macacos-prego na natureza

CALENDÁRIO ANIMAL 2026: TODO DIA É DIA DE PROTEGER O AMANHÃ

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Cada mês traz o retrato das futuras gerações da vida selvagem e um convite à ação. Adquirindo o seu calendário, você apoia a Proteção Animal Mundial na defesa dos animais e na preservação do planeta.

JANEIRO | Peixe-boi-da-amazônia (Trichecus inunguis)

Crédito da imagem: Anselmo d´Affonseca

Não é peixe, nem boi. Mas é um mamífero encontrado na água doce. O verdadeiro gigante da Amazônia pode chegar a 3 metros de comprimento e pesar até 450 quilos, mas, apesar do tamanho impressionante, é conhecido pelo temperamento dócil e pela aparência simpática, com corpo roliço, olhos pequenos e rosto arredondado. Herbívoro, alimenta-se de uma grande variedade de plantas aquáticas e semi-aquáticas, consumindo cerca de 8% de seu peso corporal em alimento por dia. Entre suas preferências está o capim-agulha, por isso o nome popular associado ao “boi”. Vive em águas calmas, como rios, lagos e igarapés da Amazônia, movendo-se lentamente e subindo à superfície com frequência para respirar.

O peixe-boi amazônico tem papel vital no equilíbrio dos ecossistemas aquáticos. Ao controlar o crescimento de plantas, evita que elas impeçam a passagem de luz e prejudiquem outros organismos. Além disso, é um verdadeiro jardineiro natural: suas fezes, ricas em nutrientes e sementes, fertilizam os corpos d’água e ajudam na regeneração da vegetação, contribuindo para a manutenção da biodiversidade.

Apesar de ser protegido por lei desde 1967, ainda sofre com a caça ilegal e a destruição de seu habitat, o que obriga muitas fêmeas a darem à luz em áreas rasas e desprotegidas, aumentando o risco de os filhotes ficarem presos. A relação entre mãe e filhote é intensa e afetuosa: mesmo sem orelhas externas, a mãe reconhece o chamado do filhote pelo som e dedica-se intensamente a ele, desde a longa gestação de cerca de 13 meses até os dois anos de amamentação. Como vivem de forma solitária, esse vínculo maternal é o mais duradouro de toda sua vida. Com expectativa de 60 anos, o peixe-boi amazônico é um verdadeiro símbolo de serenidade nos rios da floresta.

 

FEVEREIRO | Golfinho-rotador (Stenella longirostris)

Crédito da imagem: Rafael Pinheiro (cedida por  Projeto Golfinho Rotador)

O golfinho-rotador tem esse nome porque dá uns sete giros no ar, com seus quase 2 metros e chegando a 75kg, corpo e focinho alongados, coloração cinza escura no dorso e tons mais claros na lateral e barriga branca. 

É a terceira espécie de golfinho que mais ocorre no mundo, morador de águas tropicais no Atlântico, Pacífico e Índico. Embora raramente se aproximem da costa continental, procuram abrigo em águas calmas de enseadas de ilhas oceânicas para descansar, reproduzir e cuidar dos filhotes. No arquipélago de Fernando de Noronha, quase 100% dos golfinhos que aparecem por lá são Stenella longirostris. Segundo o projeto Golfinho Rotador, há registro de visita do golfinho-rotador desde o arquipélago de São Pedro e São Paulo até o Rio Grande do Sul. 

O tempo de gestação é de, aproximadamente, 10 meses. Os laços de mãe-filhos são persistentes, como em outras espécies de golfinhos. Comunicam-se por estalidos, assobios, pulsos, sinais visuais, toques, saltos e batidas de cabeça e de cauda. Esses golfinhos podem ser vistos em grupos que variam de três a dois mil indivíduos. Em grupo, capturam suas presas: peixes, lulas, camarões. 

Assim como muitos animais marinhos, o golfinho-rotador enfrenta diversas ameaças decorrentes da atividade humana, como barcos de turismo, redes de pesca, barcos de arrasto e pesca com espinhéis. Apesar de sua ampla distribuição, esses fatores têm contribuído para o declínio de algumas populações. 

