Jabuti atrás de um portão, com grades, olhando para o lado

Descubra por que jabutis não são animais de estimação

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Quinto animal silvestre mais vendido no Brasil, o jabuti também é um dos mais traficados – e também um dos mais rejeitados

Com um jeito dócil e a fama de ser “fácil de cuidar”, o jabuti é um animal bem comum nas casas brasileiras. O jabuti-piranga, uma das espécies existentes no Brasil, é o quinto animal silvestre mais vendido no país e, infelizmente, um dos mais traficadosSim, mesmo que pareça um contrassenso, é comum o mercado de animais de estimação estimular o tráfico da mesma espécie... Isso acontece por causa da alta demanda por parte dos consumidores por esse animal.

Em geral, o jabuti é visto como um animal tranquilo e fácil de cuidar. Mas, se fosse assim tão fácil, por que eles estão entre os animais mais devolvidos aos CETAS (Centro de Triagem de Animais Silvestres)?

Caixa de papelão com diversos jabutis apreendidos do tráfico

Jabutis-piranga apreendidos do tráfico de animais silvestres. Foto: CETAS MG 

Pra começo de conversa, 46% das pessoas que adquirem um animal silvestre tomam essa decisão por impulso. Ou seja, acham que é a mesma coisa que adquirir um gato ou cachorro. O que está longe de ser verdade, já que o silvestre é um animal com necessidades muito específicas que só são encontradas na natureza.

No que diz respeito ao jabuti, especificamente, há uma série de razões para a devolução, sendo a longevidade uma delas: ele pode viver cerca de 80 anos, o que significa dizer que ele será praticamente uma herança de família.

A falta de interação com os tutores também estimula a devolução dos jabutis, pois ele não é um animal que tem facilidade de se conectar emocionalmente com as pessoas. Isso faz com que os tutores rapidamente “enjoem” do animal. Além disso, também é difícil perceber o estado de saúde dele, já que suas emoções não são facilmente identificadas.

Outra característica que vai contra o senso comum é o fato do jabuti ser muito ativo, por mais que tenha o histórico de ser letárgico. Livres, na natureza, o jabuti costuma caminhar bastante e percorrer diferentes ambientes. Outro ponto é a sua dieta, que é bem diversa, composta por vegetais, frutas e até outros animais. Por incrível que pareça, ele não tem o hábito de comer alface – uma das verduras mais comuns na dieta dos jabutis em cativeiro, tanto que é comum encontrar jabutis de estimação desnutridos.

Como répteis, os jabutis também precisam de bastante luz solar, o que inviabiliza a criação em um ambiente interno, como um apartamento – por mais que o tutor invista em um terrário e em luz artificial para manter a temperatura adequada. 

O jabuti é um animal silvestre

Ser retirado da natureza para ser explorado como animal de estimação acaba suprimindo os comportamentos e instintos naturais do jabuti. É bem diferente da situação dos cães e gatos, que passaram por um processo de domesticação de milhares de anos que os tornou adaptados para a convivência com os humanos.

Por mais cuidadoso que o tutor seja, ele nunca conseguirá oferecer todas as condições necessárias para que um animal silvestre se desenvolva plenamente.

Lugar de animal silvestre é na natureza.

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Manifesto “Em defesa da Vida Silvestre”

“Defaunação, não! Refaunação, já!”

Este é um pedido para colocarmos fim à defaunação no Brasil.


Pedimos licença para falar pelos animais silvestres e expor o conjunto de ameaças que acontece dentro de seus habitats naturais.

Elas são muitas e chegam por todos os lados. A partir do momento que os humanos invadem áreas naturais e modificam os ecossistemas, devem se responsabilizar pelos impactos que trazem aos seus habitantes.

O desmatamento é a principal causa da perda de habitats no Brasil. Por meio dele não perdemos só árvores, mas destruímos também o lar e a vida de inúmeros animais. 

Neste momento, está acontecendo uma enorme perda de áreas naturais habitáveis em todos os biomas brasileiros, em especial na Amazônia e no Cerrado – que concentraram 85% do desmatamento do país nos últimos cinco anos, segundo dados do Mapbiomas.

