10 caminhos para os governos reduzirem efeitos da pecuária industrial intensiva na nossa saúde

15/04/2022

De acordo com a perspectiva de Saúde Única, medidas que asseguram bem-estar de animais em sistemas de produção por si só já geram grandes benefícios simultâneos também para a saúde humana e ambiental

Preocupação local

No Brasil, o tema da resistência antimicrobiana é uma das principais linhas de trabalho da equipe local da Proteção Animal Mundial atualmente. Ela é foco da campanha “Haja Estômago!” de informação e conscientização sobre o problema.

De acordo com os estudos mais recentes, cerca de 1,3 milhão de mortes em todo mundo são relacionadas à gradual perda de eficácia dos medicamentos atuais para combater doenças microbianas (causadas por bactérias, vírus, fungos e parasitas). As fontes do problema são diversas, mas a pecuária industrial intensiva usa hoje cerca de 75% da produção mundial de antibióticos e tem papel central no agravamento dos riscos.

O uso de antibióticos na produção animal é inadequado quando acontece de forma rotineira (frequente), profilática (preventiva) e maciça (em rebanhos inteiros). O ideal é que seja pontual e em indivíduos específicos com uma infecção constatada. Também é inadequado o uso quando objetiva acelerar o crescimento dos animais. Esses usos são problemáticos porque contribuem para o processo de seleção de bactérias cada vez mais resistentes aos medicamentos. Na Europa, por exemplo, já existem normas bastante restritivas quanto a tais usos indiscriminados.

A Proteção Animal Mundial prega que os animais de produção devem ser criados em sistemas livres de crueldade, humanos e sustentáveis, nos quais suas necessidades sejam totalmente atendidas. Isso garante que eles sejam mais resistentes a doenças, e que a dosagem de rotina de antibióticos não seja necessária.