Tropical birds in a cage

3 motivos pelos quais você não deve comprar um pássaro

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As aves não são animais de estimação e sofrem em cativeiro.

No Brasil, sabemos que não é tão difícil (infelizmente) de encontrar aves criadas como animais de estimação. Isso porque milhões de aves são criadas em cativeiro ou capturadas da natureza para servirem como pets.

Alguns são vendidos online por milhares de dólares, outros são comercializados em petshops. Mas a lógica é simples: se eles não estão na natureza, eles estão em sofrimento.

Por isso, separamos as três principais razões pelas quais você nunca deve comprar um pássaro.

1. Aves são animais silvestres

Não importa se nasceram em cativeiro ou na natureza - as aves são animais selvagens, com necessidades físicas e psicológicas complexas.

Na natureza, o habitat delas pode se estender por quilômetros. Em uma casa humana, eles têm uma pequena fração desse espaço. A gaiola padrão de uma ave, por exemplo, é 27 milhões de vezes menor do que o alcance de um periquito Quaker na natureza. 

Macaws in captivity at a breeding facility in Rio de Janeiro, Brazil - World Animal Protection

A maioria das espécies de aves nasce para voar. A fuga é um comportamento fundamental e crítico para o seu bem-estar físico e psicológico. Quando estão confinadas em gaiolas ou quatros, elas ficam frustradas e estressadas.

Muitas aves em cativeiro exibem comportamentos estereotipados (comportamentos que os animais não têm na natureza, o que demonstra que estão estressadas), como arrancar suas próprias penas, andar de um lado para o outro e bicar obsessivamente as barras da gaiola. 

2. Aves precisam de outras aves

As aves são animais sociais e não têm todas as suas necessidades sociais atendidas em cativeiro - mesmo quando estão alojadas em pares. Como eles geralmente são comprados individualmente, isso significa que um pássaro que nasceu para o bando fica sem nenhum outro para companhia.

Dois papagaios-cinzentos africanos na natureza

A falta de socialização é outra razão pela qual as aves mantidas como pets se envolvem em comportamentos compulsivos destrutivos, como arrancar as penas.

African grey parrot

3. O comércio legalizado não combate o tráfico no Brasil

60% das espécies mais traficadas em São Paulo são as mesmas encontradas na criação legalizada. Ou seja, a criação e a venda legalizadas incentivam essa prática cruel porque aumentam a procura por essas espécies, colocando em risco as populações de animais que estão livres na natureza.

papagaios-apreendidos-prf-brasil

Filhotes de papagaio-verdadeiro apreendidos pela Polícia Rodoviária Federal. Foto: Divulgação.

Outro problema que envolve a criação legalizada de animais silvestres é o envolvimento direto desta prática com o tráfico de fauna. Nosso relatório "Crueldade à venda" revelou que existem muitos casos de fraudes em que os criadores “esquentam” animais recebidos do tráfico para parecer que nasceram em cativeiro.

A compra de animais silvestres em criadores legalizados nem sempre é uma garantia que o animal tenha nascido em cativeiro. Legal ou ilegal, eles sofrem. Não compre.

Não abandone os animais 

Se você já tem um animal silvestre sob sua guarda, não o abandone, nem solte na natureza. Isso porque, antes de voltar ao seu habitat natural, o animal precisa passar por uma avaliação de suas condições físicas e comportamentais para definir o seu destino. 

Veja aqui qual é a melhor forma de entregar com segurança animais silvestres que são mantidos como animais de estimação.

60% das espécies mais traficadas em São Paulo são as mesmas encontradas na criação legalizada.

Junte-se a nós para salvar nossa fauna

Assine o manifesto em defesa da vida silvestre.

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Manifesto “Em defesa da Vida Silvestre”

“Defaunação, não! Refaunação, já!”

Este é um pedido para colocarmos fim à defaunação no Brasil.


Pedimos licença para falar pelos animais silvestres e expor o conjunto de ameaças que acontece dentro de seus habitats naturais.

Elas são muitas e chegam por todos os lados. A partir do momento que os humanos invadem áreas naturais e modificam os ecossistemas, devem se responsabilizar pelos impactos que trazem aos seus habitantes.

O desmatamento é a principal causa da perda de habitats no Brasil. Por meio dele não perdemos só árvores, mas destruímos também o lar e a vida de inúmeros animais. 

