Chamado global pelo fim da indústria pecuária na Semana do Clima de Nova Iorque
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Nossa atuação contou com discussões, ações de conscientização e participação do lançamento do relatório pela transição alimentar justa, em parceria com outras organizações
Mais uma vez, fizemos parte da tradicional Semana do Clima de Nova Iorque, que acontece anualmente no fim de setembro, desta vez com a presença do escritório brasileiro. Através de painéis, lançamento de relatório e ações nas ruas da cidade, mostramos que é possível e urgente acabar com a pecuária industrial, optando por uma produção e consumo de alimentos mais sustentável.
“A produção de alimentos à base de produtos animais é uma das atividades que mais contribui para as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em todo o mundo. No Brasil, a agropecuária e o desmatamento consequente são responsáveis por 74% das emissões, tendo a brasileira JBS como o principal nome do setor”, explica Karina Rie Ishida, coordenadora de sistemas alimentares da Proteção Animal Mundial, que participou do evento denunciando os danos do avanço da indústria agropecuária no nosso país.
O cenário é desesperador, mas a solução já existe: mais agricultura e menos negócio; menos agropecuária e mais agroecologia. A pauta alimentar foi um dos temas centrais na programação, que incluiu o lançamento de um relatório para conectar a transição justa da produção de alimentos às metas climáticas globalmente.
Exija que a JBS pare de financiar o desmatamento
Fim à pecuária industrial
Com o lema "Está na Hora", a Semana do Clima de Nova Iorque (Climate Week NYC) reuniu mais de 1.000 líderes influentes na economia, nos governos e na agenda climática para discutir temas-chaves, como a adoção de práticas mais sustentáveis por grandes produtores de carne, com um plano ambicioso para zerar suas emissões e eliminar o desmatamento. Mas não é o que temos visto. Pelo contrário.
Apesar do seu longo histórico de violações ambientais e corrupção, a JBS tenta listar suas ações na bolsa de valores dos Nova Iorque para ampliar a sua atuação, o que tem sido fortemente reprovado, à exemplo da Procuradoria-Geral de Nova Iorque, que entrou com processo contra empresa no início do ano, sob acusação de “greenwashing”.
Diariamente, a JBS abate mais de 13 milhões de frangos, 128 mil suínos e 77 mil bovinos. Para sustentar essa larga escala, a empresa adquire grandes volumes de insumos, como milho e soja, muitas vezes de origem em áreas recentemente desmatadas, o que vem contribuindo para a degradação dos biomas no Brasil.
Na noite de 23 de setembro, fomos anfitriões de um coquetel com refeições à base de plantas, em parceria com a Plantega, onde foram apresentados os principais problemas da pecuária industrial, como:
- Sofrimento animal: A produção de alimentos de origem animal causa sofrimento intenso aos animais criados em fazendas industriais, além de causar sofrimento também no meio silvestre quando desmata e, por vezes, queima para implantar suas atividades.
- Destruição ambiental: A pecuária é uma das principais causas de desmatamento, poluição da água e perda de biodiversidade.
- Problemas de saúde: A indústria da carne contribui para a propagação de doenças e a contaminação de alimentos, além de contribuir para o aumento da resistência a antibióticos da população humana, dificultando uma série de tratamentos.
- Injustiça social e violência no campo: As comunidades mais vulneráveis são as mais afetadas pelos impactos negativos da pecuária industrial.
Uma Transição Alimentar Justa
No dia 24 de setembro, foi lançado o tão esperado relatório “Uma Transição Alimentar Justa”, desenvolvido por 72 organizações de 35 países, incluindo a Proteção Animal Mundial, apresentado no painel "Coordenando uma Transição Global para uma Alimentação Justa", com a presença de Natália Figueiredo, nossa gerente de políticas públicas.
“O relatório é um roteiro para que a sociedade civil acorde o que entende por uma transição dos sistemas alimentares e cobre nossos governantes pela adoção de práticas e modelos mais sustentáveis na produção de alimentos, que é ao mesmo tempo o problema e a solução para a crise climática”, explica Natália. “Com o apoio da sociedade para cobrar os formadores de políticas, é possível transformar nossos sistemas alimentares com a agroecologia, que garante equilíbrio climático, segurança e soberania alimentar, saúde pública, respeito aos direitos humanos e dos animais.”
Principais pontos do relatório:
- Fortalecer a governança: Promover transparência e desafiar o controle das grandes corporações, valorizando soluções locais.
- Práticas agroecológicas: Garantir soberania alimentar, proteger o meio ambiente e promover o bem-estar animal.
- Dietas sustentáveis: Reduzir o consumo de carne e laticínios em países com alta demanda, beneficiando a nossa saúde e a do planeta.
E você pode ajudar no combate à crise climática. Assine a nossa petição e exija que a JBS pare de financiar o desmatamento.