Estamos no Haiti para ajudar até 100.000 animais afetados pelo furacão Matthew
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Entre as espécies mais afetadas estão cabras, vacas, galinhas e cães
A Proteção Animal Mundial está trabalhando principalmente nas regiões de Kenscoff e Petit Goave, onde mais de 670.000 animais foram impactados. O sudoeste do Haiti foi uma das áreas mais devastadas.
Famílias e produtores rurais ainda se recuperavam da destruição causada por um grande terremoto em 2010, quando foram atingidas por mais um desastre natural. “Os animais e as comunidades já estavam fragilizadas. Vão levar anos para se recuperar”, avalia o nosso veterinário em campo, o Dr. Jean F. Thomas.
A passagem do furacão Matthew pelo Haiti deixou pessoas e animais desesperados por ajuda.
Nossa equipe de desastres irá levar atendimento veterinário básico e realizar uma ampla campanha de vacinação em até 100.000 animais para evitar infecções graves, como carbúnculo e doença de Newcastle.
A expectativa é de que a ação ajude 5.000 famílias.
Principais ameaças aos animais
Expostos à chuva e ventos fortes, muitos animais agora enfrentam doenças respiratórias, vômitos e diarreia. Os que ficaram presos em locais úmidos ou atolados na lama desenvolveram problemas nas patas e cascos. Só nesta semana, por exemplo, a nossa equipe tratou diversos cavalos com fungos e dermatite.
Um dos casos mais marcantes foi o de um cavalo que passou três dias amarrado numa árvore, em uma região alagada pela tempestade. O animal estava preso quando o furacão passou e não conseguiu se soltar. Quando o encontramos, ele mal conseguia ficar em pé: tinha as patas inchadas e os cascos cobertos de feridas já infeccionadas. Assustado, o cavalo estava com tanta dor que tentava morder todas as pessoas que se aproximavam.
“Ele só ficou mais calmo depois que aplicamos uma anestesia local e começamos a tratar suas patas. Ele percebeu que estávamos tentando ajudar”, conta o Dr. Thomas, veterinário da Proteção Animal Mundial.
Com o tratamento, o cavalo felizmente não precisará amputar a pata.
Três cães no teto do galinheiro
Diversos dos animais que conseguiram sobreviver enfrentam agora desafios menos “visíveis”.
Um dos exemplos que partiu o coração da nossa equipe é o de três cães que moravam na mesma casa. “[Para se proteger da água] eles sentaram no teto de um galinheiro, bem acima do chão. Sabiam que não deviam se mover. Foi impressionante, os três sabiam que deviam ficar ali e esperar até que tudo acabasse".
No entanto, quando chegamos lá, eles estavam com medo e ficavam voltando para a mesma posição [no galinheiro], onde se sentiam seguros. "Dava para ver que, apesar de não terem se machucado fisicamente, eles estavam mentalmente abalados”, lamenta o Dr. Thomas.
O estresse para os animais durante um desastre natural é tão grande que muitas fêmeas sofreram abortos espontâneos. Entre elas, uma gatinha que sumiu por quatro dias e foi resgatada pela nossa equipe.
“É uma das coisas mais tristes. E a consequência disso é que perdemos a próxima geração de animais”, observa o veterinário.
Por que os animais são importantes
Um dos desafios da nossa equipe é também conscientizar sobre a importância dos animais.
“Existe uma conexão intensa entre os animais e as pessoas. Eles são considerados parte da família no Haiti. Mas toda a ajuda que recebemos é focada nas pessoas e os animais são abandonados – então estamos ensinando os voluntários o quanto eles também são importantes. Os animais são os companheiros das pessoas e muitas dependem economicamente deles. Eles também sofrem e sentem dor. Precisamos ajudá-los”, ressalta o Dr. Thomas.
O Ministério de Agricultura do Haiti agradeceu a ajuda da Proteção Animal Mundial aos animais do país.
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“Os animais são considerados parte da família no Haiti. Eles também sofrem e sentem dor.