Neste momento, está acontecendo uma enorme perda de áreas naturais habitáveis em todos os biomas brasileiros, em especial na Amazônia e no Cerrado – que concentraram 85% do desmatamento do país nos últimos cinco anos, segundo dados do Mapbiomas.

E tem mais: 97% de toda essa área desmatada foi para uso da agropecuária. Florestas, campos e savanas, com as milhões de espécies que abrigam, estão sendo convertidos em monoculturas e pasto, acabando com sua biodiversidade.

Após o desmate, outras agressões ambientais aprofundam as ameaças aos animais silvestres. Como no caso das queimadas para a limpeza de terras que muitas vezes saem de controle e queimam novas áreas nativas, levando à carbonização, asfixia e queima de ninhos e tocas de milhares de espécies, como araras e lobos-guará, afugentando todos os animais que ali vivem e não é só isso.

Após toda devastação e destruição, vem a contaminação por agrotóxicos em lavouras estabelecidas.

Pressionada por esse conjunto de ações humanas que destroem seus habitats, a fauna silvestre, quando não se vê aprisionada em pequenos fragmentos de mata, é expulsa de seus locais de abrigo e alimentação ou obrigada a se deslocar, ficando exposta a atropelamentos em rodovias, ao tráfico de animais, aos conflitos com humanos, à fome e sede.

De acordo com o CBEE (Centro Brasileiro de Estudos de Ecologia de Estradas), estima-se que 15 animais silvestres morram atropelados por segundo no Brasil... Outros tantos, como antas, tamanduás e lobos-guará, para além dos insetos como abelhas e borboletas, adoecem ou morrem envenenados pelos agrotóxicos.

Fugir de seus lares em busca de sobrevivência faz com que os animais fiquem ainda mais vulneráveis à caça e ao comércio de silvestres, que é outra grande ameaça à fauna, sendo legalizado ou não.

Animais silvestres não nasceram para serem transformados em animais de estimação, tampouco para atenderem ao prazer sádico pela caça esportiva ou para entretenimento e selfies.

Infelizmente, a caça de silvestres no Brasil corre risco de ser legalizada, aumentando ainda mais a pressão que vem ocorrendo nos biomas brasileiros.

Os animais não são produtos para serem comercializados. Não podemos deixar que a nossa fauna seja caçada e comercializada para qualquer finalidade.

Nem prisioneiros nem refugiados

A fauna silvestre precisa de ambientes seguros, saudáveis e com espaço suficiente para existir. Como prevê a Constituição Federal, no artigo 225: é proibido práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem extinção ou que submetam os animais à crueldade.

Para além de suas funções ecológicas, os animais também são seres sencientes, dotados de sentimentos, inteligência e autonomia. Eles são sujeitos de direitos e não objetos, como muitas legislações brasileiras passaram a reconhecer.

Entre seus direitos, está o da liberdade e o de viver plenamente de acordo com seus comportamentos naturais – e não como animais de estimação.

O desmatamento, a agropecuária industrial e o comércio de animais prejudicam o bem-estar animal e têm levado à defaunação, que é a perda de animais silvestres nos seus habitats naturais.

Refaunação já!

Atuamos para que os animais silvestres vivam em seus habitats, livres da exploração comercial e de ameaças, podendo expressar seus comportamentos naturais. Mas não basta apenas interromper a destruição ou restaurar áreas já desmatadas.

É preciso refaunar e trazer de volta os animais para as florestas!

Florestas vazias não conseguem se manter e prosperar de forma saudável. As soluções para isso já existem.

Por isso, defendemos:

Priorizar a restauração de áreas degradadas para corredores ecológicos da fauna, revertendo a fragmentação de habitats e o isolamento das espécies;

Substituir o modelo agroindustrial baseado em monoculturas e agrotóxicos pela agrofloresta e agroecologia, com uso de bioinsumos, para uma convivência mais harmoniosa e saudável da produção de alimentos com a fauna silvestre;

Tornar obrigatório as passagens de fauna nas rodovias brasileiras;

Incentivar e estruturar o turismo de observação de animais nos roteiros de ecoturismo e turismo regenerativo como alternativas econômicas sustentáveis para comunidades locais, sem a exploração comercial das espécies;

Aprimorar as leis brasileiras para que reconheçam os animais como sujeitos de direitos, sencientes e não objetos.
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