Papagaio em cativeiro

Novo estudo pede cautela sobre o crescente comércio de papagaios criados em cativeiro

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Publicação da Conservation Biology questiona a eficácia da criação comercial de papagaios em cativeiro como estratégia para reduzir a captura de espécies selvagens e avalia que a prática aumenta a demanda sobre outras aves exóticas

Estudo conduzido por pesquisadores da World Parrot Trust e da Proteção Animal Mundial destaca lacunas significativas de conhecimento e armadilhas potenciais na criação comercial de papagaios com a finalidade de diminuir a captura de espécies nos habitats de origens. O relatório alerta que as práticas atuais não são uma solução de conservação direta e podem, na realidade, ameaçar ainda mais as populações de papagaios selvagens.

A análise de uma amostra de 16 espécies de papagaios ameaçadas que são fortemente comercializadas ou sofreram declínios populacionais devido ao comércio, os pesquisadores buscaram fornecer uma compreensão completa em diferentes grupos taxonômicos, histórico de vida e de regiões nativas.

"Nos últimos anos, a criação em cativeiro de papagaios para o comércio de animais de estimação exóticos aumentou drasticamente. Embora essa prática tenha sido proposta, e muitas vezes assumida, como um método viável para reduzir a captura de papagaios selvagens, nossa pesquisa revelou que ainda falta conhecimento sobre os impactos reais de tais práticas de criação”, afirma Alisa Davies, autora principal do estudo.
Uma das descobertas é que a demanda por papagaios capturados na natureza pode variar, dependendo da espécie e do contexto.  Entre as informações que os pesquisadores sentem falta para avaliar se a criação comercial diminuiria a captura das aves nos habitats de origem são dados quantitativos sobre a produtividade das práticas de criação comercial, particularmente em mercados em expansão, como a Ásia, além da viabilidade financeira da criação em cativeiro.

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“Uma descoberta importante do estudo foi a complexidade das interações no comércio entre diferentes espécies. É essencial considerar as ligações cruzadas entre o comércio de diferentes espécies para evitar facilitar, inadvertidamente, o comércio ilegal e insustentável. Sabemos que aumentar a oferta de uma espécie pode estimular a demanda e levar as pessoas a demonstrarem interesse para outras espécies mais raras”, avalia o Dr. Rowan Martin, autor sênior do estudo e Diretor de Programas de Comércio de Aves do World Parrot Trust.

“Mesmo que o bem-estar animal e os riscos à saúde pública associados à criação comercial de papagaios em cativeiro sejam completamente deixados de lado, a prática levanta sérias preocupações em uma perspectiva de conservação. Nosso estudo destaca que a rápida expansão da criação de papagaios e o potencial afrouxamento das restrições comerciais para algumas espécies altamente ameaçadas que estão ocorrendo em alguns países correm o risco de piorar os desafios de conservação, tornando crucial para os formuladores de políticas reconsiderarem seriamente a viabilidade da prática como uma ferramenta de conservação”, explica o Dr. Neil D'Cruze, coautor e Chefe de Pesquisa de Vida Silvestre da Proteção Animal Mundial. 

 

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Manifesto “Em defesa da Vida Silvestre”

“Defaunação, não! Refaunação, já!”

Este é um pedido para colocarmos fim à defaunação no Brasil.


Pedimos licença para falar pelos animais silvestres e expor o conjunto de ameaças que acontece dentro de seus habitats naturais.

Elas são muitas e chegam por todos os lados. A partir do momento que os humanos invadem áreas naturais e modificam os ecossistemas, devem se responsabilizar pelos impactos que trazem aos seus habitantes.

O desmatamento é a principal causa da perda de habitats no Brasil. Por meio dele não perdemos só árvores, mas destruímos também o lar e a vida de inúmeros animais. 

Neste momento, está acontecendo uma enorme perda de áreas naturais habitáveis em todos os biomas brasileiros, em especial na Amazônia e no Cerrado – que concentraram 85% do desmatamento do país nos últimos cinco anos, segundo dados do Mapbiomas.