 

MARÇO | Macaco-prego (Sapujus apella)

Crédito da imagem: World Animal Protection 

O macaco-prego é um dos primatas mais  curiosos da América Latina. Muito habilidoso e curioso, ele se destaca pela pela capacidade de usar ferramentas espontaneamente, é comum observar esses macacos utilizando pedras para quebrar cocos de jerivá e acessar o alimento dentro deles. De porte médio, pesando cerca de 3 quilos, os macacos-prego têm mãos muito desenvolvidas e expressões faciais intensas. 

Vivem em florestas tropicais e costumam formar grupos de 8 a 12 indivíduos, são diurnos e arborícolas, passando boa parte do dia nas copas das árvores, mas também descem ao chão em busca de alimento. Além de sua inteligência, o macaco-prego tem um papel ecológico fundamental: alimenta-se de frutos, sementes, insetos e pequenos animais, e ao espalhar sementes pelas fezes, ajuda na regeneração das florestas. Também contribui para o controle natural de insetos, mantendo o equilíbrio do ecossistema. Infelizmente, a espécie enfrenta ameaças causadas pelo desmatamento, incêndios, caça e construção de rodovias, o que coloca em risco sua sobrevivência.

A relação entre mãe e filhote é especialmente marcante. A gestação dura cerca de seis meses e as fêmeas têm um único filhote a cada dois anos e desenvolvem com ele um forte vínculo afetivo, mantendo contato físico constante nos primeiros meses. O filhote depende totalmente da mãe, mas, a partir do terceiro mês, começa a explorar o ambiente, tornando-se aos poucos mais independente. Esse processo é lento e cheio de trocas, revelando o cuidado, a paciência e o laço profundo que unem mãe e filhote.

 

ABRIL | Galinha (Gallus gallus domesticus)

Crédito da imagem: Majna / Shutterstock 

A galinha é uma ave de médio porte da família dos fasiânideos, considerada uma das espécies mais amplamente distribuídas por todo o mundo. Originária do sudeste asiático, foi introduzida intencionalmente em diversos continentes. Vive, em média, de 5 a 10 anos, e sua versatilidade permitiu que se adaptasse a diferentes ambientes e formas de convivência com as pessoas, desde fazendas até quintais urbanos.

Essas aves vivem em grupos hierárquicos, com machos dominantes e várias fêmeas, e são conhecidas por sua vida social e comunicação sofisticada. Na natureza, alimentam-se de sementes, insetos, plantas e pequenos animais, demonstrando comportamento curioso e observador. As galinhas são aves polígamas, e as fêmeas constroem ninhos comunitários, botando de 8 a 10 ovos que são incubados por cerca de 21 dias. As mães cuidam com carinho dos pintinhos, cacarejando para guiá-los e protegê-los, e os filhotes crescem rapidamente, em oito semanas já apresentam a plumagem adulta.

Além de inteligentes, as galinhas são seres sencientes, capazes de sentir emoções, reconhecer rostos humanos e lembrar experiências positivas ou negativas. Comunicativas, utilizam cerca de 30 sons diferentes para expressar emoções e alertar o grupo, e piam para os filhotes quando eles ainda estão dentro dos ovos, e os pintinhos piam de volta! As galinhas aprendem rápido: elas têm capacidade de coletar informações espaciais e realizar tarefas com um pouco de treinamento e transmitem conhecimento de geração em geração. Elas se lembram de ter apreciado certos alimentos ou do que representou um perigo para o rebanho e tomam decisões com base nessas experiências. Muito além de simples aves domésticas, as galinhas revelam uma vida social complexa e emocional, digna de admiração.

 

MAIO | Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla)

Crédito da imagem: Luiz Felipe Mendes / World Animal Protection

O tamanduá-bandeira pode medir até dois metros de comprimento, incluindo a longa cauda, e pesar cerca de 40 quilos. Apesar do porte robusto, é um animal ágil e conta com um olfato 40 vezes mais apurado que o humano, o que o ajuda a encontrar alimento com facilidade. Sua língua, que pode chegar a 60 centímetros, é coberta por uma substância pegajosa ideal para capturar formigas e cupins, suas principais presas. Mesmo sem dentes, ele não é indefeso: quando ameaçado, ergue-se sobre as patas traseiras e usa as garras dianteiras afiadas para se proteger, exibindo suas poderosas armas naturais.