E tem mais: 97% de toda essa área desmatada foi para uso da agropecuária. Florestas, campos e savanas, com as milhões de espécies que abrigam, estão sendo convertidos em monoculturas e pasto, acabando com sua biodiversidade.

Após o desmate, outras agressões ambientais aprofundam as ameaças aos animais silvestres. Como no caso das queimadas para a limpeza de terras que muitas vezes saem de controle e queimam novas áreas nativas, levando à carbonização, asfixia e queima de ninhos e tocas de milhares de espécies, como araras e lobos-guará, afugentando todos os animais que ali vivem e não é só isso.

Após toda devastação e destruição, vem a contaminação por agrotóxicos em lavouras estabelecidas.

Pressionada por esse conjunto de ações humanas que destroem seus habitats, a fauna silvestre, quando não se vê aprisionada em pequenos fragmentos de mata, é expulsa de seus locais de abrigo e alimentação ou obrigada a se deslocar, ficando exposta a atropelamentos em rodovias, ao tráfico de animais, aos conflitos com humanos, à fome e sede.

De acordo com o CBEE (Centro Brasileiro de Estudos de Ecologia de Estradas), estima-se que 15 animais silvestres morram atropelados por segundo no Brasil... Outros tantos, como antas, tamanduás e lobos-guará, para além dos insetos como abelhas e borboletas, adoecem ou morrem envenenados pelos agrotóxicos.

Fugir de seus lares em busca de sobrevivência faz com que os animais fiquem ainda mais vulneráveis à caça e ao comércio de silvestres, que é outra grande ameaça à fauna, sendo legalizado ou não.

Animais silvestres não nasceram para serem transformados em animais de estimação, tampouco para atenderem ao prazer sádico pela caça esportiva ou para entretenimento e selfies.

Infelizmente, a caça de silvestres no Brasil corre risco de ser legalizada, aumentando ainda mais a pressão que vem ocorrendo nos biomas brasileiros.

Os animais não são produtos para serem comercializados. Não podemos deixar que a nossa fauna seja caçada e comercializada para qualquer finalidade.

Nem prisioneiros nem refugiados

A fauna silvestre precisa de ambientes seguros, saudáveis e com espaço suficiente para existir. Como prevê a Constituição Federal, no artigo 225: é proibido práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem extinção ou que submetam os animais à crueldade.

Para além de suas funções ecológicas, os animais também são seres sencientes, dotados de sentimentos, inteligência e autonomia. Eles são sujeitos de direitos e não objetos, como muitas legislações brasileiras passaram a reconhecer.

Entre seus direitos, está o da liberdade e o de viver plenamente de acordo com seus comportamentos naturais – e não como animais de estimação.

O desmatamento, a agropecuária industrial e o comércio de animais prejudicam o bem-estar animal e têm levado à defaunação, que é a perda de animais silvestres nos seus habitats naturais.

Refaunação já!

Atuamos para que os animais silvestres vivam em seus habitats, livres da exploração comercial e de ameaças, podendo expressar seus comportamentos naturais. Mas não basta apenas interromper a destruição ou restaurar áreas já desmatadas.

É preciso refaunar e trazer de volta os animais para as florestas!

Florestas vazias não conseguem se manter e prosperar de forma saudável. As soluções para isso já existem.

Por isso, defendemos:

Priorizar a restauração de áreas degradadas para corredores ecológicos da fauna, revertendo a fragmentação de habitats e o isolamento das espécies;

Substituir o modelo agroindustrial baseado em monoculturas e agrotóxicos pela agrofloresta e agroecologia, com uso de bioinsumos, para uma convivência mais harmoniosa e saudável da produção de alimentos com a fauna silvestre;

Tornar obrigatório as passagens de fauna nas rodovias brasileiras;

Incentivar e estruturar o turismo de observação de animais nos roteiros de ecoturismo e turismo regenerativo como alternativas econômicas sustentáveis para comunidades locais, sem a exploração comercial das espécies;

Aprimorar as leis brasileiras para que reconheçam os animais como sujeitos de direitos, sencientes e não objetos.
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