cruéis, o que pode deixá-los estressados e vulneráveis a infecções ou até mesmo à morte.

O comércio global de animais silvestres não é apenas considerado uma das principais causas do colapso do ecossistema e da perda de biodiversidade a nível global. A exploração dos animais selvagens também apresenta enormes riscos de biossegurança.

Acredita-se que mais de 70% das doenças infecciosas zoonóticas emergentes tenham origem em animais silvestres que vivem em condições precárias e pela interação com as pessoas. Tudo isso cria o cenário perfeito para que os vírus sofram mutações e se espalhem para os humanos.

 

África Ocidental– um importante centro comercial e exportador

Em uma visão mais detalhada sobre a diversidade e extensão do comércio global de animais silvestres originário da África Ocidental, nosso relatório revela que: 

  • Duzentas espécies diferentes, incluindo 187 vertebrados, foram anunciadas como disponíveis para compra ou exportação por duas contas em redes sociais de comerciantes de animais selvagens no Togo, entre 2016 e 2020; 
  • Mais de 7% das espécies identificadas nas postagens em redes sociais são classificadas como Vulneráveis, Ameaçadas ou Criticamente em Perigo, de acordo com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), atestando que as espécies ameaçadas de extinção também est]ao envolvidas no comércio; 
  • Pelo menos 4 dentre 33 remessas da Ethiopian Airlines investigadas transportavam mamíferos de alta preocupação em termos de biossegurança, incluindo civetas africanas, primatas e mangustos-do-pântano para destinos como Itália, Coreia do Sul, Tailândia e Malásia; 
  • Ginetas, lagartos de escama áspera (lagarto da savana), tartaruga-de-esporas-africana, lagartos-monitores-da-savana, víboras-das-árvores-verdes, camaleões e escorpiões estavam entre os animais enviados com mais frequência pela Ethiopian Airlines. 

Grande risco para as pessoas e os animais

"Enquanto o mundo ainda enfrenta os impactos da pandemia, é importante lembrar como tudo começou - com o comércio de animais silvestres. Precisamos barrar a propagação de patógenos e a maneira mais eficaz de fazer isso é, inicialmente, impedindo que sejam colocados em um avião. O comércio de animais de estimação exóticos é um bom ponto para começar esse esforço”, avalia o diretor interino da Proteção Animal Mundial no Brasil, João Almeida.   

É hora de acabar com isso

Estamos pedindo que a Ethiopian Airlines e outras companhias aéreas ajudem a reduzir o comércio de animais silvestres, com ação imediata sobre as espécies que apresentam alto risco de biossegurança.  

As companhias aéreas devem acabar com todo o transporte de animais selvagens, seja para a exploração comercial como animais de estimação exóticos ou para outros fins. Os animais silvestres devem permanecer na natureza, onde eles pertencem.

Todos os dias, milhares de animais silvestres são caçados ou criados em cativeiro para serem vendidos no comércio global e multibilionários de animais. É por isso que pedimos o fim do comércio global de animais selvagens. Para sempre.

Leia o relatório completo (em inglês) 

Enquanto o mundo ainda enfrenta os impactos da pandemia, é importante lembrar como tudo começou - com o comércio de animais silvestres.