Com hábitos terrestres e solitários e alimentando-se principalmente de formigas e cupins, esse animal pode consumir cerca de 30 mil insetos por dia. Essa rica dieta contribui para o equilíbrio ecológico dos ambientes onde vive. É uma espécie de ampla distribuição, encontrada em campos abertos, cerrados, florestas, regiões alagadas e áreas secas. Seu período de atividade varia entre o dia e a noite, conforme o clima e as condições do ambiente. É preocupante notar que o animal enfrenta sérias ameaças de extinção: nas últimas décadas, perdeu mais de 30% de sua população devido à destruição de seu habitat natural. A espécie também sofre com a caça, movida por crenças populares equivocadas, além da intoxicação por agrotóxicos, dos incêndios florestais, das mudanças climáticas e dos atropelamentos em rodovias, fatores que têm reduzido drasticamente suas populações.

Mesmo com esses desafios para a espécie, há uma forte relação entre mãe e filhote. A gestação dura cerca de 184 dias, e nasce apenas um filhote por vez. A fêmea carrega o pequeno no dorso por seis a nove meses, em uma cena de ternura que encanta quem tem a sorte de presenciar. Durante esse tempo, o filhote acompanha a mãe em todos os seus deslocamentos, aprendendo sobre o ambiente e se protegendo dos perigos. O cuidado materno é intenso e prolongado, e o baixo número de filhotes mostra o quanto o tamanduá investe na sobrevivência de cada um deles. Essa forte ligação entre mãe e filhote é uma das características mais marcantes da espécie.

 

JUNHO | Anta (Tapirus terrestris)

Crédito da imagem: Gerard Lacz / Shutterstock 

A anta é um dos animais mais fascinantes da fauna brasileira e também o maior mamífero terrestre da América do Sul. De hábitos solitários e alimentando-se principalmente de frutos, é um animal tímido que precisa de grandes espaços para viver, podendo alcançar impressionantes 300 quilos de peso. Apesar de sua aparência robusta e aparentemente desajeitada, a anta é surpreendentemente ágil na água, nadando com facilidade e até mesmo submergindo completamente quando se sente ameaçada. Sua pelagem é curta e densa, variando entre tons de marrom-escuro e preto. Nos filhotes, destacam-se as manchas brancas espalhadas pelo corpo, que lhes conferem uma aparência única e encantadora.

A espécie costuma habitar regiões próximas a rios e florestas úmidas, ambientes que oferecem abrigo, alimento e segurança. As antas adoram tomar banhos de lama e de água, não apenas para se refrescar, mas também para se livrar de parasitas e se proteger de predadores. Esse animal exerce uma função fundamental para o equilíbrio ambiental. Por ser o maior frugívoro brasileiro, ela atua como um eficiente dispersor de sementes, transportando-as a longas distâncias. Dessa forma, contribui para a regeneração natural das florestas e para a manutenção da biodiversidade, especialmente em ecossistemas da Mata Atlântica.

Entretanto, a anta encontra-se em situação preocupante. É classificada como “Vulnerável (VU)” tanto na lista de espécies ameaçadas do Estado de São Paulo quanto na da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Suas populações estão em declínio devido a diversos fatores, como a caça intensa, o desmatamento, a fragmentação dos habitats e até mesmo atropelamentos em áreas próximas a ferrovias e rodovias.

A relação da anta com seus filhotes é marcada por um cuidado maternal atento. A gestação é longa e resulta em apenas um filhote, o que torna a recuperação populacional da espécie bastante lenta. Essa baixa taxa reprodutiva, somada às ameaças externas, aumenta ainda mais sua vulnerabilidade à extinção.

 

JULHO | Elefante-asiático (Elephas maximus)

Crédito da imagem: Independent birds / Shutterstock

O elefante-asiático é o maior animal terrestre do continente asiático, com uma altura média de 2,5 metros nos ombros e peso que varia entre 3 e 4 toneladas. Os primeiros indícios do uso cativo de elefantes asiáticos datam do 3º milênio a.C., encontrados em gravuras da antiga Civilização do Vale do Indo, o que demonstra que esses animais convivem e trabalham lado a lado com os humanos há milhares de anos.

Eles têm o maior cérebro entre todos os mamíferos terrestres e é muito inteligente. Junto com os golfinhos e os grandes primatas, está entre os poucos animais que conseguem se reconhecer em um espelho, sinal claro de autoconsciência. Podem viver entre 60 e 70 anos, e apresentando baixa taxa de mortalidade na vida adulta.

Vivem em manadas sociais, compostas principalmente por fêmeas aparentadas e seus filhotes, e habitam desde pastagens abertas até florestas perenes densas. São grandes comilões, passando de 14 a 19 horas por dia se alimentando de folhas, frutas, cascas e raízes. Devido à quantidade de alimento ingerida, defecam entre 16 e 18 vezes por dia, o que desempenha um papel ecológico fundamental, seu esterco é uma rica fonte de fertilizante natural e um mecanismo essencial de dispersão de sementes, já que percorrem grandes distâncias em suas áreas de vida. Assim, ajudam a regenerar florestas e manter a diversidade vegetal, principalmente de plantas com sementes grandes, que só podem ser transportadas por animais de grande porte. Além disso, ao abrirem clareiras na floresta durante seus deslocamentos, estimulam a regeneração natural das árvores e o surgimento de novas áreas de vegetação.

O  elefante asiático está ameaçado de extinção. Desde 1986, encontra-se listado como “Em Perigo” na Lista Vermelha da IUCN, pois sua população diminuiu em pelo menos 50% nas últimas três gerações A perda de habitat, o desmatamento e os conflitos com humanos são as principais ameaças à sobrevivência da espécie.

A relação entre mães e filhotes é um dos aspectos mais comoventes da vida dos elefantes. As fêmeas atingem a maturidade reprodutiva entre 15 e 16 anos e passam por uma gestação de 22 meses, a mais longa entre todos os animais terrestres, dando à luz apenas um filhote por vez. As manadas são lideradas por uma fêmea mais velha, a matriarca, que guia o grupo e garante sua segurança. No momento do nascimento, todas as fêmeas da manada cercam a mãe para protegê-la e ajudar o filhote a ficar de pé. O recém-nascido pode mamar em várias fêmeas, e o período de amamentação dura de dois a quatro anos. Os laços familiares são fortes e duradouros, e os elefantes demonstram empatia, cuidado e cooperação dentro do grupo.

 

AGOSTO | Porco (Sus scrofa domesticus)

Crédito da imagem: Jozzei Macedo / Shutterstock 

Os porcos e os humanos têm uma relação antiga e fascinante. A domesticação do Sus scrofa, ancestral dos porcos modernos, ocorreu de forma independente há cerca de 9.000 a 10.000 anos, em dois locais distintos: na atual Turquia e na China central. Na China antiga, o porco assumiu uma importância cultural e simbólica tão grande que o caractere mandarim para “lar” ou “família” é formado pela figura de um porco dentro de uma casa.

Os porcos são animais muito inteligentes e sociais, possuem uma inteligência comparável à de uma criança humana, sendo considerados o quinto animal mais inteligente do mundo. São capazes de memorizar locais e objetos, encontrar o caminho de casa a longas distâncias e se comunicar por meio de mais de 20 tipos de grunhidos e gritos distintos, que expressam emoções como fome, medo ou desejo de companhia e são biologicamente, muito semelhantes aos humanos. São muito limpos: evitam defecar onde dormem ou se alimentam, e até leitões recém-nascidos procuram um local afastado do ninho para fazer suas necessidades. São onívoros verdadeiros, alimentando-se de uma grande variedade de plantas e pequenos animais, o que os torna altamente adaptáveis a diferentes ambientes.

