Vista aérea de drones da fronteira do território do Parque Indígena do Xingu e grandes fazendas de soja na floresta amazônica, Brasil.

Estado de Nova Iorque processa JBS

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A procuradora-geral Letitia James está processando a JBS USA por enganar os consumidores sobre as emissões de gases de efeito estufa.

A Procuradora-Geral de Nova Iorque, Letitia James, entrou com um processo contra a JBS USA Food Company e a JBS USA Food Company Holdings (JBS USA) por enganar o público sobre seu impacto ambiental.  

A alegação é de que a subsidiária americana de uma das maiores produtoras de carne bovina do mundo está enganando os consumidores sobre seu imapacto ambiental ao afirmar sua intenção de atingir zero emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2040, já que a empresa não tem um plano claro para atingir este objetivo e ainda planeja continuar expandindo sua atuação. 

De acordo com nota do Gabinete da Procurador, o Grupo JBS reportou emissões de mais de 71 milhões de toneladas de gases de efeito estufa – mais do que as emissões totais de muitos países – e afirma que a JBS USA fez "várias alegações enganosas sobre seu impacto ambiental". 

Essas declarações enganosas e de greenwashing1, que incluem ainda afirmações referentes a contenção do desmatamento na Amazônia e redução de suas emissões de gases de efeito estufa, continuaram a ser divulgadas pela JBS USA, apesar do alerta da Better Business Bureau’s National Advertising Division (NAD) - entidade independente e não-governamental que avalia a veracidade e a precisão da publicidade nos Estados Unidos.  

"A JBS é conhecida por fazer afirmações enganosas e disfarçar a destruição por trás de suas operações. Em 2023, divulgamos resultados que ligam a JBS à grilagem ilegal de terras e ao desmatamento no Brasil, demonstrando seu contínuo desrespeito às comunidades locais, ao meio ambiente e aos animais. Aplaudimos a procuradora-geral Letitia James por responsabilizar uma das maiores produtoras de carne do mundo e por se recusar a deixar a JBS se esconder atrás de falsas alegações. Todos nós podemos participar da construção de um sistema alimentar melhor, adotando um consumo consciente, reduzindo o consumo de proteína animal e optando por produtos com selo de bem-estar animal”, comenta Marina Cobra Lacôrte, Gerente de Campanhas de Sistemas Alimentares da Proteção Animal Mundial.

Exija que a JBS pare de financiar o desmatamento

Relatório aponta a JBS como a principal responsável pelas mudanças climáticas 

Nosso relatório "Ranking dos vilões da pecuária", lançado em 2023, mostrou que a produção de suínos e frangos da JBS, sozinha, causa emissões equivalentes a 14 milhões de carros nas ruas a cada ano, o que é mais do que o dobro do segundo maior emissor da pecuária industrial.  

Para se ter uma ideia, a produção de frangos e suínos da JBS emite mais gases do efeito estufa do que todos os carros de Nova Iorque e quase três vezes a de carros do Rio de Janeiro anualmente. 

Isso sem mencionar a produção de carne bovina, que foi especificamente destacada pelo gabinete da procuradora-geral Letitia James, que tem sua significativa contribuição para as mudanças climáticas globais  ao ser a principal impulsionadora do desmatamento nas florestas tropicais e por emitir  mais gases de efeito estufa do que qualquer outra grande commodity alimentar. 

A Agência de Proteção Ambiental (da sigla em inglês EPA) afirmou em seu relatório de 2024 que "o gado de corte continua sendo o maior contribuinte para as emissões de CH4 através da fermentação entérica2, representando 71% em 2022". Além disso, 3,2 bilhões de acres de terra são usados para criar as cerca de 1,5 bilhão de vacas do planeta, cerca de 25% de toda a terra usada para agricultura.   

Apesar disso, o Grupo JBS e a JBS USA continuaram a fazer afirmações sobre a sustentabilidade da carne bovina. O próprio CEO do Grupo prometeu ao público da Semana do Clima de Nova Iorque que pretendia “tornar a operação da JBS Net Zero até 2040” e que “carne com emissão zero é possível."  

A política atual da JBS permite o desmatamento ilegal da região amazônica até 2025 e o desmatamento legal globalmente por mais dez anos. Mesmo com tais políticas em vigor, sua capacidade de garantir a conformidade dentro de sua enorme cadeia de suprimentos é reduzida.  

Simplificando: a promessa da JBS é vazia enquanto a empresa continuar produzindo e aumentando sua operação de produtos de origem animal.  

Os escândalos da JBS 

Esta não é a primeira vez que a gigante brasileira da carne ou suas divisões internacionais são pegas em polêmicas, corrupção e fraude.  

Em 2017, a Polícia Federal brasileira prendeu executivos da JBS e também investigou a BRF, frigorífico número um do mundo. Batizada de "Operação Carne Fraca", a investigação revelou mais de 40 incidentes de frigoríficos subornando políticos e fiscais para ignorar condições insalubres e práticas perigosas.  

As autoridades também descobriram que cabeças de porcos esmagadas eram misturadas em salsichas, papelão era adicionado à carne de frango moída e que produtos químicos eram injetados na carne para esconder o cheiro de podre. As empresas também estavam injetando água na carne para aumentar seu peso de mercado, fazendo com que os consumidores pagassem mais por menos produto.  

Após o escândalo, vários países implementaram proibições comerciais à indústria de carnes do Brasil.  

Em 2022, as fábricas da JBS nos EUA estavam ligadas ao uso ilegal de trabalho infantil, com crianças de até 13 anos trabalhando em turnos de limpeza noturna.  

Fica claro que a indústria da carne não se preocupa em enganar os seus clientes. Mas são os animais que pagam o preço final, já que a grande maioria deles sofre a vida inteira em fazendas industriais. Em todo o mundo, o Grupo JBS abate 13 milhões de galinhas, 128 mil porcos e 77 mil vacas todos os dias. 

Ajude-nos a acabar com isso 

É urgente que a JBS tome medidas concretas para limpar sua cadeia de fornecedores de uma vez por todas. 

O futuro dos animais, de nosso planeta e das pessoas está em jogo. 

Assine a nossa petição e exija que a JBS assuma sua responsabilidade na destruição de habitats. 

Assine a petição!

Assinatura recebida. Obrigada!

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1Omissão de informações sobre os reais impactos das atividades de uma empresa no meio ambiente. 

2A fermentação entérica é um processo no qual microrganismos no intestino grosso quebram carboidratos não digeridos, produzindo ácidos graxos, gases (incluindo metano) e outros compostos. Essa atividade é crucial para a saúde intestinal, embora desequilíbrios na microbiota possam levar a complicações digestivas e de saúde, além de contribuir para a emissão de gases do efeito estufa. 

Saiba mais