E tem mais: 97% de toda essa área desmatada foi para uso da agropecuária. Florestas, campos e savanas, com as milhões de espécies que abrigam, estão sendo convertidos em monoculturas e pasto, acabando com sua biodiversidade.

Após o desmate, outras agressões ambientais aprofundam as ameaças aos animais silvestres. Como no caso das queimadas para a limpeza de terras que muitas vezes saem de controle e queimam novas áreas nativas, levando à carbonização, asfixia e queima de ninhos e tocas de milhares de espécies, como araras e lobos-guará, afugentando todos os animais que ali vivem e não é só isso.

Após toda devastação e destruição, vem a contaminação por agrotóxicos em lavouras estabelecidas.

Pressionada por esse conjunto de ações humanas que destroem seus habitats, a fauna silvestre, quando não se vê aprisionada em pequenos fragmentos de mata, é expulsa de seus locais de abrigo e alimentação ou obrigada a se deslocar, ficando exposta a atropelamentos em rodovias, ao tráfico de animais, aos conflitos com humanos, à fome e sede.

De acordo com o CBEE (Centro Brasileiro de Estudos de Ecologia de Estradas), estima-se que 15 animais silvestres morram atropelados por segundo no Brasil... Outros tantos, como antas, tamanduás e lobos-guará, para além dos insetos como abelhas e borboletas, adoecem ou morrem envenenados pelos agrotóxicos.

Fugir de seus lares em busca de sobrevivência faz com que os animais fiquem ainda mais vulneráveis à caça e ao comércio de silvestres, que é outra grande ameaça à fauna, sendo legalizado ou não.

Animais silvestres não nasceram para serem transformados em animais de estimação, tampouco para atenderem ao prazer sádico pela caça esportiva ou para entretenimento e selfies.

Infelizmente, a caça de silvestres no Brasil corre risco de ser legalizada, aumentando ainda mais a pressão que vem ocorrendo nos biomas brasileiros.

Os animais não são produtos para serem comercializados. Não podemos deixar que a nossa fauna seja caçada e comercializada para qualquer finalidade.

Nem prisioneiros nem refugiados

A fauna silvestre precisa de ambientes seguros, saudáveis e com espaço suficiente para existir. Como prevê a Constituição Federal, no artigo 225: é proibido práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem extinção ou que submetam os animais à crueldade.

Para além de suas funções ecológicas, os animais também são seres sencientes, dotados de sentimentos, inteligência e autonomia. Eles são sujeitos de direitos e não objetos, como muitas legislações brasileiras passaram a reconhecer.

Entre seus direitos, está o da liberdade e o de viver plenamente de acordo com seus comportamentos naturais – e não como animais de estimação.

O desmatamento, a agropecuária industrial e o comércio de animais prejudicam o bem-estar animal e têm levado à defaunação, que é a perda de animais silvestres nos seus habitats naturais.

Refaunação já!

Atuamos para que os animais silvestres vivam em seus habitats, livres da exploração comercial e de ameaças, podendo expressar seus comportamentos naturais. Mas não basta apenas interromper a destruição ou restaurar áreas já desmatadas.

É preciso refaunar e trazer de volta os animais para as florestas!

Florestas vazias não conseguem se manter e prosperar de forma saudável. As soluções para isso já existem.

Por isso, defendemos:

Priorizar a restauração de áreas degradadas para corredores ecológicos da fauna, revertendo a fragmentação de habitats e o isolamento das espécies;

Substituir o modelo agroindustrial baseado em monoculturas e agrotóxicos pela agrofloresta e agroecologia, com uso de bioinsumos, para uma convivência mais harmoniosa e saudável da produção de alimentos com a fauna silvestre;

Tornar obrigatório as passagens de fauna nas rodovias brasileiras;

Incentivar e estruturar o turismo de observação de animais nos roteiros de ecoturismo e turismo regenerativo como alternativas econômicas sustentáveis para comunidades locais, sem a exploração comercial das espécies;

Aprimorar as leis brasileiras para que reconheçam os animais como sujeitos de direitos, sencientes e não objetos.
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