O comportamento materno dos porcos também é notável. As porcas constroem ninhos para seus filhotes dentro de 24 horas após o parto, e cantam para os bebês enquanto amamentam, criando um forte vínculo afetivo. Os leitões dormem juntos, com o focinho encostado uns nos outros, demonstrando o comportamento social e o instinto de aconchego típico da espécie. Em média, nascem de 10 a 13 leitões por ninhada, e uma fêmea pode ter duas ninhadas por ano, o que explica sua rápida capacidade de reprodução.

Os porcos representam um elo profundo entre cultura, natureza e inteligência animal. Desde a pré-história até os dias atuais, acompanham a humanidade, adaptando-se aos diferentes ambientes e revelando um comportamento social e cognitivo muito mais complexo do que se imagina.

 

SETEMBRO | Ema (Rhea americana)

Crédito da imagem: Bildagentur Zoonar GmbH / Shutterstock  

A ema (Rhea americana) é uma ave nativa da América do Sul e considerada a maior ave brasileira. Apesar de não voar, utiliza suas grandes asas para equilibrar-se e mudar de direção enquanto corre, podendo atingir mais de 60 km/h. Mede entre 1,34 e 1,70 metros de altura e pesa até 34 quilos. Vive em campos abertos, cerrados, pampas, savanas e áreas agrícolas, sendo uma ave corredora e terrestre. Costuma formar bandos de 20 a 30 indivíduos e associar-se a animais como ovelhas, vacas e veados campeiros. É ativa durante o dia, descansa nas horas mais quentes e, quando ameaçada, foge em zigue-zague, abrindo as asas para parecer maior.

A ema é onívora e tem grande importância ecológica como dispersora de sementes e controladora de pragas agrícolas, alimentando-se de insetos e carrapatos que parasitam o gado. Contudo, enfrenta sérios riscos de extinção devido à caça, à destruição do habitat e ao uso de agrotóxicos. Em áreas de alta densidade populacional, suas populações têm diminuído drasticamente. A subespécie Rhea americana, que vivia no Nordeste, foi extinta localmente no século XX, sendo reintroduzida apenas em algumas regiões da Paraíba e do Rio Grande do Norte.

A reprodução da ema é peculiar, pois o macho é quem constrói o ninho, incuba os ovos e cuida dos filhotes. Durante o período reprodutivo, forma haréns com várias fêmeas, que depositam até 30 ovos por ninho. A incubação dura de 27 a 41 dias, e as crias são nidífugas, deixando o ninho logo após o nascimento e aprendendo rapidamente a se alimentar e se defender, o que reflete a resiliência e a adaptação dessa espécie aos desafios dos ambientes abertos sul-americanos.

 

OUTUBRO | Capivara (Hydrochoerus hydrochaeris)

Crédito da imagem: Isabela Nicoletti / Shutterstock

A capivara é o maior roedor vivo do mundo e um dos animais mais carismáticos da fauna sul-americana. Nativa da América do Sul, é um roedor herbívoro e semi-aquático, facilmente reconhecido pelo corpo robusto e pelos pelos ásperos e longos. Extremamente sociável e adaptável, tornou-se um símbolo da fauna urbana brasileira, convivendo harmoniosamente com humanos em parques e margens de rios. Essa convivência pacífica reflete sua capacidade de adaptação e resistência, mesmo diante da expansão urbana e da perda de habitat.

Vivendo em bandos liderados por um macho dominante, as capivaras são animais gregários e territoriais, organizando-se em grupos coesos com hierarquia bem definida. Excelentes nadadoras, refugiam-se na água sempre que ameaçadas, emitindo sons semelhantes a latidos para alertar o grupo. Sua dieta é composta por gramíneas, plantas aquáticas, frutos e sementes, e elas também roem cascas de árvores para desgastar seus dentes em constante crescimento.

Embora estejam classificadas pela IUCN no menor nível de ameaça à extinção, as capivaras enfrentam riscos crescentes devido ao desmatamento, urbanização e caça ilegal, motivada pela carne e pele valorizadas na indústria de couro. Durante a primavera, o macho dominante se reproduz com várias fêmeas, e cada uma dá à luz de três a oito filhotes, que já nascem desenvolvidos e permanecem sob a proteção do grupo. Com expectativa de vida entre 10 e 15 anos, a capivara continua sendo um símbolo de equilíbrio entre natureza e convivência humana, representando a força e a adaptabilidade da vida selvagem brasileira.

 

NOVEMBRO | Hipopótamo (Hippopotamus amphibius)

Crédito da imagem: Aaron Gekoski / World Animal Protection 

O hipopótamo é o terceiro maior mamífero do planeta, um gigante anfíbio nativo da África Subsaariana, é considerado um dos animais mais antigos conhecidos pelas civilizações humanas. Além de seu tamanho impressionante, possui uma característica curiosa: produz seu próprio “protetor solar”, uma secreção avermelhada com propriedades antibióticas e fotoprotetoras, que protege sua pele sensível contra o sol e infecções. Essa adaptação é essencial para sua sobrevivência sob o forte calor africano.

Esses animais vivem em rios, lagos e lagoas, ambientes que ajudam a manter sua pele sempre úmida, condição vital para evitar rachaduras. São semiaquáticos, passando o dia dentro d’água e saindo à noite para pastar gramas e vegetação terrestre. Mesmo com seu porte robusto, o hipopótamo é ágil tanto na água quanto em terra firme e pode atingir velocidades de até 30 km/h quando necessário.

Infelizmente, o hipopótamo comum está classificado pela IUCN como “vulnerável”, devido à caça ilegal (principalmente pelo marfim de seus dentes), e à perda de habitat. Restam apenas cerca de 115 mil a 130 mil indivíduos, concentrados no leste e sul da África. As fêmeas, que vivem em grupos com os jovens, têm gestação de oito meses e dão à luz um único filhote de cerca de 45 quilos, geralmente a cada dois anos, já que o período de lactação pode durar até 18 meses. Dedicadas, as mães amam e protegem os filhotes dentro e fora da água, garantindo que esses gigantes continuem a reinar silenciosamente nas savanas africanas.

DEZEMBRO | Baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae)

Crédito da imagem: Imagine Earth Photography / Shutterstock

A baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae) é uma verdadeira viajante dos oceanos, realizando uma das migrações mais longas do reino animal. Durante o verão no Hemisfério Sul, alimenta-se intensamente de pequenos crustáceos semelhantes a camarões, acumulando gordura suficiente para sustentar-se durante a jornada. Quando o inverno se aproxima e o alimento escasseia, essas gigantes, que podem medir até 16 metros e pesar 40 toneladas, migram cerca de 4.500 km das águas geladas da Antártida até as águas quentes e rasas do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos (BA), entre julho e novembro, onde acasalam e dão à luz seus filhotes. Cada jubarte possui um padrão único de pigmentação na nadadeira caudal, funcionando como uma verdadeira “impressão digital”. Além disso, os machos cantores produzem complexas melodias durante o período reprodutivo, um espetáculo natural que fascina pesquisadores e visitantes.

Apesar da recuperação populacional graças à proibição da caça e aos esforços de conservação, a espécie ainda enfrenta graves ameaças ambientais. A exploração de petróleo e gás próxima a áreas de reprodução, o branqueamento dos corais causado pelas mudanças climáticas e a pesca ilegal representam riscos ao ecossistema marinho e à sobrevivência das jubartes. A conservação de seus habitats é fundamental para garantir o equilíbrio ecológico e o futuro dessa espécie tão simbólica.

Os filhotes de baleia-jubarte nascem após 11 meses de gestação, medindo cerca de 4 metros e pesando 1 tonelada. Durante seus primeiros meses de vida, permanecem em águas quentes e calmas, onde mamam de até 100 litros de leite por dia e aprendem comportamentos essenciais para a sobrevivência. As mães demonstram um forte instinto protetor, interagindo com os filhotes por meio de toques e sons suaves, enquanto estes imitam seus movimentos e saltos. Com cerca de um ano, tornam-se independentes e iniciam, sozinhos, a longa viagem de volta à Antártida, perpetuando o ciclo natural dessa magnífica